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‘Os Fabelmans’ é o melhor filme de Spielberg em anos

Agradável e livre de artifícios pedantes, a semi autobiografia de Spielberg é um prato cheio para qualquer um que deseje acompanhar uma boa história

Por Kalel Adolfo
12 jan 2023, 09h19
Michelle Williams e Mateo Zoryan em cena de "Os Fabelmans".
Michelle Williams e Mateo Zoryan em cena de "Os Fabelmans". (Universal Pictures Brasil/Reprodução)
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Quando soube que Steven Spielberg iria dirigir um filme quase autobiográfico, confesso que experimentei sentimentos mistos. Tudo sobre o projeto gritava “Oscar Bait” (com uma leve pitada de vaidade). E o que não falta em Hollywood são produções que buscam prestar um tributo à sétima arte com o intuito descarado de conquistar os votantes da Academia. Contudo, os primeiros minutos de Os Fabelmans desarmaram os meus preconceitos por completo.

A trama, baseada na infância e adolescência de Spielberg, não tenta enaltecer o talento inegável do diretor a qualquer custo. Aliás, nenhum de nós precisa assistir a quase três horas de filme para concluir o óbvio. Ao invés disso, o projeto retrata, de forma leve e carinhosa, o amor genuíno que o cineasta construiu pelo cinema graças a sua família.

Logo na abertura do longa, acompanhamos os pais do pequeno Sammy Fabelman (interpretado inicialmente por Mateo Zoryan) levando o filho para ver The Greatest Show on Earth. Por ser a primeira vez que o menino entra num cinema, a sua reação imediata é de surpresa e choque. Inclusive, ele chega a ter pesadelos com as cenas vistas na telona. Porém, todo esse amedrontamento o faz perceber o quão grandiosas as experiências cinematográficas podem ser.

Sua mãe, Mitzi Fabelman — vivida de forma brilhante por Michelle Williams — logo percebe os dons do jovem e o presenteia com uma pequena câmera. A partir daí, a sua relação com a sétima arte começa a se desenvolver de maneira voraz e prematura. Fica claro que o menino nasceu para ser um contador de histórias.

Dramas familiares elevam a experiência

Gabriel LaBelle em
Gabriel LaBelle em “The Fabelmans”. (Universal Pictures Brasil/Reprodução)
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Mostrar a paixão imediata de Spielberg pela sétima arte é apenas uma das bases da produção. O que realmente faz a narrativa ganhar fôlego (e profundidade) é a maneira intimista e reconfortante com que o diretor decide abordar os acontecimentos mais marcantes de sua vida, incluindo a dramática separação de seus pais.

Mas por mais que alguns dos eventos apresentados sejam emocionalmente densos, a atmosfera de Os Fabelmans nunca perde a sua essência ‘lighthearted’. Aqui, há um ótimo balanço entre a assinatura mais comercial do cineasta (não vamos esquecer que Spielberg dirigiu alguns dos maiores blockbusters da história) e uma pegada mais sóbria que não o víamos fazer desde The Post (2017). Portanto, espere monólogos e diálogos poderosos, que exprimem inúmeras reflexões emocionais, acompanhados daquele gostoso senso de familiaridade e aconchego que apenas o diretor sabe provocar em seu público.

Impossível não deixar de citar Boyhood, filme de Richard Linklater, ao falar sobre a vibe de Os Fabelmans: há uma construção narrativa extremamente pessoal e orgânica compartilhada por ambos. Ponto positivo para o roteiro, que cativa o espectador a ponto de nos fazer sentir parte da família.

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Michelle Williams é a grande estrela do filme

Michelle Williams em
Michelle Williams em “Os Fabelmans”. (Universal Pictures Brasil/Reprodução)

E por último, mas não menos importante: apesar de Gabriel LaBelle realizar um ótimo trabalho interpretando a versão adolescente de Sammy, quem definitivamente rouba a cena é a carismática Michelle Williams. A atriz consegue, sem grandes esforços, transmitir todos os árduos dilemas de sua personagem com muita vulnerabilidade, delicadeza e um charme inquestionável. Infelizmente, a estrela ficou de fora dos indicados ao SAG Awards 2023. Porém, continuamos na torcida pelo reconhecimento neste próximo Oscar.

Mas, independente do prestígio que receberá em premiações, a mensagem de The Fabelmans é clara (e muito poderosa): a sétima arte tem o poder de ressignificar as nossas narrativas (sejam elas reais ou ficcionais). Vida e arte podem, e devem, andar juntas. Obrigado, Steven!

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*O filme estreou hoje nos cinemas. Confira o trailer: 

 

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