Aretha Franklin, a rainha do soul americano, morreu aos 76 anos, segundo comunicado oficial divulgado nessa quinta-feira (16). Ela sofria de câncer no pâncreas em estágio avançado e estava com a saúde bem debilitada desde 2010.
A cantora deixa um legado importante na música e no empoderamento da mulher negra. Ela foi a primeira mulher a entrar para o Hall da Fama do Rock and Roll, em 1987, e recebeu 18 Grammys ao longo da carreira – incluindo um pelo conjunto da obra.
O maior hit de sua trajetória é, sem dúvida, “Respect”, lançado em 1967. Foi o maior sucesso de Aretha nas paradas e é, até hoje, considerada uma das maiores músicas do soul. Para além disso, ela tornou-se um ícone feminista.
A melodia animada e contagiante de “Respect” traz consigo uma mensagem de desabafo que causou grande impacto na época:
“O que você quer / Baby, eu tenho / O que você precisa / Você sabe que eu tenho / Tudo o que eu peço / É um pouco de respeito quando você chegar em casa”.
“Eu não estou mentindo / Quando você chegar em casa / Talvez você entre / E descubra que eu fui embora”.
Hoje em dia, já não cabe mais dizer que as mulheres querem apenas um pouco de respeito, mas em 1967 uma letra como essa era revolucionária. E a cantora tinha apenas 24 anos quando lançou o hit.
Um detalhe que torna “Respect” ainda mais poderosa é o fato de que, originalmente, essa música foi lançada por um homem – Otis Redding – em 1965. Aretha deu um novo significado à canção, dizendo que eram as mulheres que estavam sendo desrespeitadas dentro de casa, não os homens. Na época, os movimentos pelos direitos das mulheres estavam efervescendo nos Estados Unidos e a versão da cantora para “Respect” veio de encontro a isso.
Apesar de ter representado um grande marco, Aretha assumiu uma postura de humildade em relação à importância de “Respect”. Em 2017, ano que marcou os 50 anos do lançamento do hit, ela declarou ao Detroit Free Press: “Eu não acho que seja ousada [a mensagem da música]. Eu acho que seja bem natural o fato de que todos nós queremos respeito – e que deveríamos tê-lo”.