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Após perder a visão, mulher cria sex shop para pessoas com deficiência

Conheça a história de Thais Coutinho, que criou a Blind Sexy a partir de suas necessidades pessoais

Por Sarah Catherine Seles
Atualizado em 19 abr 2023, 13h17 - Publicado em 30 jul 2021, 20h40
Thais Coutinho aparece de pé na frente e atrás dela estão os produtos sexuais vendidos em sua loja Blind Sexy
Thaís Coutinho, fundadora de sex shop para pessoas com deficiência visual (Thaís Coutinho/Arquivo pessoal)
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Há três anos, Thaís Coutinho sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico e sua vida mudou completamente. Na época, ela trabalhava com contabilidade e tinha uma rotina muito estressante em seu emprego. Nos três meses após o AVC, a hemorragia pressionou sua retina e diminuiu a visão, até que ela não pôde ver mais nada.

“Eu vivi muitas coisas quando ainda tinha baixa visão. Essas experiências me favorecem muito hoje, como pessoa com deficiência visual total”, conta Thaís em entrevista a CLAUDIA.

Após a reabilitação e o devido acompanhamento psicológico, Thaís quis recomeçar sua vida sexual usando brinquedos e acessórios eróticos como antes. No entanto, ela encontrou dificuldades para comprar os produtos, já que as lojas não são acessíveis.

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Thaís Coutinho, fundadora da Blind Sexy conta como o Sex Shop auxilia pessoas com deficiência visual
Thaís Coutinho, fundadora da Blind Sexy, conta como o sex shop auxilia pessoas deficiência visual (Thaís Coutinho/Arquivo pessoal)

“Eu encontrei grandes barreiras tanto nas lojas físicas quanto nas virtuais, porque as vendedoras não sabiam como me atender, nem descrever os produtos de maneira correta”, lembra Thaís. Em uma ocasião, ela ouviu que sex shop não era lugar para ela, “mas eu sabia que a minha deficiência visual não impediria em nada a minha vida sexual”.

A empreendedora percebeu que a realidade de suas amigas com a mesma deficiência era semelhante, por isso decidiu que ela mesma disponibilizaria os produtos para quem não tem acesso. “E aí nasceu a Blind Sexy. Eu tenho um catálogo online com a descrição completa dos produtos com função, tamanhos e tipo de embalagem”, explica.

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“Foi um nicho que encontrei para agregar valor na minha renda, porque eu tive que me aposentar como contadora e, com isso, passei a ganhar bem menos”, lembra.

Thaís explica que a vida da pessoa com deficiência visual demanda mais gastos consideráveis, já que em certos momentos é necessário contratar acompanhantes, investir em estruturas de acessibilidade, bengalas, entre outras coisas.

Por isso, a Dona Blind, como é chamada pelas clientes, leva os gastos das pessoas com deficiência em consideração no preço dos produtos. Para que todos possam ter acesso, os sex toys possuem valores bem variados.

Blind Sexy

Empoderadas, confiantes e livres são as palavras que Thaís usa para definir suas clientes. “Hoje eu sinto que minhas clientes estão muito mais satisfeitas e confiantes em comprar brinquedos sexuais e falar quais são seus desejos e fantasias”, observa.

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Produtos sexuais vendidos na Blind Sexy
Brinquedos e fantasias sexuais vendidos na Blind Sexy (Thaís Coutinho/Arquivo pessoal)

Antes da pandemia, Thaís levava os produtos até as clientes para que pudessem tocar e ter certeza do que queriam. Hoje, porém, o atendimento é feito exclusivamente pelo WhatsApp da Blind Sexy. Com delicadeza, ela leva em consideração a necessidade de cada cliente e busca entender o que cada uma precisa, descrevendo os produtos detalhadamente.

Sexo através dos sentidos

“O sexo da pessoa com deficiência visual é extremamente sensorial. E, para mim, o sexo se tornou melhor agora, após a perda da visão”, conta Thaís. Os sentidos são essenciais para aflorar o prazer por meio do toque, do perfume e do calor do corpo.

No sexo, a empresária percebeu que as sensações ficaram mais intensas. Por isso, Thaís faz questão de explicar o que cada produto proporciona.

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A Blind Sexy vende fantasias e lingeries com texturas, como a da Mulher Gato, que possui pelúcia no sutiã e um rabinho de gato na minissaia. “Para as pessoas cegas tudo isso faz diferença”, garante a empresária.

Sexo e tabu

“Esse tabu começa na família, dentro de casa. Eles sentem que as mulheres cegas são mais vulneráveis a sofrer assédio sexual e abusos”, explica Thaís.

Algumas pessoas ao seu redor não tem familiaridade com o tema, como seu namorado. Mas Thaís se coloca à disposição para auxiliar as pessoas nesse sentido, já que sempre foi muito aberta para falar sobre sexo. Ela conta que ele passou a entender melhor sua própria sexualidade por causa da liberdade que ela tem sobre o tema.

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