Drica Moraes: “Nada é mais profundo que o amor entre mãe e filho”
A estrela conta como sua personagem em 'Verdades Secretas', a próxima trama global das 23h, a fez repensar a maternidade
Foi com a frase “Estou pronta pra outra e gravando a todo vapor!”, que Drica Moraes falou com TITITI sobre sua volta às novelas. Ela será a protagonista de Verdades Secretas, o próximo folhetim global das 23h, que estreará em 8 de junho.
A atriz entrou de última hora na trama, substituindo Deborah Secco, que deixou a novela para se dedicar totalmente à gravidez. Decididamente, os problemas de saúde que forçaram Drica a deixar Império (2014), em novembro passado, ficaram para trás. Ela é só entusiasmo! Na história de Walcyr Carrasco, seu parceiro em outros trabalhos de sucesso na TV, ela aparecerá com os cabelos mais longos e claros, graças a um aplique. E se derrete de elogios à sua personagem. “A Carolina é carismática, linda”, disse.
Só que essa guerreira da ficção passará por poucas e boas ao descobrir que o marido, o inescrupuloso Alex (Rodrigo Lombardi), tem um caso com sua filha, Arlete (Camila Queiroz). A jovem é uma aspirante a modelo que acaba se envolvendo com o mundo da prostituição de luxo.
Drica conta, ainda, que Carolina a fez refletir – e muito! -sobre seu papel de mãe. Ela, aliás, batalhou pelo sonho da maternidade por mais de uma década. E, em 1998, casada com o diretor Régis Farias, sofreu um aborto espontâneo e acabou entrando em depressão. Em 2005, se inscreveu na fila para a adoção ao lado do então marido, o produtor Raul Schmidt, após tratamentos de inseminação não bem-sucedidos.
Três anos depois, se separou e, mesmo sozinha, bancou todo o processo ainda mais difícil, já que a lei dá preferência a casais. No entanto, em 2009, se sentiu realizada ao adotar Mateus, 5 anos, na época com apenas 3 dias. “Não há diferença nenhuma entre um filho biológico e um adotivo. O amor se constrói no dia a dia”, afirmou.
A artista, no entanto, ainda passaria por uma batalha, ainda maior, contra o câncer. Drica foi diagnosticada com leucemia em 2010 e, após diversas sessões de quimioterapia, fez um transplante de medula óssea. Hoje, recuperada, ela conta, nesta entrevista, um pouco mais sobre os bons momentos ao lado do filho e do atual marido, o médico homeopata Fernando Pitanga. E, claro, fala da personagem, que está amando.
Como você define a Carolina?
É uma mulher extremamente romântica, e terá uma grande virada na vida. Carismática, amorosa, porém será uma vítima do destino. Ela cria uma tensão, um jogo de cena que é muito saboroso para uma atriz fazer. Mais que uma mocinha, podemos dizer: é uma heroína e faz parte do time do bem. Tem valores dignos, representa o melhor da humanidade.
E como foi o convite para o papel?
Aceitei no susto, foi tudo muito rápido, mas também muito bem-cuidado, planejado e desejado. Queria voltar à televisão desde Império.
O que a levou a aceitar o desafio?
Estou numa felicidade imensa em fazer uma personagem do bem. Acredito nessas pessoas, que têm valores como amizade, amor sem interesse, que dão a importância devida à família e ao afeto.
Foi difícil encarar as gravações com tão pouco tempo para se preparar?
Precisei usar os recursos da minha bagagem interna para inventar uma nova versão da Carolina. Foi necessário um certo jogo de cintura, sim.
Sente-se pronta para encarar novamente a rotina dos sets?
Estou ótima, superbem. Tive problema na época de Império e não consegui acompanhar o ritmo de gravação, mas agora é outro momento. Venho gravando há algum tempo com vários amigos queridos.
E como tem sido contracenar com Camila Queiroz, que faz sua filha na novela?
Camila é vibrante! Tem sido bastante prazeroso poder contracenar com essa turma jovem e talentosíssima. Fico feliz em ver essa roda girando, me sinto feliz com essa oportunidade.
Chegou a trocar figurinhas com Deborah Secco sobre a Carolina?
Não, mas adoraria ter pego algumas coisas com ela. O motivo que a fez sair foi lindo, supernobre, assino embaixo. Desejo tudo de melhor nesta vida para a Deborah. Somos grandes amigas e já trabalhamos juntas, mas desta vez entrei muito rapidamente e não deu tempo de conversar.
E se sente envaidecida por ter herdado o papel?
Sim e muito! Também por trabalhar com outros atores experientes… Nunca havia trabalhado, por exemplo, com Marieta Severo! E fico muito feliz de reencontrar Ana Lúcia Torre, simbolo de grande atriz. Sem falar no Walcyr Carrasco, que já me deu grandes personagens.
A história foi modificada com sua chegada?
Algumas coisas na trama foram adaptadas, sim. A Deborah iria fazer uma mãe mais jovem, que teve sua filha aos 17 anos. Comigo já é outra história, é uma maternidade mais experiente, que aconteceu aos 30 e poucos. Sabe, não acho que isso importa muito. O que importa é o espírito da coisa. Carolina é perdida num mundo tão brutal, violento, e precisamos contar essa história.
E o que leva a Carolina a resistir a tanta crueldade?
O amor! Nada é mais profundo do que o amor entre mãe e filho! Nem mais brutal.
Você também é mãe. Identifica-se com esse lado da personagem?
Tenho muito da Carolina. Para mim, ela caiu como uma luva porque, como mãe de uma criança pequena, vivo intensamente as questões que ela experimenta com a Arlete. Claro, meu filho é uma criança e a Arlete uma adolescente. Mas a qualidade do afeto, as preocupações, a doação, são questões que vivo diariamente.
Carolina a fez refletir sobre o papel de mãe?
Sim, bastante. Entendi que essa é uma história de todas as mães. A gente, que tem filho, sabe que ensina muita coisa. Mas tem uma hora que eles crescem e, enquanto jovens, decidem sozinhos quem querem ser e como querem se mostrar ao mundo. E, além disso, ainda precisam lidar com a sorte que lhes atravessa pela frente, ou não, nesse mundo que é mal, cruel. O adolescente tem sempre a função selvagem de assumir sua identidade em meio a esse universo brutal em que vivemos.