Quem navega pela exposição digital Negras Cabeças, idealizada pela artista baiana Íldima Lima, se depara com uma forma diferente de conhecer a cultura e história de povos do continente africano.
Por meio de penteados e adornos de oito mulheres, o público se conecta com a linguagem visual-ancestral das etnias Betsimisaraka (Madagascar), Mangbetu (Congo), Suri (Etiópia), Mursi (Etiópia), Mwila (Angola), Mbalantu (Angola), Himba (Namíbia/Angola) e Fulani (Senegal). Cada etnia com a sua particularidade, que tende a se perder nas ideias generalizadas e restritas da África.
Para CLAUDIA, Íldima Lima diz que seu intuito é instigar as pessoas a pesquisar mais sobre as tantas culturas presentes no continente africano, que foi violentado e objetificado a partir da diáspora.
“Acredito que as pinturas contribuem para o fortalecimento da nossa identidade a partir da representatividade no campo imagético. A arte engrossa o coro para esse chamado do resgate do que seria um referencial de beleza negra concebido em suas matrizes originais sem o embranquecimento promovido pelo processo de colonização e perpetuado pelo racismo estrutural”, destaca.
A exposição celebra e comunica visualmente a potência, a beleza e o simbolismo por meio de penteados. Para a artista, a mensagem pode ser alcançada tanto pelas pessoas negras, no sentido de evocar o sentimento de pertencimento e orgulho das próprias raízes, quanto das não-negras. Dessa forma, cria-se uma oportunidade de aproximação e reconhecimento do valor dessas tradições que não encontramos nos livros, mas que existiram e ainda resistem.
“Minha única expectativa é que as pessoas, em especial as negras, sintam-se provocadas a sair da exposição e pesquisar mais sobre a nossa história, todos que vieram antes de nós e que, por terem sofrido diversas formas de violência, foram retirados de sua humanidade”, enfatiza.
Além das pinturas, a exposição ainda conta com um game, ferramenta didática e atrativa. No futuro, Íldima planeja apresentar seu trabalho fisicamente a partir de outras conexões tecnológicas.
“Digo isso muito mais no sentido de ampliar nossas vozes nesses espaços tradicionais de arte, ou seja, no sentido da representatividade, transmitindo a mensagem a outras artistas negras de que é possível ocupar galerias e museus contando nossas histórias”, motiva.
A mostra virtual está disponível no site Negras Cabeças. Para acompanhar a experiência, clique aqui.