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O balé no cinema em 10 filmes

Selecionamos algumas das obras mais significativas que imortalizaram o balé no cinema

Por Ana Claudia Paixão
Atualizado em 20 out 2022, 13h31 - Publicado em 2 ago 2020, 08h30
 (Silver Screen Collection/Hulton Archive/Getty Images)
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Os apaixonados ou curiosos por balé podem sempre matar as saudades do universo da dança clássica com alguns filmes que relatam as ansiedades, as disputas e a dedicação dos bailarinos à sua arte. CLAUDIA selecionou dez filmes que retratam o universo da dança. Nem todos estão disponíveis em streaming ou televisão, mas vale relembrá-los e ficar atenta para quando houver a oportunidade de vê-los. Vamos lá.

    “Os Sapatinhos Vermelhos”

    Sapatinhos Vermelhos
    (Baron/Getty Images)

    Um dos grandes clássicos do cinema, sendo inclusive um dos cinco filmes favoritos– e recuperados – por Martin Scorcese“Os Sapatinhos Vermelhos”, de 1948, é sensacional em todos os aspectos. Usando o conto de Hans Christian Andersen como pano de fundo, o roteiro leva para as telas a história de ambição e sacrifícios.  A companhia de balé Lermontov é inspirada nos Ballets Russes, do russo Sergei Diaghilev, uma figura lendária que reunia dança, artes plásticas e música, e que revelou para o mundo os talentos de Anna Pavlova, Vaslav Nijinsky, Igor Stravinsky e muitos outros.

    Em “Sapatinhos”, Boris Lermontov descobre a talentosa Vicky Page (Moira Shearer) e faz dela uma estrela. Porém, Vicky é forçada a escolher entre o amor pelo palco e o casamento, com desfecho tão trágico como o da história de Andersen.  Dramalhão, com cores fortes e um balé de 16 minutos para deleite dos fãs da dança clássica. Além de Moira Shearer, que era uma das estrelas do Royal Ballet na época, o elenco contou também com vários bailarinos profissionais,  como o lendário Leonide Massine. Por muitos anos  “Sapatinhos Vermelhos” configurou da lista como o filme definitivo sobre balé e pode ainda ser chamado de perfeito.

     

    “Cisne Negro”

    Natalie Portman em
    (Dvulgação/Paramount Pictures)

    A irmã do diretor Darren Aronofsky dançou balé e ele ficou impactado com a vida de ensaios dos bailarinos. “Cisne Negro” não é  exatamente sobre balé, o diretor nos convida a acompanhar o espiral trágico de alguém que perde a estrutura emocional e funcional, que, por acaso, é uma bailarina. No caso, Nina Sayer, vivida por Natalie Portman e merecidamente premiada com um Oscar.

    Com a possibilidade técnica de digitalização, Aronofsky não precisou contar com bailarinas profissionais para os papéis principais, as atrizes tiveram dublê de corpo, mas nada disso perde o valor para a lista de filmes sobre balé. O título é uma referência ao papel duplo do balé “O Lago dos Cisnes”, onde a heroína, Odette (cisne branco) é substituída ardilosamente por Odile (cisne negro), sua sósia, em um baile. Odile seduz o príncipe Siegfried e rouba a esperança de Odette de voltar a ser humana. A dificuldade é que Odette/Odile são opostas em tudo, do gestual à interpretação, e a bailarina tem que ser duas pessoas em um mesmo balé.

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    A partir dessa premissa, Aronofsky faz um estudo do lado psicológico de uma pessoa fragilizada e obcecada pela perfeição. No mundo real não, não há “Ninas Sayers” que (SPOILER) literalmente morrem por seu papel, mas há sim a dificuldade de encontrar o tom da personagem. A trilha sonora, de Clint Mansell, usa os temas de Tchaikovsky dando tons soturnos antes não tão claros na música.

     

    “Momento de Decisão”

    Anne Bancroft e Shirley MacLaine
    Anne Bancroft e Shirley MacLaine foram indicadas ao Oscar pelo filme “Momento de Decisão”, em 1977 20th Century-Fox/Getty Images (20th Century-Fox/Getty Images)

    “Momento de Decisão” é de 1977 e foi dirigido por Herbert Ross, de“Funny Lady”. Ex-bailarino, era casado na época com a diretora do American Ballet Theatre, Nora Kaye. Por isso não é surpresa do filme retratar com exatidão os bastidores do mundo do balé. Mais ainda, facilitou para que ele tivesse acesso às maiores estrelas da dança da época que aparecem no filme. Além disso, garantiu indicações ao Oscar para todo elenco, incluindo os estreantes Mikhail Baryhsnikov Leslie Browne, e para a dupla Shirley MacLaine e Anne Brancroft.

    A trama é simples: duas amigas e bailarinas (Bancroft e MacLaine) se reencontram 20 anos depois em um momento determinante, onde questionam suas escolhas de vida. Uma delas virou uma estrela da dança, mas está sozinha e prestes a se aposentar (contra a vontade) e a outra está casada e com filhos, mas frustrada por ter sacrificado a carreira nos palcos. Em paralelo, a filha de 20 anos começa sua carreira e enfrenta a competição e a descoberta do primeiro amor, trazendo ainda mais desavenças entre as amigas.

    Mikhail Baryshnikov
    Leslie Browne e Mikhail Baryshnikov em “Momento de Decisão”, 1977 (20th Century-Fox/Getty Images)
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    Leslie Browne, que era uma das estrelas do American Ballet Theatre, assim como Baryshnikov, é fraca como atriz, mas como é ela mesma que faz todas as partes de dança, enriquece a história. Baryshnikov praticamente interpreta a si mesmo no filme, mas é sensacional que o cinema o tenha imortalizado no seu auge técnico. Ele estava nos Estados Unidos havia apenas três anos quando fez “Momento de Decisão”. Além dos dois, há várias estrelas e lendas do balé em papéis coadjuvantes, e as sequências completas de dança encantam os fãs de balé.

     

    “Center Stage – Sob a Luz da Fama”

    Center Stage
    Ethan Stiefel, Amanda Schull e Sascha Radetsky em ‘Center Stage’, de 2000 (Columbia Pictures/Getty Images)

    Em 2000, Nicholas Hytner é um “clássico recente”. Por muitos anos, vários diretores discutiram em voltar a tentar abordar os bastidores da dança, mas com as perfeições de “Os Sapatinhos Vermelhos” e “Momento de Decisão” tinham dificuldade de encontrar um novo ângulo. É nisso que “Center Stage” acerta. A aposta foi mostrar o início da carreira de um grupo de jovens, não apenas uma bailarina. Os estudantes ainda estão na escola e lutam para conseguir uma oportunidade, longe ainda de grandes produções.

    Hytner insistiu em contratar apenas bailarinos profissionais como atores e tinha razão. “Center Stage” ganhou inclusive uma continuação, mas é o original que agrada a todos. Como curiosidade, é o filme de estreia de Zoe Saldana. Assim como “Momento de Decisão”, o American Ballet Theatre foi o berço do elenco. Na época, Ethan Stiefel brilhava nos palcos como um dos principais. O espanhol Angel Coarella se machucou, saindo da produção e abrindo a vaga para Sacha Radetsky. Julie Kent, que estreou nos cinemas em “Dancers”, também participa. Embora “Center Stage” aborde temas importantes como bulimia, gordofobia e racismo, o filme mantém a leveza na história e por isso mesmo conquistou tanta gente. 

     

    “Dancers”

    Alessandra Ferri e Mikhail Baryshnikov
    Alessandra Ferri e Mikhail Baryshnikov no filme “Dancers” (Reprodução/Getty Images)
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    “Dancers” marca o reencontro entre Herbert Ross e Mikhail Baryshnikov dez anos depois de “Momento de Decisão”. Não é uma continuação, mas há uma ligação clara. Ninguém filmou balé tão bem quanto Ross. O roteiro de “Dancers” se espelha na fórmula de “Sapatinhos Vermelhos”, usando a mesma premissa de mostrar a trama do balé “na vida real”.

    Enquanto em “Sapatinhos”, Vicky é a bailarina que não consegue resistir à ambição de ser uma estrela do balé (os sapatinhos vermelhos) e sacrifica sua vida por isso, em “Dancers”, Baryshnikov é um bailarino que está montando o balé “Giselle” e vive fora dos palcos o dilema de sua personagem, Albretch. Assim como no balé, Albretch/Baryshnikov perdeu a paixão pela vida e se encanta com a inocência de uma jovem bailarina ( “Giselle”, vivida por Julie Kent), que, no fim das contas, salva sua alma.

    Mikhail Baryshnikov
    (Reprodução/Getty Images)

    “Dancers” não tem a química de “Momento de Decisão” e se arrasta, mas conta com Baryshnikov maduro, poderoso. As participações de Alessandra Ferri e Leslie Browne são um atrativo a mais, especialmente porque o filme mostra o segundo ato completo de “Giselle”, lindamente filmado.

     

    “Billy Elliot”

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    fimes-educam-billy-elliot

    A história é inspirada na vida do coreógrafo Matthew Bourne, sobre um menino inglês, Billy Elliot, que faz parte de uma família de trabalhadores operários e que descobre que, em vez de futebol, gosta mesmo é de balé. Billy enfrenta o preconceito, assim como os desafios da dança, conquistando apoios inesperados. Não há muito balé no filme, mas “Billy Elliot”, que chegou a ser indicado ao Oscar, entrou para a cultura pop e virou um musical da Broadway. É uma pérola que vale estar na lista dos filmes de balé.

    “Noites Brancas”

    Gregory Hines e Mikhail Baryshnikov
    (Hulton Archive/Getty Images)

    Sendo a lenda que é, não é bem surpresa que Mikhail Baryshnikov seja onipresente nos filmes de dança. No caso, em “Noites Brancas” ele divide as telas com o genial Gregory Hines e os dois estrelam algumas sequências já clássicas. Da cena da aposta das 11 piruetas aos ensaios que incluem sapateado, e, mais do que tudo, a abertura do filme com o sensacional “O Jovem e a Morte”, de Roland Petit, é para se deliciar.

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    Helen Mirren e Mikhail Baryshnikov
    (Hulton Archive/Getty Images)

    A história é inspirada em um medo que era muito real em tempos de Guerra Fria. Um bailarino russo, que desertou para os Estados Unidos, sofre um acidente de avião a caminho do Japão e cai em solo soviético. Antes de ser julgado, e possivelmente executado por sua deserção, ele deve fazer uma última apresentação em sua terra. Ele se recusa e o Governo russo convoca uma ex-namorada (Helen Mirren) e um americano negro, que deixou os Estados Unidos decepcionado com o racismo, para convencer o bailarino (Baryshnikov) a dançar. Se não bastasse, a melosa Say You, Say Me, de Lionel Ritchie, foi escrita para o filme. Muito bom.

    “Luzes da Ribalta”

    Luzes da Ribalta
    (Keystone/Getty Images)

    A cena de dança em si é curta, mas é ao som de uma das melodias mais clássicas do cinema, composta pelo diretor e roteirista do filme, Charles Chaplin. “Luzes da Ribalta” é a história do palhaço e a colombina, mas contada com a delicadeza e talento de Chaplin. O palhaço velho e doente salva a jovem bailarina (Claire Bloom) com problemas psicológicos, que está paralítica por causa de uma crise depressiva. Juntos, os dois conseguem se reerguer, mas a vida os separa implacavelmente. A sequência do ensaio, quando se ouve a música principal pela primeira vez, e o balé completo no final são desafiadores para manter os olhos secos. Por isso faz parte da lista. Bloom foi dublada pela bailarina Melissa Hayden, na época uma das estrelas do New York City Ballet.

    “O Quebra-Nozes”

    Macaulin Culkin
    (Reprodução/Amazon)

    Em 1991, a Warner Bros levou para as telas a montagem do balé com a coreografia de Georges Balanchine. Maucalay Culkin é a personagem-título, mas não dança. Basicamente repete as expressões de “Esqueceram de Mim”. A descrição não parece animadora, mas o filme é lindo. É uma rara oportunidade de ver a produção que há 66 anos é uma das maiores atrações turísticas em Nova York. Balé puro, sem diálogos.

    E, como curiosidade, em 2010, o filme “O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos” voltou ao universo da história, com pouca dança e muita ação. O que vale para entrar na lista é a rápida participação de Misty Copeland no papel da Fada Açucarada, o que vale o filme.

     

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