Mesmo com falhas, ‘Pânico VI’ mantém padrão de qualidade da franquia
Novo filme conserva as características que tornaram a franquia tão amada: metalinguagem, humor ácido e muita sanguinolência
O primeiro filme de terror da franquia Pânico foi lançado em 1996, há quase três décadas. É de se esperar que, 27 anos após a sua estreia original, uma das principais franchises do slasher estivesse saturada. Mas este definitivamente não é o caso: contrariando todas as expectativas — aliás, a saga se alimenta justamente da quebra de convenções —, Scream continua se reinventando de forma autoconsciente e irreverente. Pânico VI é a prova disso.
Sem grandes pretensões de reinventar o slasher (até porque a franquia já fez isso em anos anteriores), a nova adição da saga se mostra extremamente atualizada com as tendências do horror pós-moderno, entregando sátiras deliciosas de tudo aquilo que o público vem consumindo no gênero.
Modernidade e nostalgia se unem em Pânico VI
Ao mesmo tempo em que o roteiro se mostra à par dos novos movimentos do terror — a sanguinolência está elevada a enésima potência neste capítulo, com mortes realistas e personagens multidimensionais —, há também um senso de nostalgia no ar.
Começando pelo mais óbvio: Sexta-Feira 13: Parte 8 – Jason Ataca em Nova York foi uma grande referência para a narrativa. A homenagem atinge o seu pico máximo na já famosa sequência do metrô, onde o nosso querido ghostface persegue suas vítimas dentro de um vagão. Fica aí a cena para quem quiser rever (ou relembrar):
Também existem inúmeros acenos à própria franquia na produção, que buscam trazer uma releitura dos momentos mais icônicos da franchise. Isso apenas evidencia que os cineastas por trás de Pânico VI não têm o menor interesse em abandonar o estilo metalinguístico que tornou a saga tão famosa (e amada). Ponto positivo!
Personagens multidimensionais
E para além da diversão sem amarras que o sexto capítulo proporciona, há uma preocupação em evidenciar os dramas que acometem o núcleo principal de personagens. Sam (Melissa Barrera) precisa lidar com o assédio nas redes sociais e os traumas provocados pelo massacre em Westboro.
Sua irmã, Tara (Jenna Ortega), tenta se desvencilhar do passado traumático, ao mesmo tempo em que lida com sentimentos reprimidos. Todo esse aprofundamento de questões emocionais nos fazem ter uma empatia quase inerente pelas protagonistas, algo primordial para intensificar a tensão nos momentos decisivos da obra.
Desfecho fraco torna a experiência agridoce
Uma das poucas (mas enormes) falhas do roteiro é o seu desfecho: durante duas horas, a narrativa traz uma série de eventos que aparentam culminar num grand finale. Mas, infelizmente, a conclusão não atinge as expectativas criadas ao longo da experiência. Isso é frustrante, já que Pânico é uma franquia famosa por amarrar todos os seus pontos narrativos de maneira perspicaz. Aqui, temos respostas que, quando não beiram o óbvio, cometem o grave erro de duvidar da capacidade intelectual dos espectadores.
Dito isso, Pânico 6 continua sendo puro entretenimento de boa qualidade. Mesmo que certas decisões sejam questionáveis, o público pode esperar altas porções de humor ácido, nostalgia, ótimos personagens e o que (talvez) seja a melhor participação de Courtney Cox (Gale Weathers) na franquia. E que venha o sétimo filme!
Pânico VI já está em cartaz nos cinemas brasileiros. Confira o trailer: