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Ana Claudia Paixão

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A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood
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No centenário de Maria Callas, um papo com a autora que recuperou sua voz

Biógrafa Lyndsy Spence, que escreveu “Diva - A vida oculta de Maria Callas”, conversa com CLAUDIA sobre sua pesquisa e paixão pela maior estrela da ópera

Por Ana Claudia Paixão
Atualizado em 1 dez 2023, 16h17 - Publicado em 1 dez 2023, 12h09
Maria Callas em visita à Paris. (Pierre Vauthey/Sygma/Sygma/Getty Images)
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Gostar das mesmas coisas e ter as mesmas musas do Cinema meio que ajudou para que Lyndsy Spence e eu tenhamos cruzado caminhos nas redes sociais, conversando sobre mulheres incríveis e icônicas. Naturalmente, uma delas é justamente Maria Callas, um dos principais ícones femininos do século 20, que no dia 2 de dezembro (data oficial), completaria 100 anos.

O papo que eu e Lyndsy tivemos via zoom foi longo e poderíamos ter continuado por horas porque há muitas curiosidades, muitos aspectos pelos quais revisitar essas mulheres importantes ganham outra perspectiva, especialmente com os avanços culturais recentes no movimento feminista. Em especial, Callas.

É comum separar “Maria” de “Callas”, a própria Maria Callas fazia isso. Sem surpresa, o diretor Pablo Larraín está dirigindo Angelina Jolie em um longa batizado de Maria, que será lançado nos cinemas no ano que vem e pretende aprofundar a realidade da artista em seus últimos dias de vida.

Callas, que faleceu em 1977 com apenas 53 anos, teve uma vida repleta de drama, traumas, glórias e paixões. Há lendas incríveis sobre sua vida profissional e pessoal, e Lyndsy e eu abordamos algumas delas.

Nós só não escolhemos a mesma ária para “trilha sonora” do dia. Lyndsy escolheu Casta Diva, da ópera Norma, e eu acho que Vissi D’Arte, de Tosca, é a ária que identifica Maria para mim. Espero que curtam nosso papo.

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A autora Lyndsy Spence (Acervo pessoal/Acervo pessoal)

CLAUDIA: Quando você se apaixonou por Maria Callas?
Sempre me interessei pela “velha Hollywood”, desde criança, e o lado da família da minha mãe é americano, o que era bastante exótico aqui na Irlanda. Então eu sempre senti que tinha um link com esse mundo de glamour, porque conheci minha bisavó, que era deslumbrante como uma estrela de cinema da MGM. Foi ela que realmente me apresentou a tudo isso.

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CLAUDIA: Minha ligação com essa época também vem da minha ligação com as minhas avós…

Também me lembro que tinha uns 12 ou 13 anos, e num Natal passou uma coisa na TV chamada Fever la Diva, com nomes como Julie GarlandMarilyn Monroe até que ouvi uma voz sobrenatural e fiquei “uau, quem é essa?”. Claro, era Maria Callas.

CLAUDIA: Já tinha ouvido falar nela?

Eu meio que sempre soube o nome ‘Maria Callas’ e, você sabe, não tínhamos Internet como as crianças têm hoje – então qualquer coisa à qual fui exposta sobre ela era quando tinha algo na TV e você tinha que esperar que aparecesse um programa, alguma coisa assim.

Por isso, inicialmente, pensei que Maria Callas fosse apenas uma cantora de ópera, mas como fiquei impressionada e não sabia nada sobre ela comecei a comprar todas as biografias antigas, até que com o YouTube pude assistir mais coisas. Foi assim que começou minha ligação com ela. Fiquei obcecada desde que a vi pela primeira vez.

CLAUDIA: Nós estávamos conversando que temos essa paixão em comum por mulheres icônicas do século 20, devorando suas biografias e, no caso de Callas, há sempre o mistério de “quem realmente era Maria”. 

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Isso mesmo. Sempre que eu lia sobre ela e a comparava com livros de ícones como Julie Garland e Marilyn (porque eu tinha todos eles), pensava que não sabemos realmente quem é Maria. Conhecemos Callas e conhecemos todos com quem ela esteve envolvida, todos os escândalos e curiosidades, mas mesmo quando eu era jovem, sentia que não conhecíamos Maria. E tem sido mais de 20 anos de fascínio sobre esse mistério.

CLAUDIA: E como você encontrou os documentos inéditos que são a base da sua biografia? Porque você teve acesso às cartas que mudaram a narrativa que todos nós crescemos aprendendo? Nossa ideia de que ela era uma mulher muito apaixonada e dedicada que quase jogou tudo por amor a um homem que não era digno, e que ela morreu de coração partido, parece não ser real. Seria uma visão errada, inclusive de achar que isso era romântico?

Esse é um bom ponto porque, para mim, eu sei que quando as pessoas dizem que foi muito romântico, penso no que romântico realmente significa, e era mais ou menos no sentido vitoriano de mulheres sofrendo e morrendo jovens, mártires. Eu queria olhar para Maria no contexto em que ela viveu e não acho que alguém realmente tenha feito isso, porque se você olhar para uma mulher, e provavelmente é muito parecido com sua avó no Brasil e com minha avó na Irlanda, vivemos em uma sociedade muito masculina. As mulheres não tinham muitos direitos e, se tivessem, não poderiam exercê-los. E Maria conviveu com essa realidade.

CLAUDIA: Períodos duros de Guerra, de pós-Guerra…

Quando ela era uma menina em Atenas não tinha absolutamente nenhum direito. Sua irmã foi empurrada para a prostituição porque não tinha outra saída. Felizmente Maria tinha a música, senão sua mãe provavelmente a teria explorado de maneira semelhante à Jackie.

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E mesmo depois, adulta, vai para a Itália e se casa com um italiano onde passou literalmente a pertencer ao marido. Não tinha direito nem de pedir o divórcio. Sempre digo que Callas tinha toda a autoridade quando cantava, mas em casa Maria era a Sra. Meneghini. Vivia sob as regras do marido, que tinha total acesso e domínio do dinheiro dela, tomava todas as decisões em nome dela e fazia isso porque legalmente ele podia. Ele é quem mandava. Então achei interessante vê-la sob essa luz.

CLAUDIA: E ela tinha mesmo uma atração por homens que chamavam de ‘dominantes’, né?

Pela maneira como ela cresceu, idolatrando o pai, que muitas vezes disseram de uma forma romântica que queria que ela voltasse para Nova York para viverem felizes para sempre, mas ele só queria que ela fosse como uma serva.

CLAUDIA: Aquela versão da mulher cuidando do homem.

Sim, essa mentalidade machista que a própria Maria como mulher tinha. Ela era tratada como uma cidadã de segunda classe em sua época e não acho que as pessoas, quando reviam a vida dela, realmente olhassem para isso. Apenas pensaram, ‘ah, ela era respondona, gostava de brigar, gostava de drama’, mas nunca observaram que ela não teve escolha a não ser fazer isso. Mas, voltando à sua outra pergunta do material de pesquisa, eu sempre exploro a minha intuição cega, que sempre me faz acreditar que vou encontrar algo que ninguém mais consegue. E tenho mesmo esse talento: vou, procuro e encontro. E foi o que me guiou com Maria Callas.

CLAUDIA: Um super-poder?

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[Risos] Comecei a aplicar meus métodos habituais de pesquisa e havia arquivos de uma coleção enorme em Stanford, que foi de Robert Baxter, um grande colecionador que morreu recentemente, em 2019. Ele doou tudo em caixas para a universidade e como estávamos no meio da pandemia e eu não poderia ir a lugar nenhum, mandei um e-mail para o arquivista que me explicou que ainda não tinham analisado o material e se eu queria pagar e arriscar. Fiz a transferência e foi um tesouro absoluto.

CLAUDIA: O que tinha nas caixas?

Correspondências completas entre Maria e seu padrinho, de 1949 até 1977. E cartas para sua irmã, sua mãe, seu pai, seu marido e amigos. Sobre sua arte. Ou seja, apenas tudo o que ela estava passando e pensando naquele momento. Claro, olhamos para isso em retrospectiva, mas ela teve que passar por todas essas etapas para viver tudo em tempo real. E houve cartas para os gestores de ópera como a Ópera de São Francisco, La Scala.

Por exemplo, as pessoas se lembram como se ela tivesse cancelado as suas atuações em São Francisco quando o inferno começou e tem cartas de Meneghini, em italiano, repetindo o que os médicos haviam dito sobre sua saúde. Tive que contratar um tradutor para traduzir tudo isso. Também acessei outras cartas, Da coleção disponível na Biblioteca Pública de Nova York.

CLAUDIA: Alguma surpresa?

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Em alguns momentos, percebemos que ela é mais mal-intencionada. Em outros está mais no controle, tem outros que quer saber de fofocas, e achei isso muito engraçado. E quando ela está se separando de Meneghini diz coisas sobre ele. A correspondência com Leo Larman, seu melhor amigo e editor da revista Playbill, é tão íntima, ela simplesmente contou tudo. Outras vezes, quando você conhece todos esses lados dela, percebe que Maria pode ser bastante tímida e é uma espécie de leitura nas entrelinhas do que ela realmente está dizendo. Nessas cartas, claro,  é muito aprofundada em termos de [Aristoteles] Onassis, onde fala sobre a gravidez e as doenças, como não consegue se divorciar e que está com medo, que o ex-marido a está chantageando. Portanto, há muito mais do que os arquivos gregos.

CLAUDIA: Você diria que a maior diferença na sua biografia então é a fonte?

Sim, quando li outras biografias, senti que muito do material foi retirado de catálogos de leilões e era de domínio público, ou da revista Life. Há um livro que achei que foi de grande ajuda: Maria Callas, The Greek Years.

CLAUDIA: Mas houve alguma reação ao que publicou?

Sim, porque depois que meu livro foi escrito, havia coisas realmente horríveis escritas nos tabloides e alguns ainda pensam que sou uma pessoa má. Herdeiros de pessoas citadas que não gostaram do que estava publicado, mas quando estabelecemos que as fontes eram as cartas, passou. Quando mandei as cartas de Maria para Di Stefano [Giuseppe Di Stefano, tenor parceiro e mais tarde amante de Callas] para a filha dele, falei  ‘É como ler as cartas dos seus pais um para o outro’ e ela respondeu ‘Você vê o que Maria é quando está apaixonada’.

CLAUDIA: Era diferente?

Em algumas cartas está possuída, está com ciúmes, como se ela fosse irracional, dizendo coisas como ‘você deveria deixar sua família por mim’, está realmente atacando ele [Di Stefano] enquanto outros biógrafos o trataram como o vilão que impediu Maria de voltar para Juilliard, mas certamente é o contrário. Parte desse material entrará no documentário “A Maria desconhecida”, que estamos fazendo.

CLAUDIA: Acho impressionante que, mesmo em tempos de menos alcance tenológico, tenha sido ela que tenha quebrado a bolha da ópera e virado uma pop star e ainda assim seja o drama de sua vida o que seja o mais explorado.

É isso. As pessoas, as pessoas não percebem que o sentido da ópera italiana é muito combativo, suas heroínas estão sempre brigando com as pessoas no palco e Maria passou todas as emoções da vida real para o palco. Quando você a vê em uma entrevista e ela não está tendo um bom dia, ela avisa que não está tendo um bom dia. Não há pretensão ou filtro.

CLAUDIA: E a rivalidade dela com Renata Tebaldi? Fake News ou verdade?

Elas eram mulheres jovens na época, e sei que se desprezavam absolutamente nos anos 1950, mas eu gosto bastante disso – sempre que Callas estava passando por um momento ruim, como em 1973 ou 1974, em Nova York, Tebaldi foi a primeira a ligar para ela e quebrar aquela década de silêncio e dizer “o que está acontecendo, Maria?”.  Elas recuperam a amizade e é tão fabuloso. Quando vemos Tebaldi no memorial de Callas, as lágrimas dela são genuínas.

CLAUDIA: E dos outros mitos de Callas, sei que há um que te alucina – dizer que Maria perdeu peso para ficar parecida com Audrey Hepburn. Por que? 

Sim, isso me deixa louca porque meio que descarta tudo o que Callas estava passando na época. Leio coisas onde dizem “ah, ela era enorme, mesmo quando criança ela era tão gorda”, e isso não é verdade. Estavam começando a humilhá-la de verdade, humilhá-la por causa do tamanho dela e ela estava profundamente infeliz por ser criticada por seus colegas, pelo público, pela imprensa.

CLAUDIA: E sempre foi uma mulher vaidosa!

Mas ela também estava insatisfeita com o marido, porque ele também era seu empresário e ela não gostou dessa dinâmica em casa. Ela queria ser esposa e ter filhos, mas, como escreveu, se tornou uma máquina de cantar. Acho que foi por essa infelicidade também que ela realmente começou a se cuidar e a perder peso. Quando você não tem o respeito do seu parceiro ou o amor dele, de certa forma você começa a viver para si mesma e foi isso que ela fez.

Foi uma forma de assumir a própria identidade, por isso dizer que ela viu A Princesa e o Plebeu e queria ser Audrey Hepburn é errado. Nunca em nenhuma de suas cartas a vemos sequer dizendo que viu o filme.  Ela ficou muito magra e gostou da atenção – e todo mundo gosta – veja Adele, que fez uma transformação completa.

CLAUDIA: E para manter foi difícil?

Infelizmente, ela começou a gostar de passar fome e ter uma péssima relação com a comida. Onassis não ajudava porque dizia, ‘olha como a Maria engordou’ e ela nem era grande. Ele gostava de mulheres muito magras, como Jackie Kennedy, então Maria estava sempre em conflito tentando se adequar ao ideal dele, tanto que escreveu em uma carta para Leo Lerman: “Eu gostaria de poder tomar apenas um comprimido e não ter que comer comida”.

CLÁUDIA: Oh, meu Deus.

Sim e ela também tinha muitos problemas de saúde. As pessoas pensavam que ela era hipocondríaca, mas não era.

CLÁUDIA: Sim, e isso me leva a outro tipo de segredo, que era a saúde dela que não foi realmente explorada.

Foi como se tudo tivesse começado com a mudança de visual dela. Ela foi para a Suíça, em uma clínica onde todas as estrelas de cinema iam, e fez tratamentos com iodo, que é relativamente seguro para tratamento de tireoide, o que não era seu caso.  Tomou injeções de iodo que aceleraram a tireoide. Ela estava realmente brincando com sua mortalidade, mas ela fez isso.   

CLAUDIA: Alguma outra lenda sobre a perda de peso de Callas?

Que ela ingeriu uma tênia [um verme que se instala no intestino]. Isso também não é verdade.

CLAUDIA: E a dependência de remédios?

Ainda nos anos 1950, ela começou a ter um ataque de pânico e ainda assim teve que cantar. E foi aí que ela começou a gostar do que chamavam de “vitaminas”. As pessoas tinham uma relação diferente com os medicamentos prescritos nas décadas de 1950 e 1960. Esse foi o começo, mas foi Onassis que viciou em Mandrex, que tem muitos nomes de ruas e hoje é proibido, mas que naquela época era legal.

Ele acalma o sistema nervoso, mas também dá sentimentos de euforia, e ela passou a confiar nisso, ficando muito dependente nos anos 1970, embora acredite que ela estava se automedicando, para tentar aliviar os sintomas.  [segundo a pesquisa da autora, Callas enfrentava problemas neurológicos em segredo, até por falta de diagnóstico correto]  

Maria Callas
Maria Callas e Aristoteles Onassis em 1957. (ullstein bild/ullstein bild/Getty Images)

 CLAUDIA: Como podemos olhar para seu relacionamento com Onassis com tudo que sabemos hoje?

Acho que ela o conheceu em seu ponto mais baixo. Não é verdade que Maria trocou o marido por ele, antes do cruzeiro [com Onassis], ela pediu liberdade. Ela descobriu que Meneghini estava gastando seu dinheiro e disse ‘não quero mais ficar com você’, mas ele respondeu ‘Você não pode se divorciar e está presa comigo’. Ele a seguiu no cruzeiro e sei que Onassis era casado, mas também a esposa de Onassis se divorciou e ele não quis dar o divórcio porque ele era simplesmente horrível.

Eles eram todos casados, mas não eram casados, se isso faz sentido. Talvez não aos olhos da igreja, mas quero dizer, essa é a dinâmica. E senti que ela pensava que Onassis era esse grande protetor masculino, cuidando dos negócios, e que não viu seus defeitos como uma bandeira vermelha. Mas, novamente, ela cresceu naquela sociedade onde os homens levantavam a mão para as mulheres. Os psicólogos também dizem que quando uma criança sofre abuso, procura pessoas semelhantes quando adulta porque precisa dessa adrenalina. Ela gostava quando os homens de sua vida se comportavam mal, ela via isso como um sinal dos sentimentos deles por ela. Ela escreveu isto para Meneghini na década de 1940: ‘Você nunca teve ciúmes de mim? Isso não é bom e estou descontente. Gostaria de ver e sentir que você tem um pouco de ciúme da sua mulher, mesmo que confie em mim’.

 CLAUDIA: Ela não tinha melhor referência?

Outras vezes, ela cria seu próprio drama. Maria não é uma espectadora inocente, apenas usa as ferramentas que lhe foram dadas na infância e, durante toda a sua vida, continua voltando ao mesmo indefinidamente.

CLAUDIA: Alguma expectativa para o filme Maria, com Angelina Jolie interpretando Callas?

Acho que ela tem aquela elegância e aquele ar de Callas. Acho que ela vai ser justa, estou curiosa.  Depois da foto divulgada a vejo como Maria Callas, acho que ela está bem, tem aquele visual vintage, mas é cedo para opinar. Mas gostaria de ver Angelina Jolie como a verdadeira Maria.

CLAUDIA: Como você gostaria que seu aniversário de 100 anos fosse celebrado?

Às vezes, sinto que está um pouco saturado e é um exagero, que todo mundo está fazendo a mesma coisa, o que é legal porque obviamente eles estão celebrando, mas nada de diferente. Eu vou só tomar sorvete em sua homenagem [Callas era apaixonada por sorvete]. [Risos] Será só um dia de reflexão para mim e de muita vontade de canalizar a pessoa Maria, porque, sabe, não é o centenário da artista, a carreira veio muito depois, para mim é só Maria e não sinto que todos os dias alguém tenha Maria para mim.

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