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Licorice Pizza, de Paul Thomas Anderson, nos faz (re)acreditar no amor

O filme que concorre ao Oscar 2022 tem a quantidade certa de afeto, comédia e sonhos joviais

Por Paula Jacob
17 fev 2022, 09h00
Licorice Pizza
 (Divulgação/Divulgação)
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Nada mais bonito que o amor. Você há de concordar, certo? Apreciar aquela troca de olhares apaixonados, presenciar uma demonstração de afeto, dar ou receber um tanto, encher o peito de ar na tentativa de não perder o chão. Não à toa, livros, filmes, séries e peças de teatro buscam incessantemente traduzir (ou ao menos recriar) o que é amar e ser amado. E é com tamanha sensibilidade que Paul Thomas Anderson volta às telas com Licorice Pizza, uma comédia romântica na sua essência, com um pouco de drama, claro, e muitos sonhos da juventude.

Alana Kane (Alana Haim) e Gary Valentine (Cooper Hoffman) têm 10 anos de diferença e se conhecem por acaso na escola onde Gary está se formando. Do fortuito encontro, cheio de flertes e brincadeiras, nasce uma amizade com aquele fundinho de paixonite adolescente. Eles fazem tudo juntos até as coisas do coração ficarem meio atrapalhadas, daí se afastam, depois voltam, depois se afastam, depois voltam… A leveza da história acompanha atuações ótimas de ambos protagonistas: ela, na sua estreia, entrega tudo o que uma personagem feminina em um filme romântico precisava ter; ele, filho de quem é, se mostra talentoso demais para a sua idade, em um personagem aparentemente deslocado, mas certamente confiante.

Licorice Pizza
(Divulgação/Divulgação)

O diretor, apesar de esnobado pela academia do Oscar em outras oportunidades – Trama Fantasma, Sangue Negro e O Mestre, para citar algumas –, tem na veia artística uma sutileza essencial para Licorice Pizza dar certo. É aquele quê nostálgico da fotografia característica, sua obsessão com o universo da Califórnia dos anos 1970 e a capacidade de fazer diálogos relacionáveis. E mesmo na sua fórmula mais fofa, por assim dizer, Paul Thomas Anderson consegue conquistar até os corações mais rígidos. É impossível não sair do cinema saltitante, com aquela inspiração que só o amor pode dar. 

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Interessante também perceber as nuances dessa paixão jovial, que nasce na amizade e nela se alicerça para criar um espaço de respeito e carinho entre Alana e Gary. Na fuga de admitir o interesse mútuo, eles acabam se provocando com situações bastante comuns de ciúmes e certas infantilidades. Isso gera um atrito de história e faz o roteiro caminhar com bastante naturalidade. É justamente nessa característica dos personagens que mora a humanidade deles, que acertam, erram, fazem besteiras, chamam a atenção do jeito errado, não sabem muito bem lidar com as mudanças de humor da idade, nem se comportar diante de um sentimento tão intenso e complexo quanto o amor. Enfim, uma construção de narrativa muito bem feita na sua totalidade.

Licorice Pizza
(Divulgação/Divulgação)

Atrelado a isso, a estética sublime do diretor soma à sensação de acolhimento e otimismo. A direção de fotografia, co-assinada por Paul Thomas Anderson com Michael Bauman, por exemplo, carrega uma brincadeira entre o controle visual e a despretensiosidade da vida. Existem muitas cenas dinâmicas, com os personagens correndo de um lado para o outro, em contraponto às estáticas de situações tragicômicas. Figurino e design de produção contribuem para esse universo mágico – quase uma realidade paralela ao que estamos vivenciando e assistindo nos últimos tempos. Talvez, ou com toda certeza, Licorice Pizza era tudo o que a gente estava precisando e não sabia. Como é bom poder (re)acreditar no amor.

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