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Estas mulheres deram a volta por cima após crises profissionais

Crises profissionais e pessoais ensinam a lidar com adversidades e trazem lições para a carreira. Estas mulheres contam o que aprenderam ao se levantar

Por Fabiana Corrêa | Styling por Maria Antonia Valladares e Maquiagem por Roni Modesto (Capa MGT)
26 jul 2017, 15h09

No momento em que se perde algo caro, como trabalho, saúde ou algo pelo qual se batalhou muito, fica difícil enxergar as lições recebidas no caminho – mas com o tempo elas se tornam mais evidentes.

Crises são um importante processo de aprendizagem, elas trazem autoconhecimento e fortalecem nossas habilidades para buscar soluções”, diz a coach Magda Santana, sócia da Adigo, consultoria em desenvolvimento empresarial, em São Paulo. Em geral, passado o furacão, é preciso realinhar valores e crenças, o que acaba modificando profundamente o caminho que havia sido iniciado antes dele.

Ao longo de seus 35 anos, a empresária Luzia Costa, dona da rede de franquias de beleza Sóbrancelhas, hoje com 197 lojas, viu seus vários pequenos negócios falirem seguidamente até aprender a administrar. “O que veio anteriormente foi importante para que eu tocasse meu negócio de maneira profissional”, diz.

Ela e outras mulheres que passaram por momentos dramáticos contam aqui como as lições da crise tiveram impacto em suas carreiras e em seus negócios.

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De dona a funcionária

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(Marcio del Nero/CLAUDIA)

Etienne du Jardin, 37 anos, sócia da Cartel 55

No ano passado, a designer Etienne du Jardin teve que lidar com o que via, a princípio, como um fracasso. Em 2015, sua agência de promoções começou a sofrer com a crise. No primeiro ajuste, ela cortou a equipe pela metade. No segundo, demitiu os demais.

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Não dormia direito, envelheci uns dez anos em seis meses. Eu me sentia incompetente em todos os sentidos”, diz. O marido teve um colapso e o casamento ficou por um fio. Em 2016, ela tomou a decisão inevitável: fechou a empresa, cheia de dívidas, e foi procurar emprego. “Queria encontrar algo que tivesse a ver comigo; não podia abrir mão dos meus valores”, conta.

Um amigo a indicou para trabalhar na área de atendimento de uma agência de marketing digital, em São Paulo. Na hierarquia, era um cargo baixo, mas ela usou suas habilidades de empreendedora e abraçou projetos paralelos.

Neste ano, entrou para a sociedade e passou a cuidar de uma nova unidade do grupo, a Cartel+55, produtora digital que capacita e emprega jovens de baixa renda. Etienne toca justamente a formação desses novos profissionais – e se sente realizada assim. “Aquela situação me trouxe até aqui, onde vi que, mais do que ganhar dinheiro, é importante ter um propósito.”

Paz com o espelho – e com o bolso

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(Marcio del Nero/CLAUDIA)

Renata Poskus, 35 anos, empreendedora do Mercado Plus Size

Aos 17 anos, com 1,72 metro e 60 quilos, Renata ouviu da professora de balé que não poderia ser bailarina por causa do peso. “Aquilo me abalou demais, era meu sonho”, conta. Cursou jornalismo e queria ser a moça do tempo, mas eram as estudantes magras as escolhidas para o papel. Até que a questão apareceu no seu relacionamento.

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“Passei anos com um namorado que me colocava para baixo devido ao meu corpo. Eu me sentia vítima”, diz. Quando ele rompeu com ela, em 2009, Renata ainda estava sem emprego, o que piorou seu estado de espírito. Foi então que resolveu fazer um ensaio fotográfico sensual para chamar a atenção do ex. Eles não reataram, mas ela percebeu que poderia recuperar a autoestima – e ganhar dinheiro com isso.

Reuniu outras mulheres para fazer fotos sexy e divulgou a iniciativa. “Na época, ninguém falava em modelos plus size; então, todo mundo noticiou”, lembra. Enxergou aí um filão e criou os eventos Dia de Modelo e Fashion Weekend Plus Size, mais a marca Maria Abacaxita, dirigidos a mulheres orgulhosas das próprias curvas. “Parei de me vitimizar, vivo bem com meu corpo e encontrei meu ganha-pão.”

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Hora de assumir o negócio

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(Marcio del Nero/CLAUDIA)

Cleusa Maria da Silva, 51 anos, dona da Sodiê Doces

Para quem não conhece a história, o nome Sodiê, na fachada de 283 docerias, soa enigmático. Mas, para a empresária Cleusa da Silva, que há 20 anos virava madrugadas fazendo bolos para vender na vizinhança, ele tem tudo a ver com superação. É a junção dos nomes de seus filhos, Sofia e Diego, e substituiu a marca original da empresa, que se chamava Sensações.

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Isso foi necessário porque, em 2007, quando já tinha 74 franquias, ela soube que o registro da marca havia sido negado (por se parecer com o nome de um chocolate). “Fiquei desesperada. Foram quatro meses sem dormir”, lembra.

Passado o baque, ela assumiu a responsabilidade pela mudança e garantiu aos franqueados que pagaria a troca das fachadas. “A mudança custou 3 milhões de reais, mais do que o meu faturamento anual à época”, diz. Para quem já foi boia-fria, era só mais um desafio. “Tomei a frente e profissionalizei a gestão”, conta. Cleusa agora se prepara para lançar a Sodiê Salgados, tocada por Diego, hoje com 27 anos. “Não preciso fazer tudo sozinha, posso delegar.”

Desistir não era opção

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(Marcio del Nero/CLAUDIA)

Luzia Costa, 35 anos, dona da Sóbrancelhas

Hambúrguer, pizza, tomate seco, pirulitos. Luzia Costa, dona da rede de franquias de estética Sóbrancelhas, já fez de tudo. Desde os 19 anos, quando tinha um carrinho de sanduíches no interior de São Paulo, empreendeu diversas vezes – e quebrou. Endividou-se, perdeu tudo, deixou a cidade em que vivia e chegou a morar em um casebre com os dois filhos. “Nunca pensei em arranjar um emprego. Sobreviver do meu negócio era uma necessidade”, diz.

A história começou a mudar quando alguém lhe sugeriu um curso grátis de estética enquanto ela vendia pirulitos na rua. Ela fez, mudou-se para a praia e montou uma tenda de massagens na orla. Juntou algum dinheiro assim, voltou para Taubaté (SP), que considera sua cidade, e atendeu de graça como esteticista em escolas até formar clientela. Montou então um pequeno salão e começou a ser procurada para dar treinamento a profissionais da concorrência.

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“Vi que poderia aumentar a minha empresa. Estruturei tudo sozinha e vendi a primeira franquia em 2013”, conta. Hoje, são 193 lojas no Brasil mais quatro na Argentina. E Luzia acaba de lançar uma franquia de cuidados com as unhas, a Beryllos, com duas lojas. “O segredo de ser grande é tratar-se como pequeno.”

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Criatividade em meio à dor

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(Marcio del Nero/CLAUDIA)

Priscilla Fiorin, 38 anos, gerente de relações públicas

O nascimento de Catarina, em 2015, foi o momento mais feliz da vida de Priscilla Fiorin – e também um dos mais angustiantes. A menina sofria de uma doença rara: atresia do esôfago, má-formação que a impedia de se alimentar normalmente.

Com dois dias de vida, enfrentou uma cirurgia que não deu certo. “Minha filha foi para casa com um furinho na garganta (o respiro) e uma sonda para alimentação. Eu dava de mamar apenas para que ela aprendesse a sugar, mas o leite escorria pelo furo”, conta.

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A preocupação aumentou quando chegou a hora de voltar ao trabalho, em uma multinacional de tecnologia, e a busca por babá virou um calvário. “Não conseguia encontrar alguém com os requisitos de que necessitava”, lembra.

Na época, Priscilla estava concluindo um MBA e precisava montar um plano de negócios. Criou então o AppNanny, aplicativo que “filtra” características e faz uma busca entre mil babás cadastradas – hoje, já são 600 os usuários.

Catarina refez a cirurgia, com sucesso, e sua mãe se dedica também a ajudar pais que passam por problemas semelhantes. “Conhecer alguém que enfrenta a mesma doença que você já é um alento.”

*Etienne veste blusa, Renner; calça, Riachuelo; botas, Renner; brincos, Kenuz/Renata veste macacão, Semine; blazer, Cia de Moda; brincos, Uber47/Cleusa veste regata, blazer e saia, todos Marisa; blusa, acervo pessoal; brincos, Maxior/Luzia veste casaco, Renner; blusa e calça, ambas Riachuelo/Priscilla veste blazer, Renner; body, TVZ; colar, Uber47.

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