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Nova série de Sophie Turner aborda suicídio e é taxada de irresponsável

A nova "13 Reasons Why"? Psiquiatra avalia a série "Survive", que reacendeu o debate sobre a representação do suicídio na TV e no cinema

Por Colaborou: Esmeralda Santos
Atualizado em 22 abr 2024, 12h38 - Publicado em 16 abr 2020, 20h00
Sophie Turner em cena na série Survive (Reprodução/Reprodução)
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Há pouco mais de 3 anos a série “13 Reasons Why” chegava à Netflix recheada de conflitos juvenis e uma intensa cena de suicídio, que virou tema de um intenso debate na época. Com isso, a série acabou levantando questões que antes eram banalizadas.

Alguns erros cometidos em 13 Reasons Why estão sendo repetidos em “Survive” da plataforma Quibi – um serviço de streaming lançada no início do mês. Focado em vídeos curtos, com séries de 10 minutos por episódio, o Quibi só pode ser acessado por dispositivos móveis.

Baseado no livro “Survive”, de Alex Morel, a série narra a história da jovem Jane Salas, interpretada por Sophie Turner – a Sansa de “Game of Thrones”. Jane sofre de estresse pós-traumático e impulsos suicidas. A série mostra em detalhes as falas da personagem sobre o assunto, além de ter flashs do momento em que ela tenta suicídio.

Apesar do aviso “cenas que algumas pessoas podem achar perturbantes, incluindo problemas mentais e pensamentos suicidas”, a série está sendo chamada de irresponsável.

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Na trama, Jane e Paul (Corey Hawkins) são os únicos passageiros que sobreviveram a queda de um avião num local extremamente remoto. Com isso, eles precisam se unir para sobreviver. Em meio ao drama do acidente, imagens do passado de Jane são mostradas ao público.

Condenada por críticos de cinema

Na plataforma Rotten Tomatoes, que reúne a opinião de críticos de cinema e do publico em geral, a série divide opiniões e tem aprovação de 47% por parte da crítica.

Mas não parou no Rotten. Emily Todd VanDerWerff escreveu ao site Vox que “é uma das séries mais irresponsáveis que já vi”. Brian Lowry, da CNN, escreveu: “De longe, é a pior série do catálogo do Quibi”, e ainda criticou a plataforma em si.

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As críticas se deram principalmente pela forma que a série mostra os detalhes de algo delicado, como cortes na pele de Jane, por exemplo. Kathryn VanArendonk do Volture, também escreveu a respeito. “Honestamente, não sei o que é mais frustrante: a irresponsável ideação suicida ou as pedantes cenas de flashback”.

O que dizem os especialistas

Segundo a OMS, é necessário evitar descrever detalhadamente o suicídio. No caso de “13 Reasons Why”, a cena que mostra o suicídio de Hannah Baker, é totalmente contraindicado pela OMS. Na época em que a série foi lançada, o CVV (Centro de Valorização a Vida) relatou que, os contatos aumentaram.

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Além disso, a OMS ainda orienta em sua cartilha de prevenção ao suicídio que haja um plano para os meios de comunicação. ” Pedir aos meios de comunicação que não glorifiquem, embelezem, ou dramatizem a morte, com o objetivo de prevenir a possibilidade de suicídios por contágio”.

A psiquiatra e psicanalista Maria Francisca Mauro explica que “os riscos quando se aborda o suicídio pela mídia ou através da dramaturgia é ocasionar um comportamento de contágio, em que pessoas que estão mais vulneráveis emocionalmente, se identifiquem com as personagens e possam tentar se matar”.

Além das orientações da OMS, Maria diz que é necessário que haja um cuidado extra com relação à faixa etária de quem pode assistir ao conteúdo e que, de fato, é importante fazer advertências sobre as cenas que podem causar desconfortos em pessoas mais vulneráveis.

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“Também não realizar com detalhes cenas que possam ir criando na pessoa uma construção concreta do caminho para se matar, mas utilizar mais uma forma implícita ou de sugestão, em que não se solidifiquem estas imagens nos espectadores”, explica.

Maria Francisca reforça o cuidado que a mídia deve ter ao abordar o assunto, e diz que é preciso informar os canais que as pessoas possam utilizar como um meio de ajuda. “Em alguns cenários, a pessoa chega num limiar de sofrimento ou esgotamento psíquico que acredita que aquela dor tão profunda possa ter alívio apenas com a morte. Também, de acordo com os sintomas da pessoa, ela pode acreditar que aquele conteúdo é um sinal para que se acabe com a própria vida. Portanto, ao se produzir estes conteúdos estes desdobramentos devem ser considerados”.

Maria Francisca ainda observou que, apesar das críticas pela forma que “Survive” abordou transtornos, houveram algumas medidas de cuidado necessárias para o conteúdo. “No início dos 4 capítulos que cercam este conteúdo, tem um aviso para que as pessoas que tem alguns quadros sofrimentos emocionais fiquem atentos ao que vão sentir e também no final destes capítulos sinalizam um canal de ajuda para as pessoas que tem pensamento suicida”.

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Ao ver os primeiros capítulos da série, a psiquiatra notou que, além dos cuidados já citados, houve uma visão otimista sobre o estado de Jane. “observei que fazem mais menção através de um jogo de cena, não necessariamente mostrando a personagem se cortando e ficando mais no caráter da sugestão”, diz Maria Francisca.

“Também achei interessante que colocam o sofrimento da personagem, dentro do seu conflito interno, de forma muito intensa, conseguindo expressar que tem muita certeza de que somente se matar pode ser a saída”.

Quando o acidente no avião acontece exatamente no momento em que ela tenta contra a própria vida, começa então uma luta que ela jamais imaginaria enfrentar: a de sobreviver. “O que refleti dentro deste conteúdo foi que alguns pacientes após tentativas graves de suicídio, quando sobrevivem, passam por uma ressignificação da vida. De tal forma que a série pode também despertar esta percepção de luta por sobreviver”.

Maria Francisca ressalta que não há forma mais leve de abordar o suicídio por ser um ataque aos valores da vida, mas “deve ser construído de forma a provocar informação para que a pessoa ao assistir ou ler perceba que não está sozinha”, explica. “Não é deixar de falar sobre o suicídio, mas conseguir abordar o tema sem que se reforce ou desperte este como saída para o sofrimento emocional”.

Em tempos de isolamento, não se cobre tanto a ser produtiva:

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