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Família tóxica: Como lidar e se libertar destas relações

Os relacionamentos tóxicos não são apenas amorosos, e podem ser ainda mais complexos quando te acompanham por toda a vida

Por Adriana Marruffo
Atualizado em 28 ago 2023, 11h28 - Publicado em 28 ago 2023, 10h31
Você percebe comportamentos tóxicos no seu círculo familiar? Talvez seja hora de se afastar
Você percebe comportamentos tóxicos no seu círculo familiar? Talvez seja hora de se afastar (RDNE Stock project/Pexels)
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Nas últimas semanas, o nome de Larissa Manoela esteve em destaque nas redes sociais por conta de uma briga intensa com os pais que já dura meses, e que só tem piorado – com acusações que vão do desrespeito ao roubo de patrimônio. O caso acabou não só roubando os holofotes, como também levantando a discussão sobre famílias tóxicas. Sabemos que estes laços são difíceis de cortar, mas até que ponto devemos colocar a nossa saúde mental em jogo para manter relações com parentes? Como posso sair do ciclo de abuso, quando ele é seu companheiro de uma vida toda? 

Será que tenho uma família tóxica?

Os relacionamentos abusivos estão sempre ao nosso redor, e já te ensinamos a reconhecer a toxicidade em amizades e em relações amorosas, mas pouco refletimos sobre a forma como nossa família se comporta  – afinal, já diz a máxima que “família é família”.

Existem, no entanto, sinais que ficam evidentes quando você passa a pensar mais a fundo no assunto. “ [Família tóxica] É aquela família que tem comportamentos disfuncionais como fazer chacotas, chantagens, contar mentiras, violência, manipulação, ameaça e inveja. Essa família sufoca a pessoa e não admite a diversidade de ideias ou a maneira da pessoa de ser”, explica Vanessa Gebrim, psicóloga e especialista em Psicologia Clínica pela PUC-SP. 

Geralmente, tendemos a tolerar atitudes tóxicas por parte de nossos familiares que, talvez, não toleraríamos de amigos ou pessoas mais próximas. Segundo a especialista, isto acontece porque, historicamente, somos ensinados a sempre manter nossos familiares por perto, independente de como sejamos tratados. Por exemplo, no caso de Larissa Manoela, é improvável que atriz tivesse aceitado tantos abusos – tanto financeiros quanto emocionais – por parte de amigos, assessores ou namorado,. Ela, inclusive, parece seguir tentando manter um relacionamento com os pais, o que a levou a desistir de seu patrimônio. 

“Sinais como críticas constantes, ironias, sarcasmo, casos de agressão física e psicológica estão presentes”, acrescenta a psicóloga. Frequentemente, os abusadores são aqueles que possuem um papel de autoridade na família, e costumam justificar suas práticas sob pretexto de proteção e amor, ou simplesmente impondo suas vontades a todos que estiverem por perto. Dentro desse contexto, também é comum que os provedores – isto é, quem traz dinheiro para  o lar – usem a falta de dependência financeira como instrumento de dominação.

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Como uma família tóxica pode me afetar?

A relação com a família é a primeira que criamos quando chegamos ao mundo, e ela costuma moldar  e afetar todo o resto de nossas vidas, tornando as sequelas da toxicidade ainda maiores.  “O fato da pessoa aceitar os abusos vivenciados nessa família faz com que ela desenvolva problemas de autoestima, traumas,  dificuldade de lidar com problemas, dependência emocional, ansiedade, estresse, depressão e até transtornos de personalidade”, conta a profissional.

Está na hora de me afastar da família?

Vanessa aponta que, sempre que possível, o ponto de partida para um afastamento é o diálogo. É claro que pode ser difícil apontar os traços tóxicos e manipuladores ao seu abusador, ainda mais se forem parte do seu círculo familiar, mas não devemos presumir que um membro da família sabe, de forma imediata, quais são os limites que deve manter. “Depois de várias tentativas de diálogo, se o outro continuar agindo de maneira tóxica, o distanciamento deve se tornar necessário, mesmo que não seja definitivo”, comenta Vanessa. 

Ao mesmo tempo que atitudes tóxicas nos repelem, elas nos atraem quando se trata da nossa família, por isso, a psicóloga aponta que é necessário que estejamos bem preparados para este rompimento. “Devemos nos preparar através da terapia. Psicólogos são profissionais capacitados para tratar de problemas emocionais. Além disso, o tratamento, normalmente focado no autoconhecimento, costuma ser bastante eficaz”, recomenda Gebrim para quem está pensando em se afastar brevemente da família. 

Em alguns casos, em que as situações de abuso são profundas e sem chance de solução, o melhor a fazer pode ser romper de fato com a família.

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Como lidar com a culpa de se afastar da família

O afastamento, apesar de necessário, vem carregado de sentimentos de culpa e tristeza, afinal, não é fácil se despedir de quem compartilhou toda uma vida com você. “Distanciar-se pode até causar um sentimento de culpa, especialmente quando se mantém uma relação de codependência com o parente em questão. Portanto, é importante não se sentir obrigado a quebrar seu silêncio até que esteja realmente pronto. Entenda que dar um tempo de seu familiar pode fornecer uma nova perspectiva, ajudando a decidir se você deve ou não cortar os laços definitivamente.”

Portanto, a psicóloga traz uma série de dicas para poder lidar com a culpa de forma saudável:

  • Reconheça que a relação é tóxica;
  • Tenha firmeza nas atitudes;
  • Fortaleça o amor-próprio;
  • Busque e aceite ajuda;
  • Limite as conversas.
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E é claro, definir limites e, inclusive, se afastar da família, não deve significar que o amor não existe mais dentro dessa relação, o que deve ficar é um amor ainda maior por você mesma.

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