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Chiquinha Gonzaga: conheça a história dessa mulher incrível

Sabia que, em homenagem a Chiquinha Gonzaga, 17 de outubro é o Dia da MPB?

Por Júlia Warken
Atualizado em 16 jan 2020, 06h49 - Publicado em 17 out 2018, 10h34
 (Ile Machado/MdeMulher)
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Em 1999, a história dela inspirou a minissérie de grande sucesso que levava seu nome. Já em 2012, o dia em que nasceu (17 de outubro) foi oficializado como o Dia da MPB. Chiquinha Gonzaga é lembrada até hoje por sua genialidade musical e pela ideologia libertária, mas nunca é demais falar sobre essa grande mulher, que viveu muito à frente de seu tempo!

Francisca Edwiges Neves Gonzaga nasceu em 1847, no Rio de Janeiro, e era filha de um rico militar. Aos 13 anos, foi forçada pelo pai a casar-se com o oficial da marinha Jacinto Ribeiro do Amaral, homem que ela detestava. Desde cedo a moça já nutria um espírito livre e a paixão pela música – Chiquinha começou a compor aos 11 anos de idade!

Ainda na adolescência, ela estava sempre pela rua na companhia de boêmios, o que enfurecia seu marido. Além disso, Jacinto queria obrigá-la a desistir da carreira musical. Aos 18 anos, Chiquinha resolveu abandoná-lo e saiu de casa, levando consigo apenas o filho mais velho, João Gualberto, já que o ex-marido a impediu de ficar com os outros dois – Maria do Patrocínio e Hilário. Em meados do século 19 dá para imaginar o quanto essa mulher foi condenada por separar-se, né? A garota rica viu as portas da sociedade carioca se fecharem e passou a ser duramente rechaçada.

Reprodução Reprodução

Depois de deixar Jacinto para trás, ela foi viver com o engenheiro João Batista de Caravalho, com quem teve uma filha chamada Alice. Chiquinha era muito apaixonada por ele, mas cansou-se das constantes traições e resolveu se separar novamente. João Batista também impediu que ela criasse Alice e, mais uma vez, Chiquinha passou a viver apenas com o primogênito.

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Somente décadas mais tarde, aos 52 anos de idade, ela entregou-se ao amor novamente. Só que aí o problema seria outro: o rapaz por quem se apaixonou – e que a amava também – tinha apenas 16 anos. Mesmo assim, em segredo, ela e João Batista Lage viveram um grande amor. Mas não é nem preciso dizer como isso era mal recebido pela sociedade, né? Homens estavam liberados de ter esposas muito mais jovens, mas o contrário era inadmissível, lógico.

Em se tratando da carreira, como sabemos, ela era genial e é de sua autoria a primeira marchinha de carnaval da história: Ó Abre Alas. Aliás, poucos musicistas foram tão produtivos quanto ela. Chiquinha tem mais de 2 mil composições no currículo e transitava entre vários estilos musicais, como choro, polca, samba e até tango.  Mesmo assim, ela era mulher (e uma mulher “desquitada”, ainda por cima), além de militante ativa em causas sociais, o que fez com que sua vida não fosse nem um pouco fácil.

Dava aulas de música para sustentar o filho e, aos 30 anos, conseguiu finalmente emplacar um grande sucesso, a polca Atraente. Nessa época, Chiquinha sonhava em trabalhar com teatro, mas teve diversas composições recusadas. Só anos depois, em 1883, musicou a peça Festa de São João, seu primeiro trabalho no ramo.

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Também é importante ressaltar que ela viveu numa época em que a música brasileira sequer tinha status de arte. A alta sociedade só queria saber do que era exportado da Europa e não se dava valor a qualquer expressão cultural que remetesse à brasilidade.

Chiquinha foi peça fundamental para que a música daqui finalmente alcançasse seus dias de glória. Villa-Lobos, por exemplo, estava literalmente usando fraldas nessa época – ele era 40 anos mais jovem do que ela. Para se ter uma ideia, foi Chiquinha quem começou introduzir instrumentos populares, como o violão, nas apresentações de teatros renomados.

Divulgação Divulgação

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Mas essa mulher não foi apenas uma grande musicista. Chiquinha era feminista – numa época em que a palavra ainda nem figurava nos dicionários – e também militava a favor da abolição da escravatura e da proclamação da República. De porta em porta, ela vendia suas partituras para ajudar a financiar a Confederação Libertadora, organização antiescravista da qual fazia parte. Ela chegou até a comprar a alforria de um escravo, o músico José Flauta.

Por conta do romance proibido com João Batista Lage, Chiquinha e ele mudaram-se para Lisboa por algum tempo. Depois voltaram ao Brasil e ficaram juntos até o fim da vida dela, sempre em segredo. Para todos os efeitos os dois eram apenas amigos e ela dizia que o tinha como filho.

Chiquinha Gonzaga faleceu aos 87 anos, em fevereiro de 1935, às vésperas do carnaval. Apesar de ter o trabalho celebrado na época em que viveu, ela batalhou arduamente e só depois de sua morte é que a compositora foi realmente reconhecida como inegável gênia da música. Mais do que um dia da celebrar a MPB, o 17 de outubro é uma data para lembrar o quão inspiradora foi essa grande mulher.

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Homenagem do Google

O Google aproveitou o dia 17 de outubro de 2018 para fazer uma bonita homenagem à Chiquinha Gonzaga. Neste dia substituiu o logo do buscador em sua página principal por um Doodle animado que retrata a artista.

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(Google/Reprodução)
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