Como reinventei minha carreira para focar no que importa
Renata Zveibel conta como a descoberta de um tumor cerebral a fez enxergar a necessidade de buscar novos caminhos
Pode-se dizer que a vida é uma série de escolhas e histórias que moldam nossa essência e nos define. Na minha trajetória, houve reviravoltas, altos e baixos, mas, ao final, o que realmente importou foi a capacidade de me reinventar e crescer com cada experiência.
Ao olhar para minha paixão por roteiros personalizados de viagem, pela vibrante cidade de Nova York, pelo comportamento humano ou até mesmo pelo sabor adocicado de um bom chocolate, é fácil reconhecer a sagitariana eclética que sou. Minha curiosidade inata nasceu das limitações da pacata Campos do Jordão, minha cidade natal, um lugar onde sonhos de aventuras urbanas floresciam em mim. São Paulo, com suas luzes e oportunidades, era o meu norte. Imaginava-me desbravando histórias como a jornalista que me tornei, revelando notícias importantes para o mundo.
No entanto, a realidade do jornalismo não se alinhou ao meu sonho. O universo corporativo, com sua dinâmica frenética e suas grandes marcas, me atraiu. Trabalhei por duas décadas em empresas renomadas, como Coca-Cola e Heineken. Ali, trilhei um caminho para o que, na época, eu considerava sinônimo de sucesso: um cargo de diretora, benefícios, acesso a pessoas e lugares interessantes e um salário considerável.
Porém, em 2017, no auge da minha carreira, a vida me presenteou com um obstáculo inesperado. Uma enxaqueca levou-me ao hospital, onde uma tomografia revelou um tumor cerebral. Em uma enxurrada de emoções, passei por períodos de negação, aceitação, otimismo e desespero.
Durante esta tempestade emocional, meu trabalho, que sempre foi uma parte fundamental da minha identidade, tornou-se uma fonte de tensão. O apoio que esperava da empresa que servi por 11 anos não veio. Porém, foi essa adversidade que me deu o primeiro insight de clareza. Pela primeira vez, percebi que precisava de uma mudança.
Após a cirurgia, tirei um ano sabático. Mergulhei no autoconhecimento, me redescobrindo como mulher, mãe e esposa. Foi nesta jornada introspectiva que o desejo de empreender nasceu. Reconhecendo meu amor e talento para guiar e ensinar, criei minha consultoria, onde foco em desenvolver marcas pessoais para mulheres empresárias, executivas, empreendedoras e profissionais liberais. O grande objetivo é ajudá-las a alavancar suas carreiras e negócios fazendo com que elas se dêem conta da potência de suas próprias marcas.
Hoje, eu celebro a autorresponsabilidade. Reconheço que somos os autores de nossa jornada, e devemos assumir esse controle. Agradeço diariamente, tanto pelas pequenas alegrias, quanto pelos desafios que me moldaram. Aprendi a ser mais tolerante, resiliente e, acima de tudo, a amar o processo de aprendizagem. Eu amo ser uma lifelong learner.
A jornada do autoconhecimento é um caminho inestimável, um processo contínuo que nos ajuda a descobrir as profundezas de quem realmente somos. Não é apenas sobre reconhecer nossas forças, mas também sobre entender nossas vulnerabilidades.
Ter certeza de nossas potências e entender nossas necessidades nos permite criar um espaço onde a autenticidade floresce. É na confluência desses reconhecimentos que encontramos a clareza para tomar decisões que se alinham verdadeiramente com nossa essência. Porque, no final das contas, quando vivemos com plena consciência de quem somos, trilhamos um caminho que ressoa com verdade e propósito.