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“Britney Spears não era mais tratada como uma pessoa”, diz fotógrafo

Profissional revelou detalhes chocantes dos bastidores das perseguições contra a cantora em 2008

Por Da Redação
22 fev 2021, 16h40
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  • Não há mais dúvidas de que a mídia foi uma das grandes responsáveis pelo colapso de Britney Spears em 2007 e 2008. Como mostra o documentário Framing Britney Spears, produzido pelo The New York Times, o constante assédio dos paparazzi e de tabloides de fofoca contribuiu para abalar ainda mais a saúde mental já frágil da cantora.

    Mas a perseguição também podia ser marcante para quem estava por trás das câmeras. Ao menos, para aqueles que eram capazes de se sensibilizar para a crueldade do escrutínio que a artista enfrentava.

    Em entrevista publicada pela Glamour UK, o fotógrafo Nick Stern contou sobre os dias em que, trabalhando para a agência Splash News, precisou seguir Britney. “Eu fiquei no time Britney por mais ou menos uma semana, até que percebi o que realmente estava acontecendo. E o que estava acontecendo era muito errado”, disse.

    Segundo relato de Nick, ainda no início da manhã os fotógrafos se dirigiam para a casa da cantora, na Mulholland Drive para montar vigília. “Você ficava sentado lá até a Mercedes branca dela aparecer e assim que a primeira pessoa via o carro, começava o inferno. Era uma perseguição em alta velocidade pela Mulholland, você dirigia para-choque com para-choque com o carro da frente, em velocidades incrivelmente perigosas.”

    Longa e marcada pelo vento forte, a estrada da Mulholland Drive fica localizada nas montanhas de Santa Mônica, sul da Califórnia. Nick contou que presenciou diversas batidas, porque os carros dirigiam muito próximos e não conseguiam parar a tempo de evitar uma colisão.

    A própria Britney também dirigia velozmente, para que os paparazzi não tivessem muitas chances de ver seu rosto ou de seus dois filhos, que ocasionalmente estavam no carro.

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    “Havia uma cultura de masculinidade tóxica e valentia entre os fotógrafos, e fazer loucuras era quase como um sinal de honra”, disse Nick. “Se você ultrapassasse um sinal vermelho a 128 km/h e ficasse bem perto de se envolver em um acidente, bem, aquilo era ‘Uau, cara. Aquilo foi incrível!’ Então não era um ambiente agradável.”

    Ele logo percebeu que aquela situação era completamente prejudicial para a saúde e bem-estar de Britney, dos próprios paparazzi e também dos espectadores.

    “Eu sei muito pouco sobre saúde mental e crise de saúde mental, mas mesmo enquanto fotógrafo, estava bastante óbvio para mim o que ela estava passando”, recordou. “Ela estava tendo uma crise de saúde mental muito séria, que estava causando aquele comportamento maluco. E aquilo foi exacerbado pelas perseguições. Não foi a única razão, mas certamente tornou tudo muito pior.”

    A gota d’água para ele foi um episódio envolvendo rumores de que Britney estava grávida do seu então namorado, o também paparazzo Adnan Ghalib.

    “Um dos fotógrafos tirou uma foto da roupa íntima dela manchada de sangue. E legendou a foto com ‘Britney não está grávida… ponto’ e mandou para os veículos, para ver se queriam comprar a foto. Naquele momento, assim como estou agora, eu fiquei sem palavras quando soube que uma agência e um fotógrafo haviam feito aquilo.”

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    Nick aponta que as fotos de Britney geravam muito lucro, algumas chegando a custar 1 milhão de dólares, mas que não eram apenas os paparazzi que a exploravam.

    “Eles eram alimentados pela demanda dos consumidores dos tabloides e das revistas. […] Notícias sobre a Britney eram populares. O New York Times falava dela. No Reino Unido, The Times,The Telegraph, The Independent e o The Guardian estavam todos falando sobre ela. Os canais de notícias também.”

    “Britney Spears não era tratada como uma pessoa. Ela era tratada como uma mercadoria” disse Nick. Tendo auxiliado como consultor no documentário sobre a cantora, ele lamenta que ela tenha passado por tanta coisa e espera que esteja se recuperando.

    “Eu acho que a vida dela é o resultado de, desde os 14 anos, estar cercada pela indústria. E por indústria, eu quero dizer o lado positivo, que permitiu que ela fizesse música, cantasse e dançasse, mas também o lado negativo, em termos da atenção e negatividade que ela recebeu. Não é possível esperar que alguém assim viva uma vida normal.”

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