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8 mentiras sobre bissexuais que precisam ser abolidas urgentemente

Gostar de ménage, ser indeciso, ser vetor de doenças... esses são alguns dos julgamentos que os bissexuais ainda escutam em pleno século 21.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 24 abr 2023, 17h47 - Publicado em 24 abr 2019, 18h09
 (Júlia Vicheti/MdeMulher)
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Infelizmente, as conclusões precipitadas sobre a orientação sexual das pessoas continuam acontecendo. E quando o assunto é bissexualidade, os comentários são mais do que simplesmente pitacos. Em sua maioria, eles são preconceituosos e refletem a biofobia – a discriminação contra o grupo.

Para entender como ocorre a invisibilidade dos bissexuais, o MdeMulher procurou o coletivo “Bi-sides” para ouvir diretamente de quem vivencia esse preconceito diário.

O grupo foi fundado em 2010 e procura “articular e criar redes de bissexuais local, nacional e internacionalmente”, como diz a descrição da comunidade no Facebook. Por isso, conseguirmos colher depoimentos e separar oito mentiras que cooperam para que esse grupo seja ainda mais desrespeitado. 

Confira:

1. “Bissexual é infiel”

Infelizmente, muitas pessoas associam bissexualidade com infidelidade. Isso acontece com a justificativa de que bissexuais não se sentem completos ao estarem com quem quer que seja a pessoa, pois se atraem pelos dois gêneros. Essa frase ofensiva também acontece porque pessoas que se relacionam com homens e mulheres são vistas como promíscuas.

Porém, esse posicionamento é apenas um reflexo do preconceito ao grupo e um comportamento social comum de binariedade, isto é, que só se pode ser uma coisa ou outra, mas não as duas ao mesmo tempo, como explica o psicólogo Hamilton Kida, fundador do Projeto Rainbow, ao UOL

2. “Você está enganando o seu parceiro”

Ao ser hetero, você anuncia qual a sua orientação sexual, como se fosse uma grande informação reveladora? Provavelmente não. Por que o contrário deveria acontecer com pessoas bissexuais? Esse questionamento não é para, de forma alguma, incentivar alguém a esconder sua orientação sexual, mas lembrar que não é obrigatório anuncia-la.

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A única pessoa com quem você precisa estar esclarecida sobre sua orientação sexual é você mesma – e sempre com o cuidado de respeitar o seu tempo de auto-reconhecimento.

3. “Bissexual não sofre preconceito, porque pode escolher”

Dizer algo desse tipo para uma pessoa bissexual é não ter consciência de que essa frase, por si só, reforça o preconceito contra quem gosta de homens e mulheres simultaneamente. Isso porque ela fortalece a ideia de que a bissexualidade é um grande parque de diversão com inúmeras disponibilidades diante dos olhos – esquecendo completamente da fetichização, que principalmente as mulheres bissexuais sofrem.

Além de idealizar uma ideia de que essa orientação sexual facilita as relações afetivas, esquece-se que muitas vezes o processo é inverso. Exemplo: bissexuais são alvos constantes de desconfiança – como a da mulher que pensa na possibilidade de ser trocada por um homem e vice-versa. Também existe o problema da fetichização, pois há quem acredite que um parceiro bi tem que ser adepto de qualquer prática sexual, principalmente, a que envolve sexo a três.

4. “Já fez ménage, né?”

A sociedade vê as pessoas bi sob uma ótica muito sexualizada, por isso tal frase sobre ménage é muita ouvida. Além do questionamento como uma curiosidade extremamente invasiva, há também os casos de pessoas que procuram por pessoas que gostam de ambos os sexos simplesmente para convidá-las para um ménage.

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Esse convite aleatório (e hostil!) também está relacionado ao preconceito de que bissexuais são imorais e, consequentemente, concordariam com qualquer experiência sexual. Quem pensa assim esquece-se que se encaixar dentro dessa orientação sexual não faz com que a pessoa deixe de ter preferências, que os bissexuais podem escolher o que gostam ou não de fazer na hora de transar. Portanto, ser bissexual não é sinônimo de ser adepto do sexo a três.

5. “Isso é só uma fase!”

De fato, muitas pessoas passam algum tempo se reconhecendo como bissexuais antes de descobrirem que são lésbicas ou gays, mas isso não é uma regra. Na verdade, limitar essa orientação sexual como transitoriedade é uma face da bifobia. Mais uma vez, não é necessário gostar só de A OU B, existe o “E”.

6. “Tudo bem gostar de um ou outro, mas dos dois não dá”

Na verdade, dá sim. Dá e muito! Estabelecer que alguém só pode se atrair por um dos gêneros é esquecer que o ser humano não se limita quando o assunto é gostar. Portanto, por que isso deveria acontecer com a sexualidade de alguém?

Porém, é importante ressaltar que não está tudo bem em dizer que a bissexualidade é apenas um reflexo da complexidade humana ou que bissexuais são verdadeiras representações da geração que não precisa de rótulos. Essa orientação sexual possui um conceito, sempre existiu e não é sobre a confusão humana, mas sobre como a binariedade das coisas não é uma regra.

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7. “Bissexualidade não existe, você é lésbica!”

Negar a existência de uma orientação sexual que conversa com ambos os gêneros é a bifobia em um das formas mais puras. Principalmente porque é dizer para a pessoa que se reconhece de tal forma é estar mentindo para si mesma e dar a entender que a pessoa não se conhece verdadeiramente.

O mesmo acontece quando alguém tenta determinar a orientação sexual de um bi a partir do gênero da pessoa com quem ela ou ele está se relacionando no momento. Ou seja: se uma garota bissexual está namorando uma mulher, ela é vista pelos bifóbicos como lésbica, se está namorando um homem, é tida como hétero.

Muitas vezes, essa afirmação vem acompanhada da ideia de que a mulher não é bissexual, mas lésbica por só ter tido relações sexuais apenas com figuras femininas, ainda que tenha ocorrido o envolvimento emocional com homens. Ao dizer isso para alguém, questione-se sobre o que constitui o vínculo entre as pessoas e se o único critério para definir de quem ela gosta são as pessoas com quem ela transa.

8. “Ser bi é ser vetor de doenças”

Essa frase costuma ser dita por muitas lésbicas em relação a mulheres bissexuais, pois há ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), como o HIV, que são mais facilmente transmitidas através do sexo entre uma mulher e um homem ou entre dois homens.

Mais uma vez, esse pensamento relaciona-se com a ideia de que bissexuais são promíscuos e, portanto, descuidados quando o assunto é sexo. Só que com essa afirmação, é importante se questionar: por que a orientação sexual é o fator decisivo sobre alguém ser cuidadoso ou não? Definitivamente não é.

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