O chamado da Suficiência
Em tempos onde a exaustão é aplaudida e onde a produtividade das 20 horas úteis é exaltada, saber o que nos é suficiente é quase um privilégio
Dia desses, pensando na grandiosidade da vida, me questionei sobre o poder de ser suficiente e do quanto estamos em busca de mais afazeres, recursos e amores desde tempos ancestrais.
Você sabe o que é suficiente para você? Desde recursos financeiros até amigos? De sonhos e metas aos livros? Pois bem, hoje eu quero te convidar a questionar.
Passamos uma vida nos sentindo insuficientes, insatisfeitas e até mesmo impostoras, se deixar passaremos todos os dias da nossa vida nessa busca incessante por algo a mais, algo que nos falta, mas será que falta mesmo?
Dentro das filosofias ancestrais já temos tudo, já nascemos com tudo que é necessário e o proposito seria sustentar nossos dons, qualidades e partilhar nossos talentos amadurecendo nossas fragilidades e lidando com nossas vulnerabilidades, não seria sobre o que buscar e sim como sustentar.
É uma visão diferente, é uma visão onde o centro não é o que nos falta, sendo assim, não haveria busca. Nesta visão ancestral, o nosso centro é a prosperidade e se eu escolho e tomo decisões a partir da visão de que eu já tenho tudo, o que me resta é pensar e agir para sustentar e partilhar.
Eu tenho pensado muito na suficiência da vida e te convido a fazer o mesmo, pois em tempos onde a exaustão é aplaudida, onde a produtividade das 20 horas uteis é exaltada, saber o que nos é suficiente é quase um privilégio.
Ao olhar para esse mundo e para essa nova visão, que não é nova, é ancestral, me recordo da minha avó paterna, a Dona Eroína Isabel, que todas as tardes, após o cochilo do almoço, sentava no alpendre para tomar sol e respirar, observava a rua, conversava com quem passava e sem pressa viveu 94 anos, satisfeita com a vida que viveu e vivia, se sentindo suficiente no que era boa, eu nunca vi minha avó buscar o impossível, mas eu sempre a vi vendo o possível para ela e o que a deixava feliz.
A suficiência nos preenche da gente mesma e não há nada mais bonito do que isso.