Marcelo na sala de estar clean de sua casa
Foto: Marco Pinto
Marcelo Rezende, 58 anos, propõe uma questão curiosa: você gosta da pessoa com quem está casado ou de estar casado? “Costumo dizer que o cara que casou uma vez não tem noção do que é um casamento. Nesse caso, o sujeito gosta apenas da pessoa. Mas eu casei três vezes, então digo que gosto de ‘estar casado'”, explica o jornalista e apresentador do Cidade Alerta, da Record, do alto de sua quilometragem no assunto. Marcelo abriu sua casa, em Alphaville, bairro-condomínio nobre na região metropolitana de São Paulo, para a CONTIGO! e mostrou sua adega, foi para a cozinha e conversou tranquilamente sobre a vida, longe daquele personagem durão da TV. Ele agora está namorando, depois da separação da última mulher, que já soma três anos. Enquanto ajeita as panelas no fogão, diz: “Muitos caras, quando se separam, querem recuperar o que chamam de ‘liberdade’ e saem com um monte de garotas novinhas, de 20 e poucos anos. Eu não. A minha atual namorada tem 51”, continua, sem mencionar seu nome, nem de seus cinco filhos sendo quatro meninas e um menino, de 11 a 37 anos, de mães diferentes. É uma forma de proteção, diante de seu trabalho no Cidade Alerta, com denúncias e enfrentamentos com criminosos. “Meu receio é expô-los demais. Não tenho nem fotos deles pela casa como precaução. Acho que ter medo é fundamental. Se você não tem, está morto”, explica.
Férias na Disney
“Eu sou muito fã das mulheres, tanto que fiz quatro filhas (risos)”, continua com bom humor sobre o assunto. E não vê a hora de chegar as férias anuais, que tradicionalmente passa com a filha mais nova, na Disney. “Quando o Pato Donald e o Mickey me veem, já pensam: ‘Ihhh, lá vem o cara (risos)!’ Conto os dias para essas folgas chegarem, porque é um tempo só para nós dois”, revela. Ele tem alguns ingredientes para um casamento dar certo. “Ciúme dosado, autoestima alta e não falar de contas a pagar na hora em que acordar. Outra coisa: eu não gosto de dormir na mesma cama. Só no início, claro. Tenho o costume de acordar de madrugada para ler e isso incomoda a pessoa a meu lado.” Marcelo afirma que vive em paz com as ex. Seu último casamento durou 18 anos e ela é a mãe de sua caçula. “Nos primeiros quatro anos há sempre uma confusão, mas depois a vida segue normalmente. Quando me separo, vivo meu sentimento, não deixo as coisas passarem batidas. Se você não vive as dores, dificilmente entenderá o que é a felicidade”, reflete.
Lendo o clássico A História do Vinho, de Hugh Johnson, na agradável área aberta da casa
Foto: Marco Pinto
A nova namorada ocupa seu coração há um ano. “Mas nos conhecemos há 18. Uma amiga nossa em comum contou que ela estava separada, eu também estava. Resolvi ligar e começamos a sair.” Um novo casamento? Ele não sabe. Vive o hoje. E, na hora em que não quer mais, diz que vai até a outra pessoa e assume. O tempo e os casamentos passam, mas envelhecer parece nunca ter sido um problema para Marcelo, apesar de ter uma tese sobre a meia-idade. “Acho que o homem, na véspera de fazer 50 anos, deveria reunir todos os amigos em uma festa e, depois, evaporar”, diz e ri. Segundo ele, a maturidade ajuda até no amor. “Quando mais jovem, você tem a explosão. Mais velho, a inspiração. Você troca a vitalidade por um jogo de sedução mais intenso, porque aprendeu coisas. Com isso, passa a ser mais sedutor”, acredita.
Um mundo de vinhos
O papo e o passeio por sua casa segue para um lugar sagrado. No andar mais baixo, há uma adega, onde estão armazenadas cerca de 800 garrafas de vinho das mais variadas procedências. O que começou como um leve interesse, virou hobby sério, que já dura mais de 30 anos. “Sempre viajei muito nas reportagens que fazia pelo mundo. E lá no início da minha carreira, só chegava ao Brasil um vinho alemão de garrafa azul, chamado Liebfraumilch, que até virou piada. Então, cada vez que saía daqui, trazia alguns vinhos do velho mundo”, explica. “A partir daí, passei a ficar atento às novidades do mercado. Os grandes vinhos, de grandes rótulos, são muito caros. Eles são superiores aos outros, mas não superiores como antigamente. Hoje se produz vinhos muito legais a preços imbatíveis no mundo inteiro.”
Da paixão por vinhos também surgiu outra: a culinária. O apresentador, que é um anfitrião nato, conta que já chegou a preparar seis pratos diferentes para agradar a amigos em um mesmo jantar. “Gosto de cozinhar tudo, menos peixe. Frutos do mar eu gosto. Acho que o peixe eu não faço porque ninguém que eu conheço gosta muito. Por causa do vinho tinto, as pessoas comem muita carne. Então minhas especialidades são carnes diversas, risotos e massas. Cozinho de tudo. Às vezes começo a preparar 48 horas antes. Gosto de agradar a todo mundo e adoro inventar.”
ESTA ENTREVISTA FAZ PARTE DA EDIÇÃO 1990 DA REVISTA CONTIGO!, NAS BANCAS EM 06/11/2013.
O apresentador em sua adega, onde armazena cerca de 800 garrafas de vinho, que compra em suas viagens pelo mundo
Foto: Marco Pinto