“Abri o baú e conheci essa pessoa incrível
que ela foi”, diz o ator sobre a avó
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O Brasil inteiro acompanhou a carreira polêmica de Maysa pelas revistas e jornais da época. No entanto, dentro da família, tudo era tratado com discrição. E foi só agora, aos 23 anos, que Jayme Matarazzo conheceu de verdade sua avó. Antes da minissérie Maysa – Quando fala o coração, Jayminho pouco sabia sobre a vida da mãe de seu pai. “Não tinha nenhum motivo especial, mas a gente não falava sobre ela”, diz o filho do diretor Jayme Monjardim.
Ele acompanhou de perto todo o turbilhão emocional que foi gravar a minissérie e descobriu muito sobre sua família. “Abri o baú e conheci essa pessoa incrível que ela foi. Aprendi muito com Maysa e ao mesmo tempo, conheci melhor o meu pai”, conta o garoto, que divide com o irmão mais novo André Matarazzo, o papel de Monjardim na trama de Manoel Carlos.
Além do nome, Jayminho também divide com o pai a paixão pela profissão. O garoto cursava a faculdade de cinema em São Paulo, mas acabou se mudando para o Rio para trabalhar como assistente de direção na minissérie. Foi aí que surgiu o teste para o personagem e Jayme mudou de lado. Apaixonou-se pela atuação e hoje pensa em seguir as duas carreiras paralelamente. Tantos descobrimentos só foram possíveis graças a Maysa. “A minissérie foi um presente: conheci minha avó, mais do meu pai e ainda atuei com meu irmão. Foi lindo!”, revelou.
Você conhecia a história da sua avó?
Muito pouco e tinha curiosidade. É que eu sentia que ainda não era o momento de conversar com meu pai sobre isso. Faltava a oportunidade. Além do mais, sabia que ele tinha esse projeto e aguardei até que ele quisesse expor. Esperei uns bons anos, mas quando começamos a desvendar o universo da Maysa, não paramos mais.
E como você compôs seu próprio pai? Ficou estudando a vida dele, observando seus atos…?
Meu pai nunca falou “Ó, eu fazia tal coisa…”. Não, ele me me deixou muito à vontade para ler o roteiro e dar a minha visão sobre o personagem. O que eu fiz foi resgatar um poquinho da alma dele, tentando imaginar o que ele sentia naquelas cenas. E acabou ficando muito parecido mesmo. Fico feliz dele dizer que se viu em cena várias vezes.
Você acredita que agora o conhece melhor?
Sim, porque agora sei a origem dele, o que ele passou na adolescência, ou seja, o que passou na minha idade. Ele acabou se tornando um homem grandioso para mim depois da minissérie, tanto pessoalmente como profissionalmente. É um momento em que a família toda está unida, só fazendo pensamento positivo para a minissérie ser um sucesso e mostrando: “Olha como a história da nossa família é bonita”.
Não deve ser fácil expor a vida familiar assim…
A gente não tem como consertar a história, ela é do jeito que aconteceu e meu pai tirou lições ótimas. Enfrentou coisas ruins, mas tá aí: é um cara super do bem, educado, bem criado. Não acho que teria que ser nada diferente. Tirando o fato de que minha avó faleceu muito cedo e ainda tinha muito para mostrar.
Qual a cena mais inesquecível na minissérie?
Acho que é quando ela canta Ne me quitte pas. Além da música ser linda, é um momento dela extravasar, porque a música pede isso. Já a cena que mais gosto do meu personagem é quando mãe e filho se veem pela última vez. Foi uma cena complicada, porque eles estavam brigados. Ele desabafa anos de mágoa e ressentimento. As lágrimas derramavam naturalmente.
E o seu futuro é na frente das câmeras ou atrás delas, como seu pai?
Os dois, ué! Acredito que quanto mais coisas fizer na vida, mais vou aprender. Vou estudar muito para dar sequência na carreira de ator e futuramente ser um grande diretor. É que esse lado ator aflorou na melhor oportunidade possível, né? Já fiz o meu personagem principal. Vai ser difícil ter um papel tão gostoso e tão difícil de fazer como este.
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