“As Agentes 355”questiona a resistência das mulheres em filmes de ação
Saiba os detalhes do filme de ação de Jessica Chastain, que abre a discussão de como é difícil ver mulheres protagonizando tramas do gênero
Há muitos anos, Jessica Chastain anunciou a determinação de fazer um bom filme de ação apenas com mulheres. Finalmente o projeto chegou aos cinemas como “As Agentes 355” e segue a fórmula clássica de histórias de espionagem, com uma trama fraca, mas que justifique lutas, viagens para países exóticos e disfarces. “As Agentes de 355” são a mescla de “As Panteras” e “James Bond“: diversão pela diversão.
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Ironicamente, o filme – extremamente bem produzido – encarou críticas severas ao redor do mundo por ser “superficial” ou “mais do mesmo”. Como mais do mesmo? Quantas missões de James Bond foram profundas? Ou de Jason Bourne? Ethan Hunt está indo para a “oitava” Missão Impossível, sendo que pelo menos seis delas foram a briga para impedir que um disquete revelasse as identidades de espiões ao redor do mundo. Não vou nem falar de “Velozes e Furiosos”!
Por que, então, quatro mulheres incríveis lutando para salvar o mundo é tolice? Parece que o público (especialmente masculino) não está pronto para aceitar que as mulheres podem invadir esse gênero. E não há nada que as impeça.
Geena Davis passou pelo que Jessica está passando há uns 30 anos. A atriz tinha uma carreira e um Oscar, mas em vez de se manter em dramas ou romances, quis fazer filmes de ação. Praticamente entrou para o esquecimento. As duas trabalharam juntas em “Ava”, que obviamente não deu certo nas bilheterias. Charlize Theron também aposta no gênero com “Atômica” e “The Old Guard”, mas igualmente ficou longe da unanimidade. Temos que refletir sobre isso.
Voltando à 355. A química entre as mulheres é incrível. Além de Jessica, Lupita Nyong’o, Diane Kruger e Penélope Cruz estão arrasando. E o elenco masculino, com Sebastian Stan e Edgar Ramirez, não doem aos olhos em nada. A história, como em todos os filmes de James Bond e afins, é em torno de garantir que um programa de computador, que permite hackear qualquer sistema de segurança, possa chegar às mãos de terroristas, forçando as agentes de países diferentes a trabalharem juntas. Sim, são clichês e as “reviravoltas” nem sempre fazem 100% de sentido, mas nada ali é para refletir, é apenas para divertir. E nesse ponto, o filme é certeiro.
Por outro lado, fiquei mais curiosa sobre a história verdadeira da “355”, citada rapidamente. Pelo que consta, a espionagem já existia desde os tempos da Independência Americana e foi graças às informações de uma espiã – isso mesmo, uma mulher – que George Washington conseguiu suas vitórias militares.
Essa mulher, que tinha acesso aos britânicos, era a única fonte de confiança do General, mas seu nome foi tão bem escondido que até hoje só sabemos seu código: 355. Essa é uma história que adoraria ver contada!
Se está afim de conferir “As Agentes 355”, vá de coração aberto. Fica indicado que possa virar franquia, o que seria uma boa alternativa para encerrarem de vez essa resistência machista. As mulheres arrebentam.