Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Fala, leitora!

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Leitoras de CLAUDIA compartilham suas histórias
Continua após publicidade

O chá de Alice

Um conto da leitora Renata Baglioli sobre a triste realidade da agressão a mulheres e crianças

Por Renata Baglioli
6 mar 2021, 09h00
Cena do filme 'Alice no País das Maravilhas', de 1951
Cena do filme 'Alice no País das Maravilhas', de 1951 (Disney/Reprodução)
Continua após publicidade

Ela se chamava Alice, tal qual a menina que morava no País das Maravilhas. Mas  o mundo dela não era exatamente uma maravilha. Ela não pediu para nascer e, como  ninguém a reivindicou, também ficou claro que sua mãe não havia pedido por isto.  

Renegada e relegada à sua insignificância, Alice vivia às sombras, procurando o  buraco, a toca do coelho. Sem amigos ou testemunhas, vivia cercada de bonecas  maltrapilhas. Servia-lhes o chá da tarde, papeavam e, quando olhava no relógio, era  hora de voltar ao mundo real. Seu padrasto logo chegaria em casa, bêbado, e bateria  em sua mãe, como de costume. Murmuraria alguma indecência para a menina, uma  baforada em seu rosto, e dormiria o sono dos culpados.  

Sua mãe não lhe acolheria. Era mais uma Maria, a Maria das Dores.  

Um dia ela decidiu se vingar. Rasgou o vestido gasto, bateu-se no rosto com o conto de Lewis Carroll, um safanão, e foi dar queixa na polícia. O padrasto foi preso.  Ainda trêmula, Alice retornou à casa buscando a aprovação da mãe. A Maria-de-todas-as-Dores não lhe perdoou, seu olhar atravessou a menina, a mãe nunca mais lhe dirigiu  a palavra.  

Alice descobriu, tardiamente, que a mãe não era o Chapeleiro que a menina desejava, estava mais para a Rainha de Copas. Não tardou em ordenar: “Cortem-lhe a  cabeça!”.

Continua após a publicidade

E foi assim que a menina Alice perdeu a cabeça. Não teve mais Chá de Bonecas, imaginação ou infância. A menina já nem mais lembrava de seu nome, se perdeu na vida  e não achou, sequer procurou, pelo tempo perdido. Ela sabia que nunca seria moradora  do utópico País das Maravilhas.  

A leitora Renata Barrozo Baglioli é curitibana, ex-advogada atuante e abrindo caminho pela escrita leve, atenta a novos olhares sobre as coisas.

@outrolhar_sobreascoisas

Continua após a publicidade

Conversando sobre notícias ruins com as crianças

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!

Receba mensalmente Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições
digitais e acervos nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.

a partir de 10,99/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.