Antonio Fagundes: “Estava com 15 quilos a mais. Estava na hora de criar vergonha na cara”
Tudo novo: Em Meu Pedacinho de chão, sua estreia no horário das seis, o ator emagrece muito e ainda contracena com o filho, Bruno, pela primeira vez na tv
Não podia ficar de fora, diz o ator, que convenceu a Globo a suspender suas férias para entrar em Meu Pedacinho de Chão
Foto: Ivan Faria
Foram apenas alguns dias de folga que Antonio Fagundes teve entre o fim de Amor à Vida (2013), de Walcyr Carrasco, e o começo das gravações de Meu Pedacinho de Chão. Mas a decisão de emendar um trabalho no outro, sem descansar, foi do próprio ator. Tudo para poder participar da nova novela de Benedito Ruy Barbosa, com quem tem uma parceria de longa data na TV. Juntos, eles fizeram Renascer (1993), O Rei do Gado (1996) e Terra Nostra (1999). Foi o ator quem telefonou para o novelista, dizendo que gostaria de estar em sua nova trama, independentemente de qual seria o papel. E ele precisou batalhar para convencer a emissora a adiar suas férias. “A Globo não queria que eu fizesse e fui lá brigar com eles, dizendo: ‘Pô, estão me proibindo de trabalhar?’ Daí, eles deixaram”, conta o veterano. Apesar dos 46 anos de carreira na TV, sendo 36 na Rede Globo, Meu Pedacinho de Chão é a primeira novela das 6 em que o ator trabalha. A atual trama também tem um sabor especial, já que, pela primeira vez, Antonio contracena com o filho, Bruno Fagundes (que faz o doutor Renato), na TV. Orgulhoso da cria, confessa que não costuma ficar dando conselhos. “Ele é muito experiente. Apesar de só ter 24 anos, já fez muito teatro”, derrete-se o astro, que também divide o palco com o herdeiro no espetáculo Tribos, em cartaz no teatro TUCA, em São Paulo.
Com tantas novelas no currículo, Meu Pedacinho de Chão se destaca pela oportunidade de contracenar com seu filho. Como é tê-lo no mesmo elenco que você?
Na verdade, sou eu quem está trabalhando com ele. Quando entrei na novela, ele já estava no elenco. O Luiz Fernando (Carvalho, diretor) havia feito um teste com ele e já o tinha chamado. Foi até uma surpresa para ele saber que eu também estava na trama. Foi uma coincidência.
E você dá muitas dicas para ele?
Não! Ele é muito experiente. Apesar de só ter 24 anos, já fez muito teatro. Não é preciso. É claro que a gente acompanha o trabalho, mas é algo que faço com meus amigos também. Não tem nada de especial por ser meu filho. Mas confesso que, às vezes, babo um pouquinho (risos).
Pai e filho estão contracenando pela primeira vez nas novelas
Foto: divulgação/ Globo
Você mal terminou Amor à Vida e já emendou com esse atual trabalho, algo que não costuma fazer. O que o motivou a adiar as férias?
É só olhar em volta, que você encontra a resposta (o ator refere-se ao cenário da novela). Além disso, o texto do Benedito (Ruy Barbosa) e esse elenco maravilhoso.
Posso dizer, então, que o texto foi o fator principal nessa decisão?
É sempre um prazer participar das novelas do Benedito. Ele escreve personagens bem estruturados, com um texto muito rico. Somado a isso, tem a dobradinha com o Luiz Fernando, que é uma pessoa com quem já trabalhei antes. Com os dois, fiz Renascer, O Rei do Gado e Esperança (2002). Não podia ficar de fora. É uma participação afetiva mesmo.
Você já fez diversos papéis escritos por ele. Tem algum preferido?
Pois é… Ele tem uma carreira de personagens que dá para transitar de um para o outro tranquilamente. Mas acho que o papel (Zé Inocêncio) de Renascer era lindíssimo! É difícil escolher um só. Não dá mesmo. O texto do Benedito é muito forte.
É um desafio sair de uma novela das 9 para uma trama das 6, interpretando personagens tão opostos?
Não tem desafio. É por isso que é gostoso. Acredito que seria um desafio se tivesse que fazer outro papel parecido. Nesse caso, estou me divertindo.
Você já está em um patamar em que pode escolher seus trabalhos. Fazer papéis diferentes é um quesito que você leva em consideração quando entra em um projeto?
Não, é uma questão de sorte. O ideal é isso, que você possa pular de um lado para o outro e possa se exercitar, brincar em cena. Mas confesso que é algo muito difícil de acontecer. Geralmente, você fica fazendo de três a quatro personagens que seguem a mesma linha. Nesse caso, quando acontece, fica um pouco chato.
Já chegou a recusar trabalhos por causa dessa repetição de perfil?
Não chego a isso. Até porque, no fundo, você sempre descobre algo novo para explorar. Mas o divertido é interpretar o oposto, mesmo.
Agrada a ideia de novelas mais curtas, como Meu Pedacinho de Chão?
Claro! É melhor até porque você não tem aquela famosa barriga. É muito chato ficar 30 capítulos sem ter nada para fazer. De certa forma, por incrível que pareça, a gente gosta mesmo é de trabalhar, é de ter o que fazer. Gosto de cenas difíceis. Quando a novela é muito grande, complica. Essa trama, quando começar a cansar, acabou. É legal para todo mundo, para o ator e o autor.
Você emagreceu. O que você fez?
Voltei ao meu peso normal, estava com 15 quilos a mais. Estava na hora de criar vergonha na cara. Tive que parar de comer algumas coisas e deu certo. Regulei os carboidratos, coloquei mais proteínas nas refeições, aquilo que todo mundo sabe e nunca faz. E fiz exercícios também. Sempre fui jovem, só estava enganando vocês (risos).
Mas gosta de fazer exercícios?
Antigamente, quando tinha vontade (de fazer), eu deitava até passar. Mas vai chegando uma hora em que você é obrigado a fazer ou, então, entreva.
Já tem algum projeto para depois dessa novela?
Vou fazer cinema. Será um ano bem divertido, mas não posso adiantar ainda. Só posso dizer que vou fazer projetos com o José Eduardo Belmonte (que o dirigiu no filme Alemão) e com o Cacá Diegues também. Tem uma fila.
Ele só teve alguns dias entre o final da trama de Walcyr Carrasco e o atual trabalho
Foto: Renato Rocha Miranda/ Rede Globo