Com uma sequência de quatro entrevistas com os candidatos melhores posicionados nas pesquisas feitas pelo DataFolha, que começou com Ciro Gomes (PDT) e terminou com Marina Silva (Rede), o debate presidencial proporcionado pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, foi extremamente polêmico, especialmente quando o participante da vez foi Jair Bolsonaro (PSL).
Sentado à frente de William Bonner e Renata Vasconcellos, Jair foi questionado sobre desigualdade de gênero. A jornalista começou apontando ao candidato um fato preocupante, principalmente para as mulheres: elas tendem a ganhar 25% a menos do que os homens, ainda que exerçam o mesmo cargo que eles, segundo o IBGE. Logo em seguida, Renata perguntou quais seriam as propostas do governante para combater essa injustiça que acomete o público feminino.
Para se defender, Bolsonaro questionou Vasconcellos sobre o porquê do Ministério Público do Trabalho não ser indagado sobre isso e, então, expôs aquilo que foi o estopim para o confronto direto entre ele a jornalista. “Estou vendo aqui uma senhora e um senhor. Não sei ao certo, mas, com certeza, há uma diferença salarial aqui. Parece que é muito maior para ele do que para a senhora. São cargos semelhantes, mas não iguais”.
Renata estendeu as mãos para que Bonner desse a palavra a ela e disse que interromperia os dois já que precisava esclarecer uma questão sobre o que estava sendo dito sobre o seu salário. “Eu poderia como cidadã, e como qualquer cidadão brasileiro, fazer questionamentos sobre os seus proventos porque o senhor é um funcionário público, deputado há 27 anos, e eu, como contribuinte ajudo a pagar o seu salário. O meu salário não diz respeito a ninguém. E eu posso garantir ao senhor, como mulher, que eu jamais aceitaria receber um salário menor de um homem que exercesse as mesmas funções e atribuições que eu”, afirmou.
Para entender o posicionamento da TV Globo sobre o caso, a revista EXAME entrou em contato e a questionou sobre o assunto. Foi explicado que, mesmo que as políticas internas salariais não sejam divulgadas, o foco da emissora é incentivar o princípio de igualdade dentro das relações de trabalho.
Veja o comunicado oficial na íntegra:
“A Globo está em linha com as melhores práticas de remuneração e valorização dos talentos do mercado. Não comentamos políticas internas, mas podemos afirmar que zelamos pelo cumprimento integral da CLT, que assegura o princípio da isonomia nas relações de trabalho. Além disso, recordamos que lançamos, há dois anos, a plataforma ‘Tudo começa pelo Respeito’, em parceria com UNESCO, UNICEF, UNAIDS e ONU MULHERES, que atua na mobilização da sociedade para o fortalecimento de uma cultura que não apenas tolere, mas respeite e discuta amplamente os direitos de públicos vulneráveis à discriminação e ao preconceito, reduzindo as desigualdades sociais.”