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Atores reagem negativamente a comentários transfóbicos de J.K. Rowling

Após o comentário feito no último domingo, Daniel Radcliffe e Eddie Redmayne, protagonistas de suas duas maiores franquias, rebateram a fala da autora

Por Da Redação
Atualizado em 11 jun 2020, 11h08 - Publicado em 10 jun 2020, 17h08
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  • Mais de 20 anos depois do lançamento do primeiro livro, a saga Harry Potter continua sendo uma das mais queridas ao redor do mundo todo. Ao longo dos 8 livros, a autora J.K. Rowling conseguiu criar uma história cheia de  mensagens importantes, além de levantar discussões relevantes a respeito de assuntos como intolerância ou preconceito. Porém, uma recente fala da autora britânica nas redes sociais fez com que muitos começassem a questionar a falta de alguns pontos nos livros e também posições de Rowling polêmicas e preconceituosas.

    No último domingo (7), J.K. fez um comentário considerado transfóbico em seu Twitter e, com isso, foi duramente criticada. Ela usou a rede social para comentar sobre uma matéria que falava sobre “pessoas que menstruam”. A autora afirmou: “Tenho certeza que costumava existir uma palavra para essas pessoas”, insinuando que a matéria deveria dizer apenas “mulheres” – ignorando completamente o fato de algumas mulheres não menstruarem, de homens trans menstruarem e que as mulheres trans não menstruam. A comunidade LGBTQI+ e seus apoiadores criticaram a fala de Rowling, que foi chamada de TERF (trans exclusive radical feminist, ou seja, feminista radical trans-excludente) por alguns.

    J.K. Rowling também foi rebatida por Daniel Radcliffe, o protagonista dos filmes Harry Potter, em uma declaração ao site Trevor Project, ONG dedicada à saúde mental de pessoas da comunidade LGBT+.”Qualquer declaração contrária apaga a identidade e a dignidade de pessoas transgênero e vai contra todos os conselhos dados por associações profissionais de saúde, que têm muito mais experiência no assunto que Jo ou eu.”

    Eddie Redmayne, protagonista de Animais Fantásticos, também demonstrou apoio à comunidade trans através de uma entrevista para a Variety. “O respeito pelas pessoas trans continua imperativo na nossa cultura, e através dos anos, eu constantemente busquei me educar na questão. É um processo contínuo. Eu discordo dos comentários de Jo. Mulheres trans são mulheres, homens trans são homens e identidades não-binárias são válidas. Eu nunca falaria por uma comunidade, mas eu sei que meus amigos e colegas trans estão cansados deste questionamento constante sobre suas identidades, que muito frequentemente levam à violência e abuso. Eles simplesmente querem viver sua vida em paz e é hora deles poderem fazer isso”, disse o ator.

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    A atriz Emma Watson, que interpreta Hermione na saga Harry Potter, postou no Twitter: “Pessoas trans são quem elas dizem ser e merecem viver suas vidas sem serem constantemente questionadas ou ouvir que não são quem dizem ser”. A Warner Bros., que produziu os filmes de Rowling, publicou um comunicado na noite de ontem, 10. “Nossa posição em inclusão é bem estabelecida, e cultivar uma cultura diversa e inclusiva nunca foi tão importante para nossa empresa e audiências ao redor do mundo. (…) Reconhecemos a nossa responsabilidade em adotar a empatia e atuar pelo entendimento de todas as comunidades e pessoas, particularmente aqueles com quem trabalhamos e a quem alcançamos com nosso conteúdo.”

    O comentário da autora e todos os seus desdobramentos fizeram muitas pessoas passarem a questionar a falta de algumas discussões nos livros ou na criação dos personagens. Em todos os livros da saga, não há nenhum personagem que faça parte da comunidade LGBTQI+, por exemplo. Apesar de J.K. já ter afirmado que Alvo Dumbledore era gay, isso não foi comentado ou deixado explícito em nenhum momento da obra. Apenas em Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald, outro livro da autora que se tornou filme, foi colocado um indício do romance de Dumbledore e o bruxo Gerardo Grindelwald. Este poderia ser um tema incluído de maneira natural na literatura e que, com certeza, levantaria boas discussões entre fãs, já que o bruxo é um personagem tão amado.

    Além disso, nunca foi mencionado algum personagem que pudesse se sentir desconfortável com a divisão dos quartos entre meninos e meninas em Hogwarts. Fãs também problematizaram o excesso de descrição física de alguns personagens, como Duda e Tio Válter, personagens gordos. Rowling frequentemente dizia que o corpo deles “sobrava para fora da cadeira” ou até os comparava com “porquinhos”, comentários claramente depreciativos. Ela poderia, simplesmente, focar mais em traços da personalidade, como o fato de eles tratarem mal todos que eram diferentes, como Harry.

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    É claro que não podemos esquecer que a obra começou a ser publicada há mais de 20 anos, quando questões como essas não eram discutidas tão abertamente como são hoje, mas, justamente por tanto tempo ter passado, não podemos manter a mesma mentalidade – e isso vale para J.K. Rowling. Em um longo texto divulgado hoje (10) em seu site, a autora se defendeu e disse discordar com o apagamento do conceito de sexo biológico. Afirmou também que ama as pessoas trans e que, inclusive, se interessa pelas causas LGBTQI+ e estuda muito sobre o tema, além de dizer que sua vida foi “moldada por ser mulher” .

    Todas as mulheres podem (e devem) assumir postura antirracista

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