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Diário De Uma Quarentener

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Juliana Borges é escritora, pisciana, antipunitivista, fã de Beyoncé, Miles Davis, Nina Simone e Rolling Stones. Quer ser antropóloga um dia. É autora do livro “Encarceramento em massa”, da Coleção Feminismos Plurais.
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Você importa: tente fazer este exercício na frente do espelho

"Essas percepções e processos nos ajudam a compreender, e aceitar, que nós importamos", escreve Juliana Borges

Por Juliana Borges
Atualizado em 18 out 2020, 19h20 - Publicado em 18 out 2020, 19h18
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  • Pode parecer óbvio, mas eu queria te dizer: você importa. Não importa o que te importa, não importa o que te digam: você importa. Sempre.

    Por muito tempo, custei a acreditar nessa afirmação e a achava um tanto motivacional, meio coaching. Ah, mil perdões. Mas eu sempre fui uma pessoa que foge do motivacional e que lida mais com os processos internos de forma muito privada e discreta. Para algum amigo ou amiga que me lê, e eu espero que o façam, isso pode parecer um contrassenso.

    “Mas, desde quando Juliana é uma pessoa discreta?”, pode ser a pergunta, principalmente nesse mundo em que as pessoas acham que nos conhecem porque nos seguem no Instagram, leem postagens no Twitter, Facebook, até trocam ideias eventuais no Whatsapp. Mas, mesmo os meus amigos mais próximos, que sabem muito de mim, se incomodam porque não conseguem acessar o todo de mim. É isso. Eu sou falante, engraçada, expansiva, já falei pelas tampas na vida – e aprendi, e sigo aprendendo que, na maioria das vezes, é melhor calar – mas, lá no mais profundo existe uma salinha muito bem fechada.

    E é nessa salinha que moravam, e ainda moram, muitas das minhas inseguranças. Mas muitas mesmo. E muitas das minhas viagens. E muitos dos meus tormentos. E lá estava o sentimento de achar que eu não valia muito. E foi importante ouvir, e ler, de outras pessoas que eu precisava estar aberta para o bem, que o meu propósito de vida é uma prioridade, que eu não preciso negar ou achar que não mereço elogios e que, principalmente, e esse vai soar como um grande clichê, eu preciso primeiro me amar inteira para poder ser amada.

    Essas percepções e processos nos ajudam a compreender, e aceitar, que nós importamos. E é bom dizer isso na frente do espelho, mesmo que você sinta vergonha no começo e isso te pareça meio cena de filme hollywoodiano de autodescoberta. Minha cara, valea a pena. Porque você importa. Ah! E eu não vou cansar de repetir.

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    Tente fazer o exercício. Ao acordar amanhã, antes de qualquer coisa, até mesmo de escovar os dentes, fique na frente do espelho e afirme a você mesma, em alto e bom tom: “eu estou preparada para receber o bem; eu estou preparada para receber e dar amor. Eu importo”. E não faça apenas amanhã, mas todos os dias da semana daqui para frente.

                Depois, me diz.

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