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‘Olhos que Condenam’ é a série que definitivamente você não pode perder

A nova produção da Netflix mostra os detalhes do caso chamado de "Cinco do Central Park", em que jovens negros foram acusados injustamente de estupro.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 15 jan 2020, 14h33 - Publicado em 19 jun 2019, 13h06
CENTRAL PARK FIVE (Atsushi Nishijima/Netflix)
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Difícil de digerir. É dessa forma que a série “Olhos que condenam”, da Netflix, pode ser definida. A nova produção do streaming revela todos os detalhes do caso chamado de “Cinco do Central Park” – história real de cinco adolescentes negros que foram incriminados injustamente pelo estupro de uma mulher chamada Trisha Meili.

Mesmo com apenas quatro episódios – nomeados de “Parte 1”, “Parte 2”, “Parte 3” e “Parte 4” – é impossível terminar a série sem chorar ou querer gritar de raiva em pelo menos um dos capítulos. Esse misto de tristeza e indignação é porque Kevin Richardson (Justin Cunningham), Yusef Salaam (Chris Chalk), Raymond Santana (Freddy Miyares), Antron McCray (Jovan Adepo) e Korey Wise (Jharrel Jerome) eram apenas jovens negros de 14 a 16 anos, mas que foram tratados como animais irracionais durante todo o julgamento.

O nome por trás da série mais assistida desde o lançamento, no dia 31 de maio, é Ava DuVernay, cineasta conhecida pelas obras com forte crítica ao sistema carcerário estadunidense (“A 13ª Emenda“) e à forma de tratamento dos negros na sociedade (“Selma: Uma Luta pela Igualdade“). Na série, Ava dirige os quatro episódios. Também é corroteirista de todos eles, além de assinar como co-produtora.

Com uma mulher negra por trás de toda a realização da série, não há nenhum medo de colocar o dedo na ferida dos privilégios brancos e esse é um dos pontos altos do novo título da Netflix. Para isso, Ava constrói uma narrativa gradativa da vida dos cinco jovens, desde o momento em que eles decidem se reunir para ir ao Central Park até como foi viver aprisionados pelo crime não cometido.

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A história é forte por si só e não precisa de recursos apelativos para fazer com que se repense em como os negros têm sido tratados dentro da sociedade. Por exemplo, a diretora da trama mostra como foi a cobertura jornalística do caso – e já adiantamos que não houve empatia nenhuma nas reportagens e que frases no tom de “como você se sente ao ter um filho estuprador?” eram repetidas com frequência para os pais dos jovens. Além disso, Ava não tem medo de denunciar o racismo presente dentro dos tribunais.

Para demonstrar isso claramente, a produção traz Linda Fairstein (Felicity Huffman) e Elizabeth Lederer (Vera Farmiga) para o centro da história como duas representações fortes de como o Estado pode ser desumano. Como procuradora de Nova York e promotora do caso, respectivamente, elas mostram como o racismo é estrutural com o discurso de que os jovens negros, por estarem no local, eram automaticamente autores do crime.

Olhos-que-condenam-Netflix
(Atsushi Nishijima/Netflix)
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Também é chocante ver como Linda usa a fala de que a mulher foi brutalmente estuprada para validar a manipulação das provas – como os depoimentos dos réus (recolhidos sem o acompanhamento de um responsável), com agressões físicas e mais de 30 horas sem direito à refeição para que os adolescentes confessassem o crime que não cometeram.

Entre os quatro episódios disponíveis, o que mais chama atenção é o último. O capítulo dói e não é pouco. Como a classificação é de 18 anos, Ava não omitiu nenhuma das agressões físicas e psicológicas envolvidas em todo o processo.

Em uma entrevista ao Complex, o ator Jharrel Jerome transpareceu como foi dar vida a Korey, que é um dos réus. Ainda que ele tenha interpretado o jovem de uma forma espetacular, o ator pontuou que ‘Olhos que Condenam’ é uma produção televisiva e que a dor demonstrada não é, em si, o sofrimento do jovem negro.

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“Eu nunca serei Korey Wise. Eu nunca vou estar no lugar dele de verdade. Não importa o que aconteça, ainda é uma câmera na minha cara. Ainda é um orçamento da Netflix. Ainda é uma equipe inteira de pessoas com câmeras e luzes ao seu redor. Não importa o que aconteça, eu estou seguro. Eu sou saudável. Eu estou bem e não estou nessa situação”. 

Só que o ator também pontuou que algumas cenas foram desgastantes mentalmente. “Tiveram dias em que não consegui dormir. Dias em que não pude comer só de pensar no fato de que Korey não deveria ter sido capaz de comer. Dias em que eu ainda estava falando como ele. Eu estava indo para casa e eu não conseguia me livrar de suas cadências vocais e do jeito que ele estava falando, e eu lembro da minha mãe meio que me olhando como ‘Por que você está falando assim?’. Porque ela ainda não tinha ouvido a minha versão do Korey, então ela estava tipo: ‘Você está bem? Você está doente? O que há de errado com a sua voz?'”, lembrou Jharrel. 

Ao longo da trama, é possível realmente perceber toda essa imersão descrita pelo ator. Mas, mais do que isso, “Olhos que condenam” não poupa ninguém dessa sensação de estar em uma montanha-russa que parece apenas descer. E, muitas vezes, parece descarrilhar de vez sem nenhuma esperança de voltar a subir e melhorar.

Não é uma série leve, mas é extremamente necessária para entender o sistema carcerário em diversos países, os reflexos dele nas famílias que tem um parente detento e, principalmente, o que é ser um negro em meio a um julgamento em que a condenação chega antes mesmo do momento em que realmente sabemos qual foi o crime cometido.

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