O tema já é nosso velho conhecido. A mulher linda, gostosa, sex symbol, amadurece, envelhece, troca seus valores, foca na vida pessoal e é considerada baranga, desleixada, esculhambada. A beleza, prisão estilo bruxa de conto de fadas, aquela que negocia com o espelho, é substituída pela fé na vida, pelo mergulho em si mesma, quase como uma nova gestação uterina, só que cerebral.
Xuxa está ótima. Tem novo boy magia, filha criada, um emprego na TV Record, além de um belíssimo conjunto da obra que -tirando tropeços humanos– é um sucesso. A menina sulista de Santa Rosa, criada em Bento Ribeiro, subúrbio do Rio, começou na TV Manchete aos 20 anos. Sacaneada desde o início por ser grosseira com a petizada, criou um modelo de apresentar que até hoje influencia positivamente a televisão brasileira. Ao longo de sua carreira, Xuxa ganhou dois Grammys, apresentou seu programa na Argentina, na Espanha e nos Estados Unidos, lançou 28 álbuns, 3 DVDs, 200 videoclipes, recebeu 139 discos de ouro, 52 de platina e 10 de diamante e é dela um dos maiores públicos de um filme nacional (Lua de Cristal, 1990), com mais de 5 milhões de espectadores.
Eleita pela prestigiosa “Forbes” como uma das artistas mais bem pagas do mundo, construiu o maior império do entretenimento infantil. Mas dela só lembram da bunda, peito, Pelé, Senna – como se toda mulher gostosa fosse um pedaço de carne pra ser comida. Haters publicam mensagens de ódio em seu perfil, muitos deles do sexo feminino, por ela expor suas rugas, pelancas, manchas e sua careca máquina zero. Meu queixo cai com tanta patrulha. Deixem as musas envelhecerem em paz. De que adianta tanta psicanálise se as redes sociais são um porta-retratos, um alto-falante da mediocridade mundial. Basta!
Hoje, mais velha, ela está livre para ser o que quiser. E eu celebro essa sua liberdade. Como já diz seu nome de pia, Xuxa é uma graça e pra quem não sabe, faz 56 anos hoje. Feliz aniversário, minha Rainha!
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