Estamos pertinho do final de ‘O Sétimo Guardião’ e podemos já falar que essa novela é um fenômeno… infelizmente pelo lado negativo: nunca vimos uma trama despertar tão pouco interesse do público. Poucos estão interessados sobre a eleição de novos guardiães ou então quem é o serial killer que supostamente está agitando a cidade de Serro Azul.
Como a novela chegou nesse ponto? Bem, podemos tentar explicar.
#1. História desinteressante
Aguinaldo Silva, o autor de ‘O Sétimo Guardião’, fez uma aposta arriscada. Há muito tempo não tínhamos uma história de realismo fantástico no horário mais nobre de novelas e, por mais que ele tenha um histórico invejável no currículo de novelas desse gênero, não era garantia de que o público iria comprar essa nova história. E não comprou.
A ideia de uma fonte de água com poderes mágicos e sete guardiães que a protegem não foi tão bem aceita assim pelo pessoal. León, o gato que na verdade era um humano foi até bem aceito, principalmente porque o felino tinha muito carisma, mas a falta de interesse do público na história principal da novela reverbera até hoje: tanto que ninguém ficou tão abalado assim quando a tal fonte secou.
Tem gente afirmando que ‘O Sétimo Guardião’ poderia ser uma boa série, mas até essa alternativa é questionável. Não existe um conflito minimamente interessante na história, que se arrastou por meses sem contar muito a que veio.
#2. Atores mal aproveitados
Desde os elencos gigantescos de novelas antigas da Gloria Perez não víamos tanto ator grande fazendo figuração de luxo. Flávia Alessandra, Vanessa Giácomo, Caraolina Dieckmann, Tony Ramos e grande elenco foram meros coadjuvantes de uma história desinteressante. Parte deles nem ao menos ganharam uma trama própria na novela.
Flávia Alessandra interpretou apenas a esposa do delegado viciado em calcinhas. Após a resolução do fetiche do policial logo no começo da história, a Rita passou a bater cartão na locação da cachoeira para participar de um filme gravado por outro personagem secundário. E aí a história estacionou. Tanto que, com a morte de Machado, a personagem de Flávia Alessandra acabou saindo da novela, pois nem tinha o que fazer mais.
Vanessa Giácomo foi outra que sofreu com a falta de história. Uma atriz ultracompetente e com várias protagonistas na carreira foi obrigada a participar de uma novela em que o drama de sua personagem não andava, e ela basicamente ficou confinada no cenário da casa de Stella. Triste.
#3. Personagens mal desenvolvidos
A história principal da novela tinha a ver com sete pessoas que protegiam uma fonte mágica certo? Porém, se a gente conheceu bem a vida de uns 3 guardiões foi muito.
Tirando Eurico (Dan Stulbach), Gabriel (Bruno Gagliasso) e Feliciano (Leopoldo Pacheco), todos os outros guardiães serviram para absolutamente nada na história. Aranha (Paulo Rocha) só era usado quando precisavam de um médico, assim como Ondina (Ana Beatriz Nogueira) só teve um destaque mínimo ao descobrirem que era mãe da protagonista.
Nos núcleos paralelos a coisa era ainda pior. A história de Nicolau (Marcelo Serrado) era chocante, mas um pouco gratuita. Parecia que o autor carregava no personagem não para fazer a história andar, e sim para que as pessoas ficassem enojadas dele. Pelo menos ele conseguiu tirar alguma reação do público, porque se dependesse de Geandro (Caio Blat) e Lourdes Maria (Bruna Linzmeyer) o pessoal ia ficar chupando o dedo.
#4. Referências demais
Aguinaldo Silva sempre gostou de colocar referências às suas próprias novelas anteriores nas novas histórias. Lembram quando a Tereza Cristina matou um personagem na escada e disse “obrigada, Nazaré Tedesco”? Pois é, em ‘O Sétimo Guardião’ o autor passou dos limites do aceitável e transformou capítulos inteiros em homenagens aos seus sucessos do passado.
Trilha sonora, histórias e até personagens de novelas antigas deram as caras em Serro Azul, como foi o caso do prefeito Ypiranga (Paulo Betti) e Scarlet (Luiza Tomé), de ‘A Indomada’. Nada contra referências, mas a história parecia mais focada nessas brincadeirinhas que nas coisas inéditas.
#5. Problemas de bastidores
Alguma coisa aconteceu e Aguinaldo Silva teve uma grande maré de azar com ‘O Sétimo Guardião’. Logo no começo, a novela quase não foi ao ar porque o autor foi processado por um ex-aluno, pois ele queria ser creditado como co-autor. Como se sabe, a trama da novela surgiu de um curso dado pelo autor com roteiristas novatos.
Daí pra frente os problemas foram escalonando: fracasso de audiência, brigas entre atores da novela (o episódio da Lília Cabral com a Marina Ruy Barbosa), separação (o caso José Loreto) e até a morte de um figurante durante uma gravação.
É por esses, e outros, motivos que ‘O Sétimo Guardião’ parece ser uma novela que merece ser esquecida. E que venha ‘A Dona do Pedaço’.