Já são 10 anos sem Alexander McQueen
O estilista rompeu padrões com sua moda inovadora e disruptiva. Vestiu Lady Gaga, Naomi Campbell e também Kate Middleton
Em 11 de fevereiro de 2010, Alexander McQueen, um dos mais ousados estilistas contemporâneos, tirou sua própria vida. Ele tinha 40 anos e lutava contra a depressão. Consagrado como gênio da moda, McQueen deixou seu legado na história da indústria, criando coleções icônicas e vestindo amigas famosas, como Kate Moss, Naomi Campbell e Sarah Jessica Parker.
Formado em moda pela Central Saint Martin’s College of Art and Design, da University of the Arts London, McQueen iniciou sua carreira nos tradicionais ateliês de alfaiataria da Savile Row, em Londres, nos anos 1990, influência que perdurou em suas coleções.
Porém, sua obra ficou mundialmente conhecida pela ousadia e criatividade, unindo moda e arte de uma forma nada tradicional, chocando e encantando o público. Tanto em sua própria marca, quanto em sua passagem pela tradicional Givenchy, de 1996 a 2001, McQueen levava teatralidade aos desfiles, sempre com um conceito definido.
Inspirações
A natureza era um tema retratado constantemente nas coleções de Alexander McQueen, uma das suas maiores inspirações. Costumava dizer: “Não há designer no mundo como a natureza, ela sempre me fascinou”.
Ao longo de sua carreira, algumas coleções com a natureza como tema central se destacaram. Nelas, McQueen recriava seu conceito de forma não tradicional. Alexander apresentava e inovava sua visão de forma inesperada pelo público. Foi assim em diversos desfiles de sua carreira, tanto em sua marca homônima, quanto em sua passagem pela Givenchy, de 1996 a 2001.
Em sua última apresentação, McQueen criou um novo mundo. Chamada de Plato’s Atlantis, a coleção foi inspirada no mito de Atlântida, e pensada como um mundo pós-apocaliptico, onde a humanidade teria se fundido a criaturas que do mar.
Em paralelo, lançou um fashion film feito em parceria com o fotógrafo Nick Knight que traz a modelo brasileira Raquel Zimmermann nua, com cobras se contorcendo sob seu corpo. No desfile, estampas de répteis, sapatos esculturais, modelos que pareciam híbridos de mulheres com mamíferos marinhos, flancos que imitavam a pele de tubarões e golfinhos.
À frente de seu tempo
McQueen evidenciou a problemática do sustentável, inspirou-se no processo evolutivo e nos padrões da natureza. A coleção era, principalmente, composta por vestidos curtos, com estampas digitais, criando um efeito espelhado de cascos de tartaruga, escamas de peixe, e peles de répteis. Os
volumes eram feitos por drapeados principalmente nos ombros e quadril, remodelando a silhueta feminina.
Foi também nessa coleção, que McQueen lançou as botas Armadillo, eternizadas por Lady Gaga, uma de suas melhores amigas, em seu vídeo “Bad Romance”, lançado simultaneamente ao desfile.
Com um salto de 30 cm de altura, seu formato grotesco desafiava os padrões de sapatos femininos, fazia referência a peles de répteis, cascos de corais e vegetações. O modelo seguia as linhas do corpo, e representava a mutação do terrestre com o aquático, criando uma nova espécie.
A marca de McQueen continuou existindo mesmo após sua morte, comandada desde 2010 pela diretora criativa Sarah Burton, braço direito do estilista. Sarah foi colocada sob os holofotes quando foi escolhida para criar o vestido de noiva de Kate Middleton, ganhando até o premio de estilista do ano pelo British Fashion Awards em 2011.
No ano passado, recebeu o prêmio “Trailblazer”, que reconhece os pioneiros em inovação, do British Fashion Concil. Foi homenageada por seu trabalho como diretora criativa da marca.
A moda disruptiva e chocante de McQueen tem em seu DNA os excessos, o conceito e a estética inovadores romperam com a moda tradicional do final do século 20, e início do século 21. Afastando-se do clássico, inovando na estética e nos materiais, transformando a silhueta feminina, e deixando um legado irrevogável a história da moda.
Para conhecer mais sobre Alexander McQueen, não deixe de assistir o documentário “McQueen”. Confira o trailer.