Lília Cabral: “Meu pai me culpou pelo câncer da minha mãe”
Em entrevista, ela revelou que o pai sempre foi contra seu sonho de ser atriz e que a culpou pela morte da mãe.
Em entrevista concedida à Folha de S.Paulo, e publicada neste domingo (5), a atriz paulistana Lília Cabral, de 60 anos, confessou que teve que bater de frente e enfrentá-lo para colocar em prática o desejo de ser atriz. “Eu era muito reprimida pelo meu pai. Havia um impedimento de eu ser o que eu gostaria de ser. Eu lembro que eu assistia às novelas e ficava me imaginando o tempo inteiro no lugar da Dina Sfat, da Glória Menezes“, relembra.
A atriz também afirmou que o processo de sair de casa, aos 26 anos, foi extremamente doloroso: Lília se mudou de São Paulo para Rio, em busca de realizar seu sonho. Hoje, com 40 anos de profissão e depois de ter marcado presença em mais de vinte novelas, sendo “A Força do Querer” a última, ela relembra com pesar o árduo processo. “Quando eu voltei [a São Paulo], meu pai falou: ‘Olha, você quer morar no Rio, quer fazer sua vida, quer ser atriz. Então, eu não quero mais que você entre na minha casa‘. E eu nunca mais entrei. Cada vez que eu queria ver minha mãe, eu tinha que combinar de vê-la na casa da minha tia, e meu pai eu não via. Mas minha mãe ficou doente [de câncer]. Aí eu voltei. Mesmo assim, o encontro foi horrível, porque meu pai me culpou pela doença dela. [Dizia] que “o sofrimento todo que ela teve”… Quer dizer, ele foi quem proporcionou esse sofrimento“, explica. A mãe de Lília faleceu seis meses depois e seu pai a culpou por tudo.
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A paulistana também revelou que, apesar de ter sido extremamente difícil carregar por tanto tempo a culpa colocada em seus ombros pela morte da mãe pelo próprio pai, o perdoou. “Sobrou meu pai, só que depois daquela mágoa, daquela forma repentina de me anular da vida deles, fica muito difícil a gente ter alguma coisa, assim, de coração. Mesmo assim, eu jamais abandonei. Trazia meu pai pra cá, levava para as peças. Aí ele começou a ter orgulho, bastante. A gente entende, a gente perdoa, mas é difícil limpar o coração totalmente. Humanamente, acho que é até normal a gente sentir alguma dor. Poxa, se não tivesse feito isso, a vida da gente poderia ter sido outra”, confessa.
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Hoje, sua filha, Giulia Figueredo, de 20 anos, está seguindo os mesmos passos da mãe. “Por muito tempo, ela não falava. Ela vivia tudo aquilo comigo desde pequena, e ficava tolhida de dizer que queria ser atriz, porque todo mundo falava assim: “Ah, quer ser atriz porque a mãe é”. Quando ela conseguiu, eu falei: ‘Você quer! Você tem que falar!’ Quando alguém pergunta ‘Ah, você vai seguir a profissão da sua mãe?‘, você fala assim: ‘Vou, porque eu gosto. Porque eu quero!‘, conta. Hoje, orgulhosa de si mesma, Lília olha para trás e diz não se arrepender do que fez, foram inúmeros os desafios e as dificuldades, mas deu certo. “Eu remei, remei, remei, e consegui de fato. E não posso negar. Mas muitas vezes as pessoas não me viam como eu queria que vissem. Hoje, eu não me preocupo. Eu vou atrás daquilo que quero fazer. E acho que vou ficar bem velhinha e vou estar lá colorindo [grifando] meus textos e fazendo deles quase que uma instalação [rindo]”, finaliza.