Caso Shakira: o que podemos aprender com a amante do Piqué?
A colunista Caroline Apple nos convida a refletir qual tipo de relação amorosa queremos (e merecemos) viver
A cantora Shakira expôs mundialmente a história de traição que viveu ao lado do ex-marido, o jogador Gerard Piqué, ao compor BZRP Music Sessions #53, onde narra em tom de “superação” os momentos difíceis que viveu depois da descoberta da amante do então marido, a jovem chamada Clara, de 23 anos, com quem o jogador assumiu a relação logo após o divórcio provocado pela infidelidade.
Clara, que até pouco tempo era garçonete, viu sua vida dar uma reviravolta ao se envolver com Piqué e, agora, ainda lida com as (in)diretas de uma pop star que está no topo das paradas. De acordo com a imprensa, a jovem está com medo de tudo que está acontecendo e reclusa por conta do assédio, enquanto o jogador tenta rentabilizar em cima da exposição da sua vida íntima.
Mas o que o caso da Clara pode nos ensinar, além de não comer a geleia da esposa do seu amante?
Primeiro, é bem comum encontrar mulheres que já ocuparam esse papel de ser “a outra”. Relações desse tipo são, geralmente, escuras, cheias de promessas e expectativas e um terrível clima de competição instaurado entre as mulheres numa sociedade patriarcal, que sempre viu na nossa desunião uma ferramenta de manutenção do sistema.
Eu já fui amante! E eu já ter sido traída não me impediu de me jogar num relacionamento tóxico no qual eu tinha espaços de atuação muito bem definidos pelo outro lado. O que eu queria precisava encaixar no que ele podia. O resultado: eu ficava com as sobras. Resto do resto, afinal, quem disse que esse cara estava oferecendo muito para a outra mulher também, né?! Estava todo mundo na delusão, cada um de uma forma.
A tenra idade da Clara me remeteu o quanto eu era imatura ao aceitar viver uma história assim. Eu tinha vazios internos tão grandes, que as migalhas pareciam um banquete.
Shakira detonou a menina na música, a rebaixou, mas antes de dizer que a cantora é a responsável por isso, vale refletir o ponto de partida que está uma mulher que topa ser amante. Será que ela já não está rebaixada? E não falo isso como julgamento, eu estou convidando, nós, mulheres, a refletirmos se é esse tipo de relação que queremos viver, se é esse tipo de lugar que realmente achamos que merecemos estar.
“Eu estava no chão nos momentos que me permiti ser amante.”
Caroline Apple
Eu me permiti ser usada como válvula de escape de um ‘homem’, possivelmente, entediado e confuso. Clara me ajudou a lembrar da menina carente que eu alimentava enquanto vivi histórias assim.
Claro que há casos em que, ainda numa relação, as pessoas se apaixonam e acabam se envolvendo com outras, para depois se separarem e viver um novo amor. É legal esse processo? Não! Mas acontece. Porém, para a maioria das mulheres na condição de amante sobra a frustração e o julgamento. Então, mesmo que você saiba que os sentimentos entre vocês são verdadeiros, não entre nessa! Deixe ele se resolver primeiro. Escolha alguém inteiramente disponível. Isso pode dizer muito sobre as ações que estão por vir.
Clara está pagando para ver. Boa sorte para ela, porque ela vai precisar.