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‘Antonia – Uma Sinfonia’ retrata pioneirismo de maestrina holandesa

Em cinebiografia, conhecemos os obstáculos que Antonia Brico enfrentou até se tornar a primeira mulher a conduzir a Orquestra Filarmônica de Nova York

Por Gabriela Teixeira (colaboradora)
Atualizado em 16 set 2020, 14h50 - Publicado em 22 ago 2020, 12h00
 (Ray van der Bas/VARSBAYD & Shooting Star Filmcompany/Denver Post/Getty Images)
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“O maior desafio na arte é lidar com decepções”. Do organista e teólogo Albert Schweitzer, esta frase se aplica perfeitamente a vida de Antonia Brico, uma das primeiras mulheres a se destacar como maestrina na história da música e a primeira a conduzir a Orquestra Filarmônica de Nova York. Assim, não é por acaso que ela é citada na cinebiografia Antonia – Uma Sinfonia, da diretora holandesa Maria Peters que acaba de estrear nas plataformas de streaming brasileiras.

(O texto a seguir pode conter spoilers)

Nascida em 1902 na Holanda, Antonia Brico (interpretada por Christanne de Brujn) mudou-se ainda criança para os Estados Unidos. Seu interesse pela música surgiu na infância, forte o suficiente para que ela investisse nele, apesar de todas as dificuldades. E, acredite, na jornada de Brico não faltaram dificuldades. A começar, em casa. Como mostra o filme, a vida doméstica de Antonia nunca foi das mais felizes e ela vivia em pé de guerra com a mulher que considerava sua mãe. A falta de incentivo familiar, porém, não a impediu de dedicar-se à sua formação como pianista e, futuramente, perseguir seu grande sonho de se tornar maestrina.

Antonia Brico Filme
(Dave Schram/Divulgação)

Uma mulher ocupando o posto de regente de uma orquestra, porém, era algo impensável na época. Para elas, a música deveria ser um hobby, jamais uma carreira séria. Nenhum homem tampouco aceitaria ser comandado por uma mulher. Seria melhor que ela, aconselhou um de seus tutores, desistisse daqueles planos, se casasse e fosse ter filhos. Felizmente, Antonia não lhe deu ouvidos. Para ela, era preferível morrer que desistir de seu sonho. Mesmo que só lhe oferecessem desencorajamento e dúvidas sobre seu talento. Mesmo que a casa lotada em seu primeiro concerto fosse apenas porque as pessoas queriam vê-la falhar.

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O arco temporal de Antonia – Uma Sinfonia atravessa os anos de 1926 a 1933 e a história é ambientada nos Estados Unidos, Holanda e Alemanha. Mas poderia ser em 2020, em qualquer lugar do mundo. Um século depois, os desafios das mulheres no mercado de trabalho seguem os mesmos. Elas enfrentam sexismo, machismo, assédios, desigualdade salarial… Para construir uma carreira de sucesso, muitas vezes precisam abdicar da vida pessoal, como fez a Antonia do filme, na cena exclusiva abaixo.

No meio da música erudita, então, o tempo parece ter parado. Em 2019, o anúncio de que a Orquestra Sinfônica da Filadélfia havia contratado duas mulheres para ocupar postos de maestrina se tornou motivo de celebração e esperança. Foi, afinal, a primeira vez que algo do tipo aconteceu em 120 de existência da Orquestra. Em 2013, apenas uma mulher figurava na lista da revista musical Backtrack sobre os 100 maestros mais requisitados. Ano passado, este número aumentou para 8.

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Antonia Brico
Brico (no canto esquerdo da fileira de cima) com integrantes de sua orquestra (Denver Post/Getty Images)

Antonia Brico pode não ter alcançado o hall da fama da música erudita, mas foi talentosa e, sobretudo, forte o bastante para deixar sua marca e inspirar outras mulheres. Fazendo morada em Denver, no Colorado, ela se tornou professora de piano e canto, além de fundadora e primeira diretora da orquestra Denver Businessmen’s Symphony, que depois recebeu seu nome, mas hoje é apenas Denver Philharmonic. Seu legado também é mantido vivo pelo Colorado Women’s Hall of Fame, para o qual entrou em 1986, três anos antes de sua morte.

Antonia – Uma Sinfonia está disponível para aluguel e compra nas plataformas Now, Vivo Play, iTunes, Apple TV, Google Play, YouTube Filmes, Claro Vídeo e Sky Play. Confira o trailer a seguir:

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