Está circulando pelas redes sociais um gif cheio de ironia. Nele, aparece Natalie Portman (vencedora do Oscar de Melhor Atriz por Cisne Negro) anunciando os indicados a Melhor Diretor no Globo de Ouro de 2018. Uma única frase aparece na legenda: e aqui todos os homens indicados (em tradução livre). Natalie chamava a atenção para a falta de mulheres indicadas. Mas por que o gif de 2018 retorna agora, às portas do Globo de Ouro de 2020? Porque hoje saiu a lista de indicados e novamente não tem nenhuma mulher na categoria de Melhor Diretor (clique aqui pra ver a lista completa).
E antes que algum desavisado venha falar: não é por falta de opções. Uma das diretoras contemporâneas mais forte, Greta Gerwig, poderia estar entre os indicados. Ela é a diretora de Adoráveis Mulheres, filme baseado no clássico da literatura que tem no elenco Emma Watson e Saoirse Ronan (indicada a Melhor Atriz) no elenco. Greta já foi esnobada pelo Globo de Ouro antes, em 2018, quando dirigiu Lady Bird.
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Outra mulher que não foi inclusa na lista de indicadas é Lupita Nyong’o, de Nós. O filme de suspense/terror dirigido por Jordan Peele teve grande bilheteria pelo mundo e rendeu elogios a Lupita, que faz duas personagens na trama. Aliás, indicada ou não, vale assistir. Sentimos falta também de Zendaya, que foi uma das responsáveis pela série Euphoria, da HBO, virar febre.
Não foram só as mulheres as ignoradas. Os homens também tomaram alguns tombos. O Irlandês era a grande promessa do ano da Netflix. Orçamento milionário, Martin Scorsese na direção e um elenco de fazer inveja em Hollywood. Mas parece não ter sido o suficiente para render ao protagonista Robert De Niro uma indicação de Melhor Ator – Al Pacino e Joe Pesci foram indicados como coadjuvantes.
Quem também ficou de fora foi Aaron Paul, que trouxe de volta às telas o universo de Breaking Bad com El Camino: A Breaking Bad Film, da Netflix, e deu uma entrevista exclusiva a CLAUDIA na estreia.
Por fim e não menos importante, o Globo de Ouro não fez uma menção sequer a Olhos Que Condenam, possivelmente o maior soco no estômago que o streaming produziu esse ano. A série de quatro episódios é impossível de maratonar, tamanha a indignação que causa. Conta a história de cinco homens negros condenados e presos por um estupro cruel no Central Park, em Nova York, em 1989. O problema? Eles não eram culpados e esse erro só foi reparado em 2002. Emocionante, a série de Ava DuVernay – mais uma opção de diretora a ser indicada – relata erros na investigação e no julgamento e mostra os impactos da condenação na vida dos jovens.
Claro que nem todas as indicações do Globo de Ouro são perdidas ou incorretas. Há muitos bons trabalhos reconhecidos pela premiação. Entretanto, em ano tão agitado socialmente, com tanta pressão por mais igualdade em todas as áreas, ficou faltando o júri estar conectado à sociedade e entender quais assuntos ou figuras são tão relevantes que precisam estar entre os indicados.
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