Desempregado? Bem-vindo ao clube
Não há, no meio sênior, alguém que não tenha uma história de demissão, redução salarial, retirada voluntária da empresa ou falência
Estranho, no Dia Mundial do Trabalho, falar em perda do ofício. Na maturidade, o assunto é o maior hotspot. Não há, no meio sênior, alguém que não tenha uma história de demissão, redução salarial, retirada voluntária da empresa, falência… Os que já têm suas aposentadorias garantidas pelo INSS ou uma Previdência Privada, respiram. Muitos – a maioria – sem condições de fazer um pé de meia, tentam se animar em tornarem-se empresários de startups e começar a empreender depois de uma vida toda de ralação. E não pensem que será fácil. Ouso dizer que será ainda mais difícil, pedregulho hercúleo, daqueles que broxam na largada.
Tem os que encaram vender quentinhas no bairro. Outras revisam textos. Tem os que encarem traduções. Despachantes. Voltam a advogar pequenas causas. Fazem bico de decorador. Os mais ousados fazem conteúdo para redes sociais. Tenho amigas que viraram governantas de luxo. Tem as que voltam a costurar para fora. A moeda oficial é a permuta. O teto vigente – quando muito – é de 2 mil reais. Tudo ficou raso. E é claro que tem os que criam business geniais na idade madura. São poucos.
Se você morar no Rio, a agonia dobra. O estado falido, governantes enjaulados, prefeitos que fazem a egípcia invocando Deus, isso sem falar em WW, o atual governador sniper. Mas como precisamos tocar o barco (saudades do Boechat), acreditamos sim que vai dar certo. E nesta corda bamba de tentar subempregos ou ter a ideia de cem milhões de dólares que vai mudar sua vida, fazemos planilhas imaginárias contando os centavos. Não sou Poliana. Não sou tampouco depressiva. É choque de realidade mesmo. Se olharmos as filas intermináveis de busca por qualquer emprego vemos que trabalhar é como respirar. Se falta labuta, nos falta o ar. Que Deus, o obreiro maior do planeta, ajude a todos os desempregados maduros.
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