Ter um espaço verde dentro de casa é um privilégio! Poder desfrutar de um cantinho com a atmosfera de tranquilidade, que o contato com a natureza traz, é um jeito de desacelerar e fugir do estresse das grandes metrópoles. Mas, a grande maioria das pessoas que moram em cidades grandes não tem um espaço com solo livre para o cultivo de plantas.
Por isso, os paisagistas Catê Poli e João Jadão, dupla que assina a Praça Paulista Augusta na CASACOR São Paulo, comprovam que espaços sem terra e parcialmente iluminados podem sim se ganhar um jardim para chamar de seu.
Na mostra que acontece no prédio do Conjunto Nacional, a Praça Augusta Paulista traz o contato com a natureza mesmo com a inviabilidade de plantar diretamente no chão. No ambiente, vasos vietnamitas com diferentes alturas e diâmetros, bem como floreiras, criam um clima natural no prédio icônico de arquitetura brutalista.
Em casa, criar um jardim vai muito além de um hobby ou de um toque na decoração: o ato de cultivar faz bem e pode ser considerado uma forma de terapia. “Ter muitas plantas sempre melhora o clima de casas e apartamentos, pois as espécies promovem a troca de umidade e a purificação do ar que resulta na sensação de frescor. Pelos conceitos de biofilia e neuroarquitetura, a proximidade com o natural exerce um bem-estar neurológico no indivíduo, que passa a sentir paz e equilíbrio”, ressalta Catê.
Saiba como montar um jardim de vasos e floreiras
De acordo com profissionais, é possível criar uma área verde em ambientes de todos os tipos e tamanhos. Para isso, o primeiro passo é a observar local a fim de definir se o jardim será vertical ou horizontal. Em varandas de apartamentos, vasos e as floreiras, também conhecidas como jardineiras, são boas escolhas e propiciam as condições ideais para o crescimento das plantas.
A próxima etapa consiste em pesquisar as espécies de acordo com as características do local. “O ambiente é bem ventilado? Conta com luz natural abundante ou parcial? Essas são questões básicas que nos auxiliam na definição das plantas que melhor se desenvolverão na área onde o jardim será elaborado”, relaciona Jadão.
Vasos ou floreiras?
Sobre o recipiente que abrigará as espécies, os paisagistas detalham que não há uma regra determinante, mas que a escolha acompanha as características de crescimento de cada uma. As dimensões de um vaso devem comportar, por exemplo, o tipo de raiz.
“As mais profundas demandam recipientes maiores”, enfatiza Catê, que exemplifica as palmeiras e arbustos do tipo limoeiro e jabuticaba como espécies com raízes mais profundas. Por outro lado, as floreiras são indicadas para folhagens como samambaias, cactos e peperômias, além de cercas vivas como azaleia, camélia e pingo-de-ouro.
Pensando nas características, o vaso é geralmente mais arredondado ou quadrado, apresentando largura e alturas proporcionais. O mercado de paisagismo também conta com as bacias, que são vasos mais baixos. Outra alternativa é trabalhar com as floreiras, conhecidas por seu formato retangular, que se assemelha a um paralelepípedo.
O paisagista João Jadão avisa: “o vaso perfeito é aquele que comporta o formato, tamanho e dimensões das raízes da planta e que também caiba no bolso do morador, pois hoje em dia o mercado oferece uma ampla variedade de acabamentos e materiais que podem custar de 40 até 30 mil reais. A aparência depende do investimento que será feito”, explica.
Recicle!
Para inspirar quem deseja cultivar um jardim, Catê e João incentivam a ideia do reaproveitamento de materiais como estratégia para incentivar uma consciência sustentável. A tendência do upcycling se traduz como técnica que vem ganhando cada vez mais espaço no paisagismo e no décor, provendo um novo ciclo de vida para peças, que seriam descartadas. “Com uma simples reforma e uma dose de criatividade, podemos ressignificar algo que foi deixado de lado em um novo objeto. Foi assim que produzimos as floreiras que trouxemos para a CASACOR”, relembra Catê.
Em uma proposta de reciclagem, o processo de upcycling criado pelos paisagistas se consistiu em pintar 25 floreiras que estavam desprezadas no depósito do fornecedor. Com os novos ares, foram usadas no ambiente.
Hora de colocar a mão na terra
Para o plantio, antes da de colocar a terra, é necessário fazer a drenagem com argila ou pedra brita. Na sequência, uma manta de bidim é posta ao fundo com a finalidade de drenar e atuar como uma espécie de filtro. Só depois que o vaso ou floreira estará pronta para receber uma camada de terra adubada, vegetal ou substrato até completar a altura.
Os paisagistas lembram da importância de não ultrapassar o nível da terra em uma muda de planta, pois corre-se o risco de afogamento da espécie. Com essas recomendações principais, Catê e João estimulam o cultivo de jardins em casa, pois além de fazer o bem ao morador, o impacto também será percebido no âmbito macro de nossos bairros, cidades e o planeta.