Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Roberta D'Albuquerque

Por Maternidade Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Roberta D'Albuquerque é psicanalista e autora do livro Quem manda aqui sou eu - Verdades inconfessáveis sobre a maternidade
Continua após publicidade

Longe e perto

Quão significativo é o gesto das mãos dadas. Um abraço em miniatura.

Por Roberta D'Albuquerque
Atualizado em 2 abr 2018, 20h30 - Publicado em 2 abr 2018, 18h57
 (ThinkStock/ThinkStock)
Continua após publicidade

Dez minutos esperando minha filha no portão da escola. As vozes das crianças que acabam de sair da aula de canto aquecem a noite chuvosa de São Paulo, elas descem a rampinha vermelha carregando na mochila o cansaço do dia. Já são quase nove da noite. Lara é uma das últimas a cruzar o portão, engatou uma conversa que de onde a observo parece interessante o suficiente para lhe fazer ignorar minha presença. Passa direto, beija e abraça a amiga despedindo-se, e já na rua olha para trás. “Vem mãe!”.

Alguns metros de silêncio depois, ela segura a minha mão e segue o monólogo sobre o coral, o lanche, o trabalho de inglês, os amigos. “Cantamos aquela música que você gosta.” “A fila hoje estava gigantesca.” “Parece que não fui tão bem.” “Fulano isso, fulana aquilo.”

Fiquei enternecida. Desde que tinha uns 10 anos não é afeita a mãos dadas. Nunca chegou a verbalizar, mas se eu me distraio e a seguro, ela arranja algum cabelo para ser posto atrás da orelha, alguma coceirinha no rosto ou qualquer coisa que valha para livrar-se do entrelaçar de dedos.

Até que assim, numa noite de coral, 12 anos recém-completados como se nada fosse… Penso que o crescimento é feito dessas pequenas idas e vindas. Saber que posso ir para só então querer voltar. E quão significativo é o gesto das mãos dadas. Um abraço em miniatura.

Um quilômetro separa a escola de nossa casa. Duas quadras, um shopping atravessado no meio do caminho, mais três quadras. Foi só o tempo de contar as novidades e o aconchego já era o suficiente para a minha menina. Passada a primeira vitrine do shopping, já soltou a mão, mexeu no cabelo. De lá até em casa reassumiu a postura adolescente, aquela que guarda uma certa distância de qualquer pessoa que já tenha passado dos 18.

Continua após a publicidade

Segui observando-a até o elevador de nosso prédio (como está grande a minha filha), quando ela apertou minha bochecha e disse estar morta de fome. Entrou e seguiu direto para o quarto, celular na mão.

“Mãe, tu faz um ovinho pra mim?”
“Eu não, o jantar já está pronto”
“Por favor, te dou um abraço”

Faço, claro que faço. E sim, sigo aqui, mãos disponíveis sempre que você procurar.

Continua após a publicidade

 

  • Relacionadas

 

 

 

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!

Receba mensalmente Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições
digitais e acervos nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.

a partir de 10,99/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.