Beatriz Segall na clássica cena da morte de Odete Roitman em Vale Tudo
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Nem só de romance vive a novela. Os segredos também são um importante ingrediente para que um capítulo puxe outro até o fim. Quando escreveu Os Fantoches (TV Excelsior, 1967), Ivani Ribeiro inovou ao situar toda a sua trama em um hotel, onde os personagens eram levados pelo dono, Aníbal (Átila Iório), que queria punir os inimigos e beneficiar os amigos em um jogo recheado de mistérios. Com um elenco estelar – Regina Duarte, 66, Paulo Goulart, 80, Nicette Bruno, 80, e Dina Sfat, entre outros -, a novela deu certo e o suspense passou a criar marcos na teledramaturgia.
Em meio às inovações apresentadas pelas novelas das 10 da Globo nos anos 70, Bráulio Pedroso foi mais radical do que Ivani com O Rebu (1974), uma trama que se passava em dois dias e, de antemão, o público sabia que havia um crime, mas desconhecia até o fim quem morreu e quem matou. Só no último capítulo ficou esclarecido que a vítima era Sílvia (Bete Mendes, 63). E o assassino era o anfitrião, Conrad Mahler (Ziembinski), que a eliminou por ciúme, já que ela namorava seu protegido, Cauê (Buza Ferraz).
A pergunta quem matou?, aliás, foi introduzida por Janete Clair em Véu de Noiva (Globo, 1969), por pura necessidade. É que Geraldo Del Rey rescindiu seu contrato com a emissora com a novela no ar. Restou à autora matar seu personagem, Luciano, mas só revelou que Rita (Ana Ariel) era a assassina no final.
Oito anos depois, Janete assumiu o suspense e criou um dos quem matou? mais famosos da teledramaturgia, em O Astro (Globo, 1977). No capítulo 42, Salomão Hayala (Dionísio Azevedo) foi misteriosamente assassinado e só no fim foi revelado o culpado: Felipe (Edwin Luisi, 66). Na segunda versão da trama, de 2011, os autores, Alcides Nogueira, 63, e Geraldo Carneiro, 60, mudaram o final, e a mulher de Salomão, Clô (Regina Duarte), assumiu o crime.
Mas nada se compara à morte de Odete Roitman (Beatriz Segall, 86) em Vale Tudo (Globo, 1988), que provocou uma onda de apostas para descobrir quem era o assassino. O novelista, Gilberto Braga, 66, surpreendeu ao revelar Leila (Cássia Kis Magro, 55) como a autora do crime.
Cecil Thiré, com Yoná Magalhães, interpretou o assassino em A Próxima Vítima
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Sempre flertando com o suspense, Silvio de Abreu, 70, escreveu
A Próxima Vítima (Globo, 1995), uma trama com crimes em série em que grande parte dos personagens era suspeita e não se sabia quem seria o próximo a morrer. Na primeira exibição, Adalberto (Cecil Thiré, 69) terminou como o assassino. Na reexibição, a culpa ficou com Ulisses (Otávio Augusto, 68) para que o mistério fosse mantido. Em sua novela seguinte,
Torre de Babel (Globo, 1998), Silvio fez um shopping ir para os ares e criou a pergunta quem explodiu?. Para a surpresa do público, a autora do crime era Sandrinha (Adriana Esteves, 43). Na próxima edição, mais história da teledramaturgia brasileira. O tema? Segredo. Até lá.