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Mostra de Cinema de Ouro Preto homenageia a música preta brasileira

Com o tema “Imagens da MPB (Música Preta no Brasil)”, o evento homenageia Tony Tornado e coloca em evidência a música preta no cinema nacional

Por Sarah Brito
Atualizado em 22 abr 2024, 22h08 - Publicado em 16 jun 2023, 08h03
Mostra de Cinema de Ouro Preto 2023
Cena do filme "Diálogos com Ruth de Souza", de Juliana Vicente, que estará na Mostra Contemporânea do festival (Divulgação/Divulgação)
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A Mostra de Cinema de Ouro Preto (CINEOP) retorna com sua programação única na cidade mineira entre os dias 21 e 26 de junho, com a temática “Imagens da MPB (Música Preta no Brasil)”, enfatizando a existência de criações musicais de artistas pretas e pretos nas trilhas sonoras e nos elencos, como personagens em ficção, documentários, videoclipes e performatividades variadas. 

Serão 6 dias de conteúdos inéditos, com a exibição de mais de 125 produções nacionais e internacionais, além de debates, lançamento de livros, oficinas e exposições, tudo de forma gratuita. 

O cantor e ator Tony Tornado é o homenageado da edição, e se apresentará no dia 23 de junho, ao lado de seu filho, Lincoln Tornado. Ele receberá o tributo por sua notável trajetória na música e no cinema brasileiro. 

Mostra de Cinema de Ouro Preto 2023
Tony Tornado é o homenageado da edição. (Leo Lara/ Universo Produção/Divulgação)

Natural de Presidente Prudente (SP), Tony se tornou, a partir dos anos 1960, um dos precursores do movimento da “black music” brasileira, inspirado na luta pelos direitos civis dos Estados Unidos. Logo se tornou também um dos artistas pretos mais conhecidos da TV e do cinema, protagonizando sucessos como Vamp (1991-1992) e Sinhá Moça (1986). Hoje, aos 93 anos, segue na atividade, interpretando o Frei Tomé na novela Amor Perfeito.

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Segundo os curadores da edição, Cléber Eduardo e Tatiana Carvalho, a ideia é colocar em evidência a música preta em seus contextos históricos e culturais nos séculos 20 e 21, mostrar a herança de tradições atualizadas do passado e de outras geografias, e refletir sobre a riqueza a ser preservada na relação com as imagens.

“Historicamente, a relação da música preta em ficções e documentários teve uma presença tímida no cinema brasileiro e só se ampliou de modo considerável nos últimos 25 anos, com a profusão de filmes e séries sobre diversos artistas, brancos e pretos, na grande maioria dirigidos por pessoas brancas e com o tom de biografia legitimadora como norte”, explica Cléber.

Temáticas

Mostra de Cinema de Ouro Preto 2023
Cena do curta “Perto de Clarice” (1982), de João Carlos Horta, que estará na Mostra Preservação. (Divulgação/Divulgação)
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Uma outra novidade da mostra será a abordagem de outras três temáticas, cada uma delas com um time especializado, que anualmente constrói caminhos de ação e reflexão em filmes, debates, masterclasses, encontros e oficinas, sendo elas: História, Educação e Preservação. 

Um das curadoras da temática de Preservação, Fernanda Coelho explica que a organização para este evento parte de vivências e de três eixos sobre preservação da arte brasileira: o diálogo por políticas públicas para a preservação audiovisual num novo ciclo de governo, representada pela atualização do Plano Nacional de Preservação Audiovisual; o debate sobre a imposição do digital e suas questões éticas, técnicas e políticas; e a reflexão sobre a criação de uma rede nacional de arquivos audiovisuais.

“Enfrentamos redes de ódio e disseminação de mentiras enquanto vimos surgirem articulações nacionais e internacionais que promovem justiça, conhecimento e cultura. Também a padronização de ferramentas e de linguagem de bibliotecas de cinema da América Latina; a conexão de museus públicos e privados, de diferentes portes e territórios; e o mapeamento de arquivos audiovisuais brasileiros foram iniciativas que colocaram a formação de redes em destaque”, acrescenta Fernanda.

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Mostra de Cinema de Ouro Preto 2023
Série Paulo Freire: “A Formação do Pensamento” (2020), de Cristiano Burlan (Divulgação/Divulgação)

Na temática Educação, as curadoras Adriana Fresquet e Clarisse Alvarenga partem de uma reflexão do educador Paulo Freire sobre o poder da televisão, em 1983. Para trazê-la ao tempo presente, problematizar as relações entre cinema e educação digital é avaliar as potências e os riscos de ver, produzir e compartilhar audiovisual no contexto de uma educação que é simultaneamente analógica e digital.

“A inclusão digital é um direito e, de fato, um passo importante rumo à cidadania. Mas o cuidado precisa se tornar também uma política pública rigorosa e evitar automatismos de submissão do humano aos caprichos bem disfarçados do capitalismo de vigilância e da informação que, em ritmos de 24 horas por 7 dias por semana, disputam nossa atenção, predizendo, capturando e produzindo o nosso desejo”, conclui Clarisse.

Para mais detalhes sobre a programação, locais de exibição e os horários de debates e apresentações acesse cineop.com.br/programacao.

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