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Stéphanie Habrich

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Stéphanie Habrich é CEO da editora Magia de Ler, apaixonada pelo mundo da educação e do jornalismo infantojuvenil. Fundadora do Joca, o maior jornal para adolescentes e crianças do Brasil e do TINO Econômico, o único periódico sobre economia e finanças voltado ao público jovem, ela aborda na coluna temas conectados ao empreendedorismo, reflexões sobre inteligência emocional, e assuntos que interligam o contato com as notícias desde a infância e a educação, sempre pensando em como podemos ajudar nossos filhos a serem cidadãos com pensamento crítico.
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O que é a linguagem do amor e como podemos demonstrá-la?

Segundo o escritor Gary Chapman, cada indivíduo nasce com uma maneira específica de identificar, receber e dar amor

Por Stéphanie Habrich
Atualizado em 26 ago 2020, 15h58 - Publicado em 26 ago 2020, 14h59
 (Reprodução/Getty Images)
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Durante a pandemia, penso muito nas crianças e adolescentes que estão tendo a saúde mental afetada por todas as circunstâncias que estamos vivendo. Longe da escola, muitos dos vínculos e afetos que eles costumavam receber se perderam. As brincadeiras com os colegas, as conversas com os professores, o ato de comer no refeitório… Todas essas práticas representam gestos de amor e, como tais, têm grande importância no desenvolvimento dos jovens. Com certeza, o emocional de muitos deles está mais abalado pelo distanciamento da rotina do que pela hipótese de pegarem o novo coronavírus.

Tenho três filhos e sempre me preocupei muito com a saúde mental deles. Com o isolamento social e as mudanças no dia a dia, essa preocupação aumentou ainda mais. Estou sempre em busca de conteúdos que me ensinem a fortalecer o meu emocional e, consequentemente, o emocional dos meus filhos. Afinal, para cuidarmos dos outros, precisamos cuidar de nós mesmos e do ambiente de nossas casas. O objetivo é que os jovens possam se desenvolver emocionalmente de forma saudável, não importa o que esteja acontecendo no mundo lá fora.

Nesse meu processo de aprender mais sobre saúde emocional, me deparei com o livro As Cinco Linguagens do Amor (compre aqui), do autor americano Gary Chapman. Alguns pontos da obra são muito interessantes, por isso resolvi dividi-los com vocês. Acho que os ensinamentos do livro podem ajudar a manter nossas famílias fortes emocionalmente, especialmente nesse momento desafiador que vivemos.

Chapman fala sobre as cinco linguagens do amor, que podem ser aplicadas em pessoas de todas as idades. Segundo o autor, cada indivíduo nasce com uma maneira específica de identificar, receber e dar amor. Por isso, para expressar o seu amor por outra pessoa, é preciso primeiro saber de que forma a pessoa gosta de receber esse sentimento. Caso não tenhamos atenção a esse detalhe, corremos o risco de não sermos bem interpretados – seria a mesma coisa do que dizer algo em português para um americano que não sabe nenhuma palavra do nosso idioma.

A seguir, trago um resumo das cinco linguagens do amor, ou seja, de como expressar o seu amor pelo próximo respeitando os limites e preferências do outro. Tenho usado algumas dessas linguagens com meus filhos e os resultados têm sido muito satisfatórios para todos os envolvidos. Espero que essas práticas possam ajudar você e sua família também.

1) Palavras de afirmação

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Algumas pessoas se sentem muito valorizadas quando escutam elogios, como “acho que você faz isso muito bem”, ou quando alguém diz a elas palavras de incentivo, como “vai dar tudo certo!”. Essas frases, portanto, são formas de expressar amor pelo próximo, de preencher sua necessidade emocional. Por outro lado, quando dizemos algo rude, aquele com quem estamos conversando pode se sentir magoado.

Com os meus filhos, tento prestar muita atenção nas coisas que falo. No passado, já aconteceu de eu dizer frases a respeito da personalidade deles que não os agradaram. Meses depois, eles demonstraram que ainda se lembravam daquilo que eu havia dito e que ainda estavam magoados. Por isso, agora, tento me policiar para não ferir seus sentimentos. Em vez disso, procuro focar mais em falar coisas positivas.

Na quarentena, por exemplo, muitas vezes viro para eles e digo: “Sei que está difícil ficar longe da escola, mas estou muito feliz por você estar conseguindo se concentrar nas aulas on-line”. Esse tipo de frase pode ser muito mais benéfica para o desenvolvimento deles do que soltar críticas pouco construtivas sobre comportamento.

2) Qualidade de tempo

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Esse item se refere a dedicar um período de tempo, ainda que pequeno, àqueles que você mais ama. Podem ser conversas, passeios, assistir à televisão, entre outros.  

Com a correria do cotidiano e a quantidade de demandas que necessitam da nossa atenção diariamente, acabamos deixando de passar tempo com os nossos filhos. Sei que não é fácil arranjar espaço no dia a dia, mas sempre fiz um esforço para sair separadamente com cada um dos meus filhos, de modo que todos se sentissem valorizados.  Crianças e adolescentes gostam quando são vistos como seres únicos, com necessidades e personalidades próprias.

Muitas vezes, meus filhos me chamam para fazer a lição de casa com eles. Entendo que esse é um caminho que encontraram para ter a minha presença por perto e sentirem que a mãe está dedicada exclusivamente a eles. Se o jovem nunca tem essa atenção só para ele, seu emocional pode ser abalado. Ele pode acreditar que todas as outras coisas – trabalho, tarefas da casa, outros irmãos – são mais importantes.

3) Presentes

Neste item, o que menos importa é o valor financeiro do presente. Você pode expressar o amor com uma flor, uma pizza ou uma surpresa. Se o outro perceber que aquele objeto tem valor sentimental, se sentirá imensamente grato, pois perceberá a importância que ele tem na sua vida.  

Na minha família, tenho o hábito de deixar um chocolate ou um mimo embaixo do travesseiro deles toda vez que eu viajo. Junto com o presente, coloco um bilhetinho dizendo que sentirei saudades enquanto estiver fora. Um dos meus filhos, por exemplo, guarda todos os recados que eu já fiz para ele antes de viajar. Para mim, isso mostra carinho por esses pequenos presentes – e pelo significado que está por trás deles.

Agora, na quarentena, já dei a meus filhos vários presentes para mostrar que, apesar de o momento não ser dos mais fáceis, estamos juntos nessa. Quero que eles saibam que podem contar com meu amor, cuidado e carinho, não importa o que aconteça. Nos últimos meses, fiz fogueira com marshmallows, sessão de cinema à luz do luar, jantar com velas no quintal… Além disso, de vez em quando, coloco uma flor ou uma decoração diferente no quarto de cada um. Cada gesto, por menor que seja, pode fazer a diferença.

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4) Gestos de serviço

Quando você ajuda o outro com serviços domésticos, como lavar a louça, consertar a fechadura, levar o lixo para fora, está demonstrando que se preocupa com ele e que está disposto a usar o seu tempo para auxiliá-lo de alguma forma. Ou seja: o que você faz conta mais do que qualquer palavra.

Tenho um filho que adora ser servido. Ele gosta, por exemplo, que alguém prepare um pão com manteiga e geleia para ele todos os dias. O que tento fazer é mostrar a importância de saber preparar uma refeição. Quero que ele saiba que é fundamental pensar nos outros, que vão ter que disponibilizar um tempo para servi-lo – algo que poderia ser evitado caso ele mesmo preparasse a sua comida.

Ao aprendermos a realizar determinadas tarefas, estamos poupando o outro de executá-las, o que não deixa de ser uma forma de doação – de tempo e energia. Acredito que esse ensinamento seja de extrema importância para o desenvolvimento dos jovens.

5) Toque físico

 

Beijos, abraços, cutucões com o cotovelo, mãos nos ombros… Todos esses gestos representam a linguagem do amor. Mais do que saber que o amor existe, algumas pessoas têm a necessidade de senti-lo fisicamente. Por isso, fazem questão de receber carinho por meio do toque, para que assim se sintam mais seguras e percebam que há alguém ali preocupado com o seu bem-estar físico.

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Mas há quem não goste muito de gestos físicos. Dos meus três filhos, apenas um gosta de receber abraços. Aprendi, portanto, que é importante saber reconhecer os limites do outro para que ele não sinta que seu espaço pessoal foi invadido. Não devemos forçar ninguém a aceitar a nossa linguagem de amor, e sim aprender a linguagem que funciona para cada um. Assim, teremos uma convivência mais rica para todas as partes.

Espero que essas linguagens ajudem você e a sua família a terem uma relação mais amorosa e construtiva. Sempre temos uma questão ou outra para melhorar no ambiente familiar e essas dicas podem ser extremamente úteis no processo. Por isso, faça o teste. Tente colocar algumas linguagens em prática e veja o resultado. Garanto que você não irá se arrepender!

 

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