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Ana Claudia Paixão

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A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood
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A lenda de Greta Garbo sobrevive ao seu pedido de ser esquecida

Lenda de Hollywood, Greta Garbo, ganha livro "Garbo" que conta um pouco da sua história com o cinema mudo

Por Ana Claudia Paixão
Atualizado em 23 dez 2021, 19h38 - Publicado em 23 dez 2021, 19h37
Greta
Greta Garbo (1905 - 1990) (| Foto: Bettmann Archive/Getty Images)
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Se há uma lenda em Hollywood que os anos não desvanecem é a de Greta Garbo. Sua beleza, talento e, acima de tudo, autenticidade, colaboraram para o mito – que ficou conhecido como “a esfinge”, “a divina” ou simplesmente, “Garbo”.

Mais de 30 anos após sua morte, sua carreira e vida pessoal ainda seguem rendendo livros e especulações, o mais recente lançado nos Estados Unidos no início de dezembro de 2021, assinado por Robert Gottlieb. “Garbo”, o livro, foca nos relacionamentos amorosos da atriz, que incluíram homens e mulheres, em tempos em que a bissexualidade era tabu.

É muito curioso que uma pessoa avessa a entrevistas, fama e que explicitamente pediu para ser deixada em paz, ainda seja tão comentada e discutida. Greta Garbo sempre foi moderna e segue assim, muitas gerações depois.

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A atriz, que foi uma estrela do cinema mudo e depois falado, sempre foi solitária e tímida desde a infância. Descobriu o gosto pelo palco muito nova, depois que seu pai morreu por causa da epidemia da febre espanhola. Começou como modelo e em poucos anos já estava entre as principais atrizes do cinema sueco.

Sem falar uma palavra de inglês (o que não fazia diferença no cinema mudo), Greta se mudou para os Estados Unidos em 1925. Foi quando adotou o nome de “Greta Garbo” e se adequou ao padrão de estética da época, arrumando os dentes e emagrecendo, tudo para construir a imagem de uma mulher exótica, sofisticada e conquistadora (algo que não gostou, mas aceitou). Em apenas um ano já era a maior estrela da MGM.

Seu parceiro mais frequente nas telas era John Gilbert, com quem se envolveu romanticamente. Avessa às convenções sociais, viveu com ele se recusando a se casar, um escândalo de proporções assustadoras para a época.

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Garbo era conhecida como uma grande atriz, mas começou a ganhar a fama de difícil. A chegada do som foi uma preocupação – por causa de seu forte sotaque –, mas trouxe mais personalidade à sua atuação. Como “Anna Christie” foi indicada ao Oscar e, na refilmagem anos depois, chocou o mundo ao se vestir de homem e beijar uma mulher em cena.

Decidiu se aposentar aos 36 anos, quando seu nome não vendia mais ingressos como antes. Embora tenha flertado com uma volta, se recusou a fazer “Crepúsculo dos Deuses” e se mudou para Nova York para uma vida que queria ter bem longe das câmeras. Teria sido quando falou a clássica frase “me deixem sozinha” (I want to be alone), que na verdade teria sido “me esqueçam” (I want to be left alone).

O efeito foi contrário. Quanto mais queria se esconder, mais atraía fotógrafos. Seus óculos grandes viraram assinatura de estilo.

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As fotos maravilhosas de Cecil Beaton, seu ex-amante, ressaltaram sua beleza e atração para as lentes. Ela viria a morrer em 1990, aos 84 anos, como consequência de um câncer no seio.

Em bom português? Nos bastidores, Greta era antipática, fosse por timidez ou não, mas não frequentava festas, se recusava a assinar autógrafos ou responder aos fãs. Em 1928, no auge de sua fama, confessou “desde que me lembro, sempre quis ficar sozinha. Detesto multidões, não gosto de muitas pessoas”, alguma surpresa de como surgiu o apelido de “esfinge”?

O novo livro vai ressaltar a força da personalidade de Garbo, que jamais se rendeu ao que era esperado dela. Sua privacidade era o que mais prezava, mas seus amigos revelaram alguns de seus segredos ao longo dos anos.

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Gotlieb descreve como a atriz se relacionava sexualmente com homens e mulheres, como sua famosa inimizade com Marlene Dietrich pode ter nascido de um rompimento de um romance entre as duas.

Segundo o autor, a lista de amantes foi realmente longa, incluindo Orson Welles, Tallulah Bankhead, Mercedes de Acosta, Josephine Baker, Louise Brooks e até Billie Holiday. Com bom texto e material de pesquisa, a biografia deve ser interessante, mas justamente tudo que Greta Garbo queria evitar.

Em tempos de pouca privacidade, é irônico justamente saber mais sobre uma das mais misteriosas atrizes de todos os tempos. A única, que não conseguimos esquecer.

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