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A parte que me cabe

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Idealizadora do @namastreta, a jornalista Caroline Apple trilha o caminho da autorresponsabilidade nos relacionamentos

O que o silêncio me contou em 10 dias de meditação

Dez dias de meditação me mostraram o que demorei tanto tempo para aprender: a não sofrer mais com relacionamentos

Por Caroline Apple
14 fev 2024, 12h56 •
meditação
Em 10 dias de meditação, precisei compreender mais sobre minhas relações.  (KATRIN BOLOVTSOVA/Pexels)
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  • Tive a oportunidade de passar a virada do ano no Vipassana, um curso de meditação de dez dias de silêncio, com dez horas de meditação diárias em um ambiente controlado. E foi nesse cenário de absoluto silêncio que encontrei as respostas para um dos meus maiores sofrimentos até hoje: as relações amorosas.

    Há muito tempo sonho com o momento em que relacionamentos deixariam de ser uma questão. Cansada de lidar com as inconstâncias desgovernadas das pessoas, sentia que essa cura mudaria minha vida, mas não sabia por onde começar.

    Todos os meus relacionamentos tiveram altos e baixos, o que é normal. Porém, dois deles me pegaram de jeito. Quando terminaram, me catapultaram para um lugar de sofrimento enlouquecedor.

    Fiquei à deriva no mar das emoções por meses. Fui profundamente afetada, a ponto de eu querer abandonar a vida. O motivo dessa atitude ainda era um mistério — até o silêncio me contar o que estava acontecendo.

    Essas duas pessoas foram veículos para um lugar muito forte de apego que eu carregava dentro de mim. Ambas acionaram algo que gerava uma sensação na qual eu era viciada.

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    Com a ida dessas pessoas, foi como se tirassem a minha droga. Entrei numa abstinência pesada. Portanto, não era uma dependência emocional o que eu desenvolvi por esses namorados — era, na verdade, uma dependência sensorial que nada tinha a ver com eles. Poderia ser qualquer pessoa.

    No Vipassana aprendemos a observar as sensações para se libertar dos apegos e das aversões que constroem o nosso Eu, a partir da lei da impermanência, para que eles não nos conduzam.

    Eu estava sendo guiada por uma sensação que deveria ser efêmera, mas que passei em algum momento a chamar de minha. E isso me tirava totalmente da presença e deixava a realidade turva.

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    Quando essa ficha caiu em meio ao ensurdecedor barulho do silêncio, olhei para trás e me deparei com tudo que vivi: as noites em claro, os choros compulsivos, as horas na terapia. Só me restou rir.

    Aquele monstro que estava dentro de mim estava desmascarado. Não me assustava mais. Assim, se dissipou a raiva, a incompreensão, a não aceitação.

    A paz que ganhei é o que eu desejo para todos que estão em sofrimento por ignorância de seu funcionamento interno natural. O corpo manifesta sensações, mas nele nada para, tudo está mudando o tempo todo. Ele tem a sabedoria primordial da natureza, que sabe que tudo que surge está fadado a desaparecer. A reação às sensações está na conta da mente.

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    E assim vamos nos construindo sobre bases fantasmas. Agradeço ao silêncio por desvendar esse mistério interior. Acabou a busca por esse apego. Relacionamentos não são mais uma questão. Próximo.

     

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