Ela trabalhou como faxineira para poder ser juíza
O fabuloso destino de Adriana Maria Queiróz
Parece conto de fadas mas é tudo verdade. O enredo de vida de Adriana Maria Queiróz revela a trajetória de superação de uma jovem negra, de família humilde, que bancou o desejo de realizar seu grande sonho de se tornar juíza de Direito.
Enfrentando todo tipo de obstáculo – social, financeiro, pessoal –, Adriana estudou em escolas públicas e trabalhou como faxineira em um hospital para pagar a faculdade em Tupã (SP), cidade onde nasceu. Depois de formada, estudou mais ainda para ser juíza. Prestou dezenas de concursos, foi reprovada 18 vezes. Nunca desistiu. Depois de 7 anos, viu seu nome na lista dos aprovados.
Hoje, aos 38 anos, Adriana é juíza em Quirinópolis, em Goiás. Bacharel e pós-graduada em diversos ramos do Direito, ela narra sua história no livro “Dez Passos Para Alcançar Seus Sonhos” (Ed. Novo Século https://www.gruponovoseculo.com.br). “Sonhe, acredite e mantenha a fé inabalável“, ensina ela. Conheça sua trajetória inspiradora:
“Sou a caçula de seis irmãos. Dos seis, somente eu tenho curso superior. Todos estudaram em escolas públicas, mas optaram por trabalhar em vez de seguir com os estudos. Meus pais não chegaram a ser alfabetizados. Trabalhando na lavoura, fugiram da seca, no sertão da Bahia, na década de 50. Refizeram a vida em Tupã, interior de São Paulo. Ali, cresci sonhando em um dia estudar Direito. Gostava da ideia de ‘fazer justiça’, no sentido de mudar o contexto de vida das pessoas. O problema é que, em Tupã, só tinha faculdade particular. Em casa, não passávamos fome, mas a renda dava apenas para morar e comer o básico. Quando tinha uma lata de leite condensado nas compras, era um luxo!
Mesmo assim, aos 17 anos, prestei vestibular. Passei em terceiro lugar, na Faculdade da Alta Paulista (FADAP). Mas tinha de pagar a matrícula e não conseguia arrumar emprego. Soube, então, de uma vaga de faxineira na Santa Casa. Fiz a entrevista, mas eles e explicaram que o trabalho exigia força física e emocional. Tratava-se de limpeza pesada, de sangue, de resíduos e materiais contaminados. Insisti que daria conta e assim foi. Trabalhava das 7h às 19h, em dias alternados (escala de hospital), estudando à noite. Só que o salário não cobria a mensalidade. Desesperada, pedi orientação divina. Procurei, então, o diretor da faculdade e contei minha história. Sensibilizado, ele me deu bolsa de 50%. Seis meses depois, ele ainda me transferiu para o setor administrativo, onde trabalhei até me formar.
Quando comentava que meu sonho era ser juíza, muitas vezes ouvia: ‘esse não é cargo para uma negra pobre’, ou coisas piores, como ‘preto e pobre têm que limpar chão!’. Pois eu tenho orgulho de dizer que foi limpando o chão daquele hospital que consegui iniciar minha faculdade. Não me deixei abater. Fui para São Paulo, para fazer o curso preparatório para juízes Damásio de Jesus, no bairro da Liberdade. Aluguei um quarto, com o dinheiro que daria para um mês. Procurei novamente o diretor do curso que, diante da minha luta, se dispôs a ajudar. Ele acreditou na minha luta. Ofereceu 100% de bolsa e um emprego de auxiliar na biblioteca.
Sempre trabalhando, estudando e prestando concursos, fui reprovada 18 vezes em sete anos! Até que, um dia, meu nome estava na lista de aprovados. Dali em diante, foram lágrimas, sorrisos e abraços! Em 2011, assumi o cargo de juíza em Quirinópolis, onde também encontrei um amor e me casei. Sou uma mulher realizada. Neste ano, lancei meu livro, que dedico à minha mãe, Oscarina. Foi ela quem me estimulou, da pré-escola à posse, dizendo: ‘se esse é seu sonho, acredite e siga em frente!’. Por isso eu digo às pessoas que nunca percam a fé. Com sonho e perseverança, tudo vai acontecer.”
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