Eu não queria casar e ter filhos. Sempre repetia que isso não era para mim e isso acabou se tornando uma verdade em minha vida. Vim de uma família onde brigas e desentendimentos eram constantes entre meus pais.
Eu, como criança, me via com medo e desprotegida. Um dia me deparei com uma discussão entre eles e mentalmente afirmei para mim mesma: “Não quero ser assim quando crescer. Não casarei e não terei filhos“.
“Estou com medo, e agora?” | CLAUDIA (abril.com.br)
E ali naquele dia nasceu essa afirmação em minha vida. Um pacto que fiz comigo mesma com apenas 6 anos e que permeou minhas decisões, até o dia que eu parei para investigar de onde veio essa “verdade” que me manteve sabotando meus relacionamentos por tantos anos.
Iniciei um processo de autoconhecimento intenso que me revelou verdades difíceis de serem ignoradas.
“A partir daí decidi quebrar ciclos e aprender a fazer diferente”
Telma Abrahão
Alguns meses após essa decisão, meu caminho se cruzou com o amor da minha vida, logo nos casamos e tivemos dois filhos.
Três anos depois, meu marido foi transferido a trabalho para os EUA e lá fomos nós encarar essa experiencia. Ele saia para trabalhar e eu ficava cuidando da casa e dos nossos filhos. Mergulhada nas demandas e no caos que meus dias haviam se tornado como mãe, esposa e dona de casa solitária em um país estrangeiro, me vi esgotada, estressada e o pior, havia me tornado o que mais temia: a mãe briguenta e descontrolada que eu tanto jurei não me tornar.
Eu estava repetindo um padrão aprendido com meus pais durante a minha infância. Eu ia dormir me sentindo triste e culpada. Me questionava sobre os conselhos maternos que recebia. “Mostre quem manda”, “você precisa castigar”.
Eu me sentia tão confusa que já não sabia como agir. Um dia meu marido chegou do trabalho e lá estava eu e meus filhos chorando. Ele me olhou e perguntou: “o que está acontecendo aqui?”.
Pela primeira vez me entreguei para o sentimento de impotência e respondi: “Ou eu aprendo o que não sei sobre educar ou fracassarei como mãe”. Ainda bem que optei pela primeira opção.
Comecei a estudar nos EUA com grandes especialistas da área do desenvolvimento infantil e tudo que ia aprendendo colocava em prática com meus filhos. Aos poucos uma nova realidade começou a ser criada em minha família.
Fui encontrando respostas para as dúvidas que me corroeram por tanto tempo. Parei de ouvir conselhos e passei a me guiar pelo conhecimento que estava adquirindo e entendi que tudo que aprendemos sobre educar crianças nos leva a um inevitável sentimento de culpa, fracasso e dor.
Nascemos dependentes de nossos pais e sem controle sobre nossas emoções. A natureza nos fez assim e querer mudar isso ou esperar um comportamento que as crianças não podem ter é algo violento e que deixa marcas no adulto.
Precisamos nos reeducar para melhor educar e quebrar ciclos de dor. Fui buscar conhecimento para me tornar uma mãe melhor, mas acabei encontrando um caminho de cura para mim e para milhares de famílias ao redor do mundo.
Minha história é um testemunho de que é possível transformar dificuldades em felicidade e evolução. Escolhi aprender a fazer diferente, essa escolha mudou a minha vida e pode mudar a sua também.
Telma Abrahão (@telma.abrahao) é biomédica, especialista em neurociências e no desenvolvimento infantil e uma das pioneiras no Brasil a unir ciência à educação dos filhos. É idealizadora da Educação Neuroconsciente, que ‘nasceu’ da necessidade de levar o conhecimento sobre a neurociência por trás do comportamento infantil para mães, pais e profissionais da saúde e da educação. Autora dos best sellers “Pais que evoluem” e “Educar é um ato de amor, mas também é ciência”, tem seus livros vendidos em mais de 15 países. Ela também escreveu 12 obras exclusivas para o Leituras Rápidas da Amazon com o objetivo de abordar temas que ajudam os pais a lidarem com os desafios na educação dos filhos.