E o Oscar vai para…
Antes mesmo da entrega das estatuetas, a edição da premiação mais aguardada do cinema já estabelece recordes e feitos importantes
Pode ou não gostar, pode ou não concordar com os resultados, mas se tem uma coisa que vai fazer todo mundo ligar a televisão no dia 27 de março é a 94ª cerimônia do Oscar. Este ano, os olhos estarão todos voltados para Ataque dos Cães, da neozelandesa Jane Campion. Concorrendo em doze categorias, o filme aborda a masculinidade tóxica de forma delicada e cirúrgica. Outro destaque da edição é Duna, ficção científica adaptada do livro de Frank Herbert por Denis Villeneuve, diretor conhecido por ressignificar o gênero no cinema contemporâneo com sua estética minimalista e envolvente. Já na lista de queríamos-que-vencesse-alguma-coisa-mas-pouco-provável, está a comédia romântica Licorice Pizza, de Paul Thomas Anderson, que aborda os altos e baixos dos nossos primeiros amores, e o musical Amor, Sublime Amor, refilmagem de Steven Spielberg do clássico de 1961. A seguir, te convidamos a descobrir os feitos emocionantes que podem tomar conta do Teatro Dolby, em Los Angeles.
Idade não é documento
Aos 87 anos, a lendária Judi Dench conquistou um espaço entre as indicadas à Melhor Atriz Coadjuvante pela excelente performance em Belfast. Assim, ela se torna a segunda intérprete mais velha a ser nomeada nesta categoria, perdendo apenas para Gloria Stuart (Titanic), que recebeu a indicação com a mesma idade, porém meses mais velha. Caso vença, Judi será a pessoa mais velha da história a ganhar um Oscar de atuação. Até o momento, o recorde é de Anthony Hopkins, que levou a estatueta para casa aos 83 anos com Meu Pai.
Cadeira cativa
Jane Campion (Ataque dos Cães) é uma das favoritas para receber a estatueta de Melhor Direção nesta edição. Durante os 94 anos da premiação, apenas duas mulheres venceram essa categoria: Kathryn Bigelow, por Guerra ao Terror (2010), e Chloe Zhao, por Nomadland (2021). Caso a Academia dê o prêmio para Campion, esta será a primeira vez na história em que duas diretoras serão reconhecidas em anos seguidos. Para efeito de comparação, o Oscar premiou diretores homens por 81 anos consecutivos.
Sci-fi que a gente ama
A nova versão de Duna foi indicada para todas as categorias técnicas desta edição. Será que a história de O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei irá se repetir? Para quem não lembra, em 2004, o filme não só conquistou essa façanha, como abocanhou todos os troféus técnicos da noite.
As injustiçadas
Sim, estamos falando dela: Lady Gaga. Depois de conquistar indicações ao BAFTA, SAG Awards e Critic’s Choice, a cantora e atriz (e todo mundo) estava confiante na listinha do Oscar 2022. Mas, infelizmente, seu papel como Patrizia Reggiani em Casa Gucci ficou de fora. E ela não é a única do universo musical a ser esnobada pela academia. Em 1984, Cher entregou a melhor performance de sua carreira em Silkwood, mas não voltou para casa como a Melhor Atriz Coadjuvante. Recentemente, Jennifer Lopez recebeu múltiplos elogios por seu desempenho em As Golpistas, porém, sequer surgiu entre as indicadas. Fuén!
Primeira vez para tudo
Inclusive para receber uma indicação ao Oscar. Este ano, nove atores fazem a sua estreia na listinha: Kristen Stewart (Spencer), Kirsten Dunst (Ataque dos Cães), Ciarán Hinds (Belfast), Troy Kotsur (No Ritmo do Coração), Jesse Plemons (Ataque dos Cães), Jessie Buckley (A Filha Perdida), Ariana DeBose (Amor, Sublime Amor), Aunjanue Ellis (King Richard) e Kodi Smit-McPhee (Ataque dos Cães).
Draw me like a rebel
As vestimentas de Cruella (2021) estão entre as mais deslumbrantes dos últimos tempos. Sem surpresas por aqui: quem elaborou as peças foi ninguém menos que Jenny Beavan, vencedora do Oscar de Melhor Figurino por Mad Max: Estrada da Fúria (2016) e Uma Janela Para o Amor (1987). Apesar de serem igualmente icônicos, os trajes de 101 Dálmatas – protagonizado por Glenn Close – não receberam o mesmo reconhecimento da Academia nos anos 1990. Vale lembrar que o live-action glamouroso com Emma Stone também está nomeado para Melhor Cabelo & Maquiagem, competindo com Casa Gucci, Duna e Os Olhos de Tammy Faye. Já fez suas apostas?
De lá para o mundo
Por quatro anos consecutivos, ao menos um indicado a Melhor Filme Internacional também alcança um espaço entre os nomeados a Melhor Filme, principal categoria da noite. São eles: Roma (2019, México), Parasita (2020, Coréia do Sul), Druk (2021, Dinamarca) e Drive My Car (2022, Japão). Este último quebrou o recorde de produção japonesa mais indicada na história da Academia: ao todo, foram quatro nomeações, Melhor Filme, Melhor Diretor (Ryusuke Hamaguchi), Melhor Roteiro Adaptado (Hamaguchi e Takamasa Oe) e Melhor Filme Internacional.
Quando o clássico encontra o cool
Billie Eilish é a artista mais jovem a gravar a música-tema da franquia 007. E em março de 2022, ela provavelmente entrará para a história como uma das pessoas mais jovens a vencer um Oscar, já que a faixa No Time To Die é a principal aposta na categoria Melhor Canção Original. Esta é a sexta música da saga de James Bond a ser indicada na cerimônia, sendo duas delas vencedoras da estatueta dourada: Skyfall, de Adele, e Writing’s On The Wall, interpretada por Sam Smith.
LGBTQIA+, sim, por favor!
Após proporcionar uma performance eletrizante em Amor, Sublime Amor, Ariana DeBose foi indicada a Melhor Atriz Coadjuvante na cerimônia deste ano. Caso conquiste a estatueta, ela se tornará a primeira mulher negra abertamente LGBTQIA+ a vencer um Oscar de atuação. Um dos últimos marcos queer na Academia ocorreu em 2018, quando Uma Mulher Fantástica se tornou o primeiro longa protagonizado por uma atriz transsexual, Daniela Vega, a vencer a categoria de Melhor Filme Internacional. Muito pouco, queremos mais!
Elas fazem (a) história
Em 2022, três mulheres foram indicadas a Melhor Roteiro Adaptado: Jane Campion (Ataque dos Cães), Maggie Gyllenhaal (A Filha Perdida) e Siân Heder (No Ritmo do Coração). Isso não acontece desde 1992, ano em que três dos quatro roteiros indicados nesta categoria pertenciam à mulheres. A última roteirista a vencer este troféu foi Diana Ossana por O Segredo de Brokeback Mountain, há dezesseis anos.
Talento múltiplo
Com King Richard, Will Smith se tornou o segundo homem negro a receber indicações de atuação e produção no mesmo ano. Denzel Washington foi o primeiro a alcançar este feito com Fences, em 2017. Além dos astros, apenas outras sete pessoas realizaram a façanha: Warren Beatty, Kevin Costner, Clint Eastwood, Brad Pitt, Bradley Cooper, Leonardo DiCaprio e Frances McDormand, que se tornou a primeira mulher a vencer ambas as categorias, em 2021, por Nomadland.
Representatividade importa
Após receber a indicação por sua atuação em A Tragédia de Macbeth, Denzel Washington estende o seu recorde como ator negro mais nomeado no Oscar – ao todo, foram dez. Ele venceu o troféu por Tempo de Glória (1990) e Dia de Treinamento (2002). Até o momento, o astro mais indicado de todos os tempos é Jack Nicholson (doze vezes).