Confessionário do macho
"Machos sempre tiveram privilégio, mas observo que estão caminhando em passos lentos em relação à nossa nova velocidade", reflete a colunista
Tenho notado uma necessidade masculina, sobretudo dos homens maduros, de correr atrás do tempo perdido em relação às suas não-conquistas. Alguns dirão: “Como assim? Machos sempre tiveram privilégio de fala, atos e ações frente às mulheres”. Não nego. Mas observo que estão caminhando em passos lentos com relação à nossa nova velocidade.
A mulher 50+ tá que tá. Não aceita migalhas. Quer comer o miolo todo lambuzado de manteiga. Já eles, os balzacos, andam meio cambaleantes e bêbados vendo o nosso atuar, falar, existir, cada vez mais seguro na estrada da vida. Não sou Poliana, nem tolinha. Temos ainda um imenso pavimentar pela frente, mas sim, no gogó, estamos ousadas e livres.
Só nesta semana soube de duas amigas que deram um “tibum” no destino. Uma trocou o marido de 30 anos de relacionamento por uma mulher. Virou gay, ou melhor, está gay, pois ninguém precisa ser algo para sempre. A outra, nesta recente pós-pandemia, empurrou o ninho cheio para fora (filhos adultos que voltaram para casa) e está vivendo sua solteirice materna do alto de seus 59 anos. Mudou os móveis de lugar, cortou o cabelo e voltou a caminhar na praia. Parece pouco? Não é. Mexeu o xadrez e fez a Rainha andar.
E nessa de perceber a imobilidade masculina, tive uma ideia. Pensei em criar uma taba na praça aqui perto da minha casa em Ipanema e virar “escutadora” das histórias masculinas desses homens 60+. No recente final do BBB 22, também atentei para a discussão da camaradagem masculina. A desconstrução do boy-lixo, a homoafetividade dos finalistas batizados de “grupo Disney” pelos valores de entrosamento e amizade.
Diante deste novo painel comportamental do homem brasileiro, eu tenho certeza que teria material suficiente para uma enciclopédia.
Editoras, me aguardem!