Urias: “Suar é uma forma de expelir coisas ruins do corpo e da cabeça”
Estrela de capa da Boa Forma de outubro, a cantora fala sobre carreira, bem-estar e a sua relação com o corpo e a auto-imagem
Urias segue uma rotina diária de exercícios para manter seu físico impecável e dar conta dos shows, gravações e uma rotina cheia que, muita vezes, começa cedinho – antes mesmo das 6h da manhã. Na capa de outubro da Boa Forma, ela deixou claro seu amor pela prática de atividades físicas e mostrou que não deixa de se cuidar em todos os sentidos.
Urias é uma grande referência para a comunidade LGBTQIA+, e uma daquelas artistas completas que combinam letras poderosas, dança e moda. Confira três trechos da entrevista que nos fazem refletir sobre bem-estar, moda e representatividade.
O bem-estar para Urias
“[Bem-estar é] muita coisa! Não é só estar bem com o seu corpo, com a sua aparência, mas tem muito a ver com conforto, com segurança, com onde você transita, se encontra, trabalha… Onde coloca a sua voz. Saber que você está falando e está sendo ouvida, e também se entender, se conhecer, na sociedade como um todo.
Eu também me sinto muito bem quando o meu quarto está muito arrumado… Só que é muito difícil manter! Tem relação também com quando eu consigo estar nesse espaço, no meu quarto, sozinha, botando a minha música, passando os meus produtos de skincare, reparando em mim, me olhando, procurando defeito – e às vezes, achando, às vezes, não! -, acho que esses momentos sozinha são muito importantes para mim.”
A relação com a moda
“Desde pequeninha eu desenhava muitos croquis com um amigo. A gente juntava os papéis e começava a desenhar, “hoje eu vou desenhar uma roupa assim”, “uma mulher nesse tema”… Então, sempre tive esse contato, esse toque com a moda, eu só nunca achei que fosse ser modelo! Mas também aconteceu. Aí, com os meus 16 anos, quando eu estava no final do segundo ano, eu apliquei para o vestibular e passei, pelo ProUni. Eu só não fiz porque tinha toda uma papelada, eu tinha que me emancipar, para entrar antes da idade. Acabou não acontecendo, mas eu tive outro contato com a moda através da modelagem, dos desfiles e das fotos para revista. Não foi uma coisa que me abandonou e que também está muito entrelaçada com a música.”
A receptividade da moda e música com artistas LGBTQIA+
“Tem um caminho muito longo para andar. Não é nem sobre quantidade e qualidade, mas é uma questão de nicho. Quando me categorizam como “artista LGBT”, me limitam a um público que já é o meu público, e as pessoas que estão fora olham e pensam “não é para mim”. Impede o meu trabalho de chegar nessas pessoas. Você me afasta do resto, entende? É um recorte que é apenas uma característica. Esse é o meu sentimento. A gente tem que andar para normalizar as nossas existências, para que normalizem o meu trabalho, para que eu não seja um “artista LGBT”, mas uma pessoa, que canta.
Isso me limita muito. Não de carreira, de dia a dia, de espaços, das nossas presenças nos lugares… Eu quero entrar em um lugar e ver alguém como eu trabalhando, comprando, e eu caminho muito para esse lugar do naturalizar e normalizar. A gente é parte do todo. E não é como as pessoas pensam,que eu vou estar tirando algo de alguém.”
Para ler na íntegra a entrevista com Urias clique aqui.