Em tempos de “Me Too” e atores e atrizes incluindo cláusulas em contratos para garantir diversidade nos filmes que fazem, “Oito Mulheres e um Segredo” chega aos cinemas para mostrar como é divertido ver um time de estrelas de primeira grandeza de Hollywood trabalhando juntas.
A indústria cinematográfica ainda está muito longe de ser igualitária e justa com as mulheres, e lutar para que isso mude é muito necessário. Mas “Oito Mulheres e um Segredo”, que estreia nesta quinta (7) em cinema de todo o Brasil, não se dedica a ser um libelo feminista.
Debbie Ocean (Sandra Bullock) é a personagem que liga “Oito Mulheres e um Segredo” aos outros três filmes da franquia (“Onze Homens e um Segredo” e os sucessores “Doze Homens e Outro Segredo” e “Treze Homens e um Novo Segredo”). Ela é a irmã de Danny Ocean (George Clooney), que supostamente está morto. Assim como o irmão, ela faz parte de uma linhagem familiar de golpistas, e, depois de passar cinco anos na cadeia, está pronta para sair em liberdade e, diz ela, viver uma vida tranquila.
A sequência que mostra Debbie voltando à sociedade faz lembrar porque histórias de golpistas são tão atraentes. Sem usar de violência, só na malandragem, ela surrupia itens de luxo na chiquérrima loja Bergdorf Goodman, e consegue se hospedar de graça em um hotel 5 estrelas. Só levando as pessoas na conversa, usando a inteligência e o charme. Golpistas são os criminosos mais amáveis – desde que não sejamos as vítimas.
Os cinco anos na prisão serviram para Debbie planejar o crime perfeito: roubar uma joia de 150 milhões de dólares, diretamente do pescoço da anfitriã do MET Gala, Daphne Kluger (Anne Hathaway). Para quem não sabe, o MET Gala é um evento exclusivíssimo, acontece todos os anos no Museu Metropolitan, em Nova York, e reúne centenas de ricos e famosos.
O plano de Debbie não pode ser executado só por ela. Para alcançar o objetivo, ela recruta a parceira Lou (Cate Blanchett), a joalheira Amita (Mindy Kaling), a estilista Rose Weil (Helena Bonham Carter), a hacker Nine Ball (Rihanna), a trombadinha Constance (Awkwafina) e a dona de casa e receptora de produtos roubados Tammy (Sarah Paulson). Unindo as melhores habilidades de cada uma, elas vão atrás do colar premiado.
Para os fãs de moda e celebridades, o segundo ato do filme é puro deleite. O MET Gala é um evento que, da porta do museu para fora, é fotografado, transmitido e celebrado. Da porta para dentro, é um tanto misterioso: quem é convidado nunca fala muito sobre o que acontece por lá. Há uma política de não usar celular e não postar em redes sociais detalhes da festa. O filme é uma oportunidade de imaginar, com mais recursos, o que acontece quando as celebridades saem do tapete vermelho e entram no museu.
Celebridades, inclusive, não faltam. Além do elenco estrelado, há uma seleção de figurantes de luxo. Kim Kardashian, Kendall e Kylie Jenner, Heidi Klum, Adriana Lima, Katie Holmes e Serena Williams estão entre as dezenas de famosos que cruzam o tapete vermelho e os salões do MET para dar mais verossimilhança ao filme.
No meio de um elenco tão estrelado, quem provoca as melhores risadas é Anne Hathaway, no papel da egocêntrica e deslumbrada estrela de cinema Daphne Kluger. A sequência em que ela experimenta o colar de 150 milhões de dólares pela primeira vez e sente um prazer quase sexual é hilária. O time de golpistas tem química e funciona bem quando estão juntas em cena, mas as cenas com Hathaway são brilhantes.
Assistir às golpistas trabalhando juntas é uma delícia. Quando surge a ideia de escalar um homem para ajudar no plano, ela é descartada, porque “homens chamam a atenção, mulheres são ignoradas”. Por isso é uma pena que, no meio de tanta diversão entre mulheres, tenha de haver um homem chamando a atenção.
O galerista Claude Becker (Richard Armitage) é o antagonista de Debbie Ocean no filme, mas para quê? A empreitada em busca do colar milionário bastava, afinal de contas, encher o bolso de diamantes e dinheiro já é motivo suficiente para se meter em um crime, certo? Não precisava ter um homem, um romance e uma mágoa como motivação.
“Oito Mulheres e um Segredo” vale o preço do ingresso e a ida ao cinema, para ver na telona os looks incríveis, as boas piadas, o elenco estrelado. Ao fim do filme fica um gostinho de que poderíamos ter mais cenas com Rihanna, mais momentos com todas juntas e mais e mais golpes. A torcida é para que, assim como “Onze Homens e um Segredo”, a história das mulheres golpistas se desdobre em mais capítulos.
Assista ao trailer!